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Festival do Rio 2017: Em O Animal Cordial, brasileira estreia na direção de longas-metragens com filme de terror 'gore'

Todo mundo é 'bandido' na ficção que acompanha o assalto a um restaurante, acredita elenco estelar com Murilo Benício, Luciana Paes, Camila Morgado, Irandhir Santos, Humberto Carrão.

12 out 2017 - 02h16
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Para sua estreia na direção de um longa-metragem, Gabriela Amaral Almeida escolheu uma história de horror, um thriller recheado de tintas gore. Em O Animal Cordial, Murilo Benício vive o dono de um restaurante que tem que proteger clientes e funcionários quando o estabelecimento é invadido por assaltantes. Será mesmo? Seria ele o "animal cordial" do título?

Foto: AdoroCinema / AdoroCinema

"O Inácio é excessivamente normal", conta o ator na estreia do filme no Festival do Rio, na noite da última terça-feira, 10. "Mas até onde o 'normal' do humano pode aguentar?", provoca ele. A companheira de elenco, Camila Morgado, que interpreta uma dondoca, cliente do restaurante, opina: "no fundo, eu acho que, nesse filme, todo mundo é bandido".

Para a atriz, a partir do gatilho do assalto, todos os personagens começam a mostrar o pior que cada um traz em si. "O sobrenatural não está fora, está dentro de você mesmo", ela define o filme, selecionado para o Fantasia Film Festival, no Canadá, e um dos nove títulos em disputa pelo Troféu Redentor, mostra competitiva do evento carioca. A atualidade do longa, segundo Morgado, estaria exatamente nessa representação das discussões acaloradas que vêm pautando os debates no noticiário.

Os protagonistas Murilo Benício e Luciana Paes.

"Pra ficção competir com o que está acontecendo, a gente tem que dar uma reforçada nessas cores", conceitua a diretora, constante colabora de Marco Dutra e Juliana Rojas, dupla que vem se destacando no cinema de gênero no Brasil. "O gore é um gênero violento, que tende a trabalhar com a coisa gráfica do sangue, da morte, e isso não está associado culturalmente ao feminino. Uma opinião de que eu discordo completamente", ela completa.

"O filme lida com essas questões do feminino e do masculino, do 'príncipe encantado'", analisa Luciana Paes, de Sinfonia da Necrópole, coprotagonista de O Animal Cordial ao lado de Benício. "É um pouco do que acontece com a violência doméstica", ela vai além, sobre sua personagem, a garçonete Sara, que nutre um amor platônico pelo patrão.

E fica difícil falar em "mocinho e bandido" nessa trama. "Essas ideias pré-estabelecidas de quem está do lado do bem e quem está do lado do mal, isso é completamente falho a partir da primeira faísca", diz Humberto Carrão, na pele de um dos assaltantes, "que está longe de ser o pior bandido do filme", alfineta. No papel do cozinheiro - e com um trabalho de caracterização muito simbólico -, Irandhir Santos sela a panela: "na nossa sociedade, o medo virou uma preciosidade a ser vendida".

O Animal Cordial ainda não tem data de estreia nos cinemas brasileiros.

AdoroCinema
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