"Deveria ter uma lei", diz Elymar Santos sobre sambas-enredos em rádios
Com uma longa carreira, o cantor Elymar Santos decidiu se aventurar no mundo das composições de sambas-enredo, disputando a escolha do hino de sua escola do coração, a Imperatriz Leopoldinense, para 2014. Logo em sua primeira experiência, foi bem-sucedido, e sua parceria representará o enredo que homenageia o ex-jogador Zico na Marquês de Sapucaí. Todo o processo foi definido pelo cantor como a emoção mais difícil que viveu na vida, em que ele ficou dias sem dormir e chegou a emagrecer sete quilos.
Passada a fase de definições do samba, a Imperatriz se prepara para o desfile marcado para 3 de março, justamente na data em que Zico nasceu. Elymar lamenta que os sambas-enredo sejam mal divulgados hoje em dia, e cobrou que as rádios do Rio de Janeiro sejam obrigadas a tocar as composições escolhidas pelas agremiações carnavalescas. Para ele, atualmente os sambas chegam praticamente desconhecidos à avenida pelo público em geral.
“Deveria ter uma lei que fizesse com que as rádios tocassem mais os sambas-enredo, para o Rio deixar de ser Bahia. Axé é legal, mas deixa para o Carnaval da Bahia. Precisamos valorizar a música do nosso estado, fazemos o maior Carnaval do mundo. Antigamente a escola passava na avenida, e todo mundo cantava. Hoje, não se lembra o samba do ano passado”, afirmou, durante evento que marcou o lançamento do CD com os sambas-enredo das escolas do Grupo Especial do Carnaval carioca.
Elymar conta que sempre foi convidado a compor para a Imperatriz nos últimos 25 anos. O cantor lembra que costumava negar, sem nem pensar duas vezes. “Nunca quis fazer, por ter uma carreira já determinada, definida. Sou de um momento em que o compositor descia do morro para fazer samba na quadra. Trazia isso comigo, sempre achei que o Carnaval é o momento para esse compositor, que espera o Carnaval. Sempre usei esse argumento para dizer não”, explica.
Com o aumento da participação do número de compositores com carreiras já consagradas comercialmente, como Arlindo Cruz e Dudu Nobre, Elymar comenta que foi “encostado na parede” e se viu sem possibilidade de recusar. Além disso, o enredo sobre o maior ídolo da história do Flamengo atraiu o cantor, que diz sempre ter se identificado com a história do ídolo do futebol.
“O enredo ajudou muito. Sou flamenguista mas, acima de tudo, independente de Flamengo, me vejo muito na história dele. Aquela coisa de menino do subúrbio que foi à luta e venceu. Já fui enredo de escola cinco vezes (duas no Rio e três em São Paulo). Sei a sensação de ser homenageado. Então, fiz um samba para ele como se estivesse fazendo para mim”, comentou.
Dudu Nobre também estreia na composição de sambas-enredo
Outro marinheiro de primeira viagem na composição de sambas-enredo é o cantor Dudu Nobre. Foi a primeira disputa dele, justamente por sua escola do coração, a Mocidade Independente de Padre Miguel. Com um samba bastante elogiado pela crítica, Nobre salienta que decidiu concorrer para tentar resgatar torcedores da Mocidade que estavam afastados da agremiação devido aos problemas que vinham sendo enfrentados. Com caixa baixo, a Mocidade vem amargando colocações ruins na classificação final dos últimos carnavais. Em 2013, a verde e branco de Padre Miguel ficou em penúltimo lugar, escapando por pouco do rebaixamento.
“Decidi concorrer para tentar unir a escola novamente. A intenção é resgatar o orgulho do componente da Mocidade. Acho que estamos conseguindo. A escola está muito esperançoso, sinto um clima muito legal de novo”, afirmou Nobre.
Segundo ele, a composição fluiu de firma “natural” e foi definida em poucos encontros entre os responsáveis. Dudu Nobre aproveitou para elogiar os sambas apresentados pelas demais escolas para o Carnaval de 2014.
“É uma boa safra, tem grandes sambas. Nosso samba é muito bom, Salgueiro, Portela e Mangueira também têm grandes sambas. Acho que vai ser um Carnaval maravilhoso”, ressaltou.
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