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Ary França detona falta de apoio à cultura: Governo ridículo

Ator vê streaming como saída para a arte nacional: “Como o serviço vem de fora, não pega a nossa confusão aqui, esse imbróglio ideológico”.

20 set 2019 - 17h24
(atualizado às 18h23)
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O ator Ary França acredita que fazer arte no Brasil tem sido uma tarefa árdua. Segundo ele, o período de recessão (iniciado em 2014), já havia sido um marco negativo para quem vive da cultura, mas as atuais medidas propostas por gestores públicos e representantes de instituições culturais endurecem ainda mais a execução das produções nacionais.

“Está difícil porque as estatais, como a Petrobras, deixaram de investir no setor. O cinema sentiu essa sangria, a Ancine (Agência Nacional do Cinema) agora ‘fechada’... Isso tudo não vai abrindo caminhos para o fazer artístico. Pelo contrário, vai só fechando. A recessão já era uma coisa que estava nos maltratando, mas agora temos ainda a falta de apoio desse governo ridículo. Falta de apoio, não. A falta total de ciência que esse povo tem do que é arte”, avaliou o ator, em entrevista ao Terra.

Ator Ary França na pele de Dorival, em Morde e Assopra, da Globo
Ator Ary França na pele de Dorival, em Morde e Assopra, da Globo
Foto: TV Globo / João Miguel Júnior / Divulgação

No sentido oposto ao corte orçamentário e ao endurecimento da vigilância para o que é produzido, França destaca a consolidação dos serviços de streaming como uma saída para a arte nacional. “Eu estou pagando os últimos boletos graças ao streaming. Acho que mudou todo o panorama. E como a Netflix, a Amazon e outras vêm de fora, não pegam a nossa confusão aqui. Esse imbróglio ideológico. Passam ao largo disso e vieram salvar tudo”, acrescentou o ator, que teve no streaming seu recente trabalho mais importante. Na série Samantha! (2018), ele interpretou o personagem Zé Cigarrinho, melhor amigo da protagonista homônima à produção.

Segundo o ator, medidas como a proposta pela Vivo, de reinagurar um espaço como o Teatro Vivo, são um respiro para a arte. “O governo faz uma propaganda contrária e afasta investimentos para o setor. Isso vai nos atrapalhando porque as pessoas depois ficam ‘assim’ para investir. Ainda bem que aqui tivemos duas empresas fortíssimas. Uma estatal (Banco do Brasil) e a Vivo, que é uma privada, insistindo na arte”, disse, durante a reinauguração do Teatro Vivo, na noite de quinta-feira 19, na Av. Dr. Chucri Zaidan, Morumbi, em São Paulo.

No espaço, a atriz Denise Fraga estreou o novo palco com o monólogo “Eu de Você”, texto que reúne histórias e dramas de pessoas reais. Para o ator, colega de profissão se saiu muito bem. “Apresentar um monólogo é muito difícil. Você não tem onde se escorar. Mas a Denise tem uma coisa muito legal: a conexão com a alma dela, com o sentimento dela. É ali onde ela se escora. Então, para mim é uma lição. Porque ela está muito conectada com a verdade, com a fé que ela tem no teatro, com o amor que ela tem pelo público. Isso é o grande trunfo da Denise”, avaliou Ary França, que recomenda o espetáculo. “É absolutamente incrível, ninguém deve perder.”

Novos ares

Este ano, Ary França volta aos cinemas com o filme “45 do Segundo Tempo”, dirigido por Luiz Villaça. No longa sobre o reencontro de amigos de longas datas, ele contracenará com Tony Ramos e Cássio Gabus Mendes. “O trio é quase que ‘caros amigos’, sabe? São três 'veinhos' que vão atrás do seu passado para recuperar algumas coisas. Disso, sai uma comédia um pouco trágica, mas não muito”, detalhou. 

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Fonte: Redação Terra
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