Serviços prometem eliminar da web conteúdos indesejáveis

Controlar o que falam sobre você ou sua empresa na internet não é um trabalho fácil. De olho em potenciais clientes preocupados com sua imagem na web, empresas já oferecem serviços que prometem apagar conteúdos negativos sobre marcas ou pessoas.

Companhias como a norte-americana Abine prometem tornar a web um ambiente mais seguro e protegido dos curiosos virtuais. A empresa oferece serviços de eliminação de dados e controle de privacidade. Entre as ferramentas disponíveis estão o Delete Me, que garante remover o nome do cliente dos 50 maiores sites coletores de dados pessoais, reduzindo assim o número de spams e ligações indesejadas, e o PrivacyWatch, que controla todas as mudanças na política de privacidade da rede social Facebook. Os serviços têm um custo de US$ 99 (R$ 201,26) e US$ 10 (R$ 20,33) anuais por cliente, respectivamente, segundo o site da empresa.

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O serviço de limpeza de dados e maior controle das informações veiculadas na internet tem encontrado, especialmente nos Estados Unidos, um mercado em constante crescimento. Apenas nos últimos 12 meses, a clientela da norte-americana Reputation.com, que também oferece opções de controle de dados e privacidade online, triplicou. A empresa não divulga o número de clientes que utilizam seus serviços. "Pessoas e empresas nos procuram para garantir que o que é dito sobre deles online reflete quem eles são pessoal e profissionalmente. Mas um comentário desagradável ou uma foto inapropriada pode se espalhar como uma bola de fogo pelas plataformas online e, por isso, se tornou muito importante para empresas, donos de pequenos negócios e indivíduos proteger suas reputações na internet", afirma a assessora de imprensa da Reputation.com, Sunshine Mugrabi.

A Reputation.com oferece opções especiais para empresas e pessoas físicas, como a eliminação de informações negativas e destaque para as positivas nas páginas de busca (a partir de US$ 49, ou cerca de R$ 99). Para pacotes de controle e eliminação de dados negativos, o valor anual varia de US$ 99 (cerca de R$ 200), voltado para usuários com pouca visibilidade online, até US$ 5 mil (ou cerca de R$ 10,1 mil), mais indicado para usuários com maior visibilidade. "Existem poucas leis e nenhuma maneira fácil de se prevenir contra ataques virtuais, e a Reputation.com utiliza tecnologias voltadas para mostrar uma imagem positiva de um indivíduo ou de uma empresa, e oferece aos usuários o controle de como e quando informações sobre eles serão disseminadas na internet", explica Sunshine.

Segundo a assessora da Reputation.com, grandes companhias, empresários com concorrência acirrada e celebridades exigem atenção especial. "Para empresários, pode haver todo o tipo de problemas; um concorrente pode postar comentários negativos sobre ele. Assim, diferentes modelos de serviços serão mais apropriados para clientes específicos. Celebridades, por exemplo, exigem atenção diária, porque há muita informação sobre elas na internet", cita.

Esse tipo de serviço ainda é raro no Brasil. Para especialistas, a razão está na diferença em relação aos Estados Unidos no que diz respeito à preocupação com a privacidade online e à legislação sobre a internet. "No Brasil, só é possível retirar um conteúdo do ar em casos de difamação e calúnia, através de um advogado. Já nos Estados Unidos é diferente: o setor jurídico deles é mais maduro para esse tipo de caso", comenta o consultor de segurança da informação Gilberto Sudré, acrescentando que os norte-americanos acumulam mais tempo de uso da rede e têm advogados mais habituados a esse tipo de questões legais. "Isso aliado a uma maior consciência das pessoas, dá um retorno maior para esse tipo de serviço", ressalta Sudré, que afirma não conhecer nenhuma empresa brasileira que ofereça os mesmo serviços da Abine e da Reputation.com.

O analista de sistemas Roberto Magalhães também destaca a diferença entre casos jurídicos envolvendo a internet no Brasil e nos Estados Unidos como possível causa do baixo interesse pelo serviço de eliminação de dados na internet, e acredita que, mesmo nos Estados Unidos, esse tipo de ferramenta não interessa para grande parte dos internautas. "Além de pessoas públicas e grandes marcas, a maioria dos usuários não acredita que valha o custo e o esforço. Mas as empresas sim, pois elas valem muito dinheiro, e por isso vigiam tudo o que é dito a seu respeito na rede", analisa.