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Rastros da covid permanecem no sangue por até 14 meses

Após analisar amostras de sangue de pacientes que se recuperaram da covid, cientistas descobriram a estranha presença de partículas virais após 14 meses

30 abr 2024 - 18h27
(atualizado às 21h57)
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Nos Estados Unidos, cientistas da Universidade da Califórnia e Escola Médica de Harvard descobriram que, após a covid-19, algumas partículas virais do coronavírus SARS-CoV-2 podem ser encontradas no sangue por até 14 meses. Muito possivelmente, esses fragmentos têm relação com a covid longa, ou seja, os sintomas duradouros da doença, como fadiga e névoa mental.

Foto: ANIRUDH/Unsplash / Canaltech

"Os sintomas persistentes entre alguns indivíduos que desenvolvem a covid-19 levaram à hipótese de que o SARS-CoV-2 pode, de alguma forma, persistir por longos períodos após a infecção aguda", afirmam os autores, em artigo publicado na revista The Lancet Infectious Diseases.

De fato, as análises do plasma de pessoas que tiveram a covid-19 confirmam esta ideia, indicando que partículas virais resistem no sangue. No entanto, ainda não se sabe como estão relacionadas.  

Partículas virais da covid-19 

No estudo, os pesquisadores norte-americanos analisaram amostras congeladas de plasma de 171 adultos que tiveram covid-19 — o sangue foi coletado em outra pesquisa, durante o ano de 2020. Estas amostras foram obtidas em três períodos diferentes: 3-6 meses, 6-10 meses e 10-14 meses após a fase aguda da doença. Isso gerou um total de 660 amostras.

Partículas virais da covid-19 são encontradas no sangue após 14 meses da infecção original (Imagem: Abdelrahman_El-masry/Envato)
Partículas virais da covid-19 são encontradas no sangue após 14 meses da infecção original (Imagem: Abdelrahman_El-masry/Envato)
Foto: Canaltech

Segundo os pesquisadores, 42 pessoas (25% dos recrutados) tinham partículas virais em pelo menos uma das amostras. Nos casos extremos, essa recorrência durou 14 meses. A partícula viral mais comum foi a proteína Spike (S), encontrada na membrana do vírus.

"Nossos dados fornecem fortes evidências de que o SARS-CoV-2, de alguma forma, persiste por até 14 meses após a infecção aguda", explicam os pesquisadores. Entre as possíveis explicações para este fato, está a possibilidade de que existam reservatórios virais, escondidos do sistema imune, que mantêm a produção do vírus — ainda faltam encontrar esses reservatórios, mas as pistas deles já foram localizadas. 

Além disso, o que os cientistas descobriram é que, quanto mais grave foi uma infecção, maiores são as chances da pessoa apresentar essas partículas virais resistentes no sangue. Por exemplo, o risco é maior naqueles que foram hospitalizados. Estes também têm mais chances de desenvolverem a covid longa.

Causa da covid longa?

Em relação a possível ligação com a covid longa, os autores afirmam que "essas descobertas motivam uma demanda de pesquisa urgente sobre as manifestações clínicas da persistência do SARS-CoV-2, especificamente se ela está causalmente relacionada a sintomas crônicos pós-agudos (por exemplo, fadiga, dor e dificuldade cognitiva) ou a complicações incidentes discretas (por exemplo, eventos cardiovasculares)".

Risco para a saúde

É interessante observar uma das limitações do estudo: o período de coleta das amostras. Em 2020, ninguém tinha sido vacinado e as pessoas foram expostas pela primeira vez ao vírus da covid-19 — reinfecções ainda não eram comuns, como se tornaram ao longo da pandemia.

Isso significa que as descobertas associadas com as partículas virais e a possível relação com a covid longa pode não ser mais tão frequente no presente. Como a maior parte da população têm defesas contra o vírus da covid-19, a doença pode se comportar de forma diferente, o que indica a necessidade de estudos complementares.

Fonte:  The Lancet Infectious Diseases   

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