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Múmias acidentais causam crise em cemitérios de Portugal

Uma onda de corpos que misteriosamente não se decompõem como o esperado tem chocado cientistas e administradores de cemitérios em Portugal

3 nov 2022 - 15h28
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Administradores de cemitérios estão encontrando corpos mumificados e não sabem o que fazer
Administradores de cemitérios estão encontrando corpos mumificados e não sabem o que fazer
Foto: Elinar Storsul / Unsplash

Uma onda de corpos que misteriosamente não se decompõem como o esperado tem chocado cientistas e administradores de cemitérios em Portugal. Em vez de se tornarem esqueletos, os cadáveres estão naturalmente virando múmias.

De acordo com leis locais, corpos precisam ser exumados para que os restos mortais possam ser colocados em espaços menores e assim economizar espaço. Entretanto, muitos corpos acidentalmente entraram em processos similares ao de mumificação e simplesmente não apodrecem — e ninguém sabe realmente o porquê.

Cientistas agora lutam contra o tempo para entender por que os corpos não seguem as etapas esperadas de decomposição, causando um verdadeiro problema logístico na administração de lápides e um desgaste emocional a famílias que têm que ter seus entes queridos desenterrados e enterrados diversas vezes.

Um levantamento dos cemitérios do Porto, a segunda maior cidade de Portugal, descobriu que 55% a 64% dos corpos entre 2006 e 2015 não foram totalmente decompostos após a primeira exumação.

Paulo Carreira, proprietário da funerária e executivo-chefe da associação funerária nacional de Portugal, disse ao portal Insider que as famílias costumam lidar bem com a primeira vez, mas as repetidas descobertas podem causar muitas chateações.

Em alguns casos, pode levar décadas de repetidos enterros e reenterros até que o corpo chegue a um local de descanso final, segundo o administrador.

Cientistas ainda estão no escuro

A mumificação ocorre, em termos gerais, quando é impedida a ação de bactérias e fungos decompositores. Isso pode acontecer em lugares muito frios, quentes ou secos, já que a falta de água é um dos principais obstáculos à ação de tais organismos.

Um grupo de cientistas liderado por Angela Silva-Bessa, doutoranda em toxicologia pela Universidade de Coimbra, tem tentado entender por que isso está acontecendo com os corpos em Portugal, mas as evidências ainda são poucas.

Com o consentimento das famílias, o grupo coletou amostras de corpos e do solo ao redor deles em cinco cemitérios. 

"É bastante surpreendente", disse ela, ao Insider. "Na mesma seção do cemitério, tenho diferentes estágios de decomposição."

Enquanto alguns corpos estão totalmente esqueletizados, outros ainda estão em decomposição, enquanto certos corpos estão totalmente mumificados. "Mesmo no mesmo corpo, posso ter todo o corpo esqueletizado, a área da pélvis em putrefação e as mãos mumificadas", disse.

O grupo de cientistas testou oito propriedades do solo que podem afetar a decomposição, incluindo temperatura, acidez, umidade, densidade, contaminação por metais pesados e matéria orgânica, mas, até agora, não encontrou muitos avanços. 

"Sinceramente, pensei que pelo menos encontraria uma relação entre as propriedades do solo e o estado da composição do corpo, e não encontrei", disse Bessa.

O próximo passo da pesquisa será testar se as substâncias que as pessoas tomaram na vida, como fumar ou tomar certos medicamentos, podem ser um fator.

Fonte: Redação Byte
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