Meta compra startup Limitless, de pingentes inteligentes, e reforça aposta em vestíveis de IA
Aquisição acontece em meio ao sucesso do Ray-Ban Meta e redução de recursos ao metaverso
A Meta confirmou nesta sexta-feira, 5, a compra da Limitless, startup especializada em dispositivos vestíveis equipados com inteligência artificial. A aquisição reforça a guinada estratégica da companhia de Mark Zuckerberg, que vem ampliando investimentos em hardware de IA ao mesmo tempo em que reduz recursos direcionados ao metaverso.
O impulso da Meta nesse segmento se apoia no desempenho comercial dos Ray-Ban Meta, que ultrapassaram 2 milhões de unidades vendidas globalmente desde o lançamento em 2023, segundo a EssilorLuxottica, proprietária da Ray-Ban. Nos Estados Unidos, o preço inicial parte de US$ 299, enquanto no Brasil o modelo mais recente chegou ao varejo por cerca de R$ 3.299.
A negociação, cujo valor não foi revelado, foi anunciada primeiro pelo CEO da Limitless, Dan Siroker, em um comunicado publicado no site da empresa. No texto, ele afirmou: "A Meta anunciou recentemente uma nova visão para levar superinteligência pessoal a todos, e uma parte fundamental dessa visão é construir vestíveis incríveis habilitados por IA. Nós compartilhamos essa visão e vamos nos juntar à Meta para ajudar a tornar nossa visão compartilhada realidade."
A Meta, por sua vez, confirmou a integração da equipe da startup à divisão responsável pelo desenvolvimento de novos dispositivos inteligentes.
A compra acontece poucos dias após a Meta contratar Alan Dye, veterano do time de design da Apple, em um movimento interpretado como uma tentativa de fortalecer a criação de dispositivos de próxima geração. A expectativa é que a Limitless contribua com sua experiência técnica na construção de novos produtos voltados para consumidores.
Fundada originalmente como Rewind, a Limitless ficou conhecida pelo Pendant, um acessório em formato de pingente capaz de registrar conversas e criar transcrições pesquisáveis por meio de um aplicativo. A proposta é integrar essas gravações ao cotidiano, funcionando como um assistente de memória e produtividade. A startup já havia captado mais de US$ 33 milhões com investidores como Sam Altman, da OpenAI, e o fundo de capital de risco Andreessen Horowitz.
Com a aquisição, no entanto, vários produtos deixarão de ser comercializados. A empresa anunciou que interromperá as vendas para novos clientes e descontinuará ferramentas como o Rewind e os recursos de gravação presentes nos aplicativos Desktop e Web. Usuários atuais continuarão tendo suporte por pelo menos mais um ano, e o plano ilimitado da plataforma será gratuito para essa base.
A mudança inclui também novos termos de privacidade, que deverão ser aceitos por quem quiser manter o uso dos serviços já contratados. A empresa argumenta que a revisão é necessária para alinhar as práticas ao ecossistema da Meta.
O movimento da gigante das redes sociais ocorre em um momento em que ela abre espaço, dentro de seu Reality Labs, para priorizar óculos inteligentes e outros wearables movidos por IA. Na quinta-feira, 4, um porta-voz afirmou ao Wall Street Journal que "dentro do portfólio do Reality Labs, estamos deslocando parte do investimento do metaverso para óculos e vestíveis de IA, dada a tração que estamos vendo nessa área."
A Meta já mantém parcerias com marcas como Ray-Ban e Oakley, da EssilorLuxottica, para produzir óculos inteligentes com recursos baseados em IA. A incorporação da Limitless deve fortalecer essa estratégia, especialmente no desenvolvimento de dispositivos capazes de lidar com tarefas do dia a dia de forma autônoma.