Golpes no Pix: veja os novos esquemas e saiba como evitar perder dinheiro
Especialista explica as táticas dos criminosos e oferece guia para proteger suas transações
À medida que mais pessoas passam a realizar transações por pix, os golpes envolvendo a modalidade começam a se popularizar. Criminosos utilizam a rapidez do sistema para aplicar diversas fraudes, exigindo atenção redobrada dos usuários.
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Advogado especialista em Direito do Consumidor da Martorelli Advogados, André Pimentel detalha ao Terra os esquemas mais comuns e aconselha sobre as medidas que podem ser adotadas para proteção.
Os esquemas de golpes mais recentes
Segundo o especialista, quatro modalidades de golpe se destacam atualmente:
Golpe da falsa central de atendimento. Nesse tipo de fraude, o criminoso se passa por um funcionário do banco e entra em contato com a vítima por ligação ou mensagem. Ele informa sobre uma suposta movimentação suspeita na conta e, após confirmar dados pessoais para ganhar a confiança do usuário, "orienta a vítima a seguir supostos procedimentos de segurança, incluindo a realização de uma transferência via PIX para uma conta 'segura' que, na verdade, pertence ao próprio golpista", afirma Pimentel. Assim, a vítima, acreditando estar protegendo seu dinheiro, acaba transferindo os valores para o criminoso.
Golpe do WhatsApp. O estelionatário cria uma conta no aplicativo usando o nome e a foto de uma pessoa conhecida da vítima, como um familiar ou amigo próximo. "Ele entra em contato dizendo que trocou de número e, durante a conversa, afirma que está precisando de dinheiro com urgência", explica o advogado. A vítima, por confiar na identidade do contato, realiza a transferência, pensando estar ajudando alguém de confiança.
Golpe do "Phishing". O consumidor é atraído por ofertas enganosas divulgadas em sites ou perfis falsos que se apresentam como lojas ou empresas legítimas. As propostas costumam ser "muito vantajosas, com preços bem abaixo do mercado", de acordo com Pimentel. Interessado pela oferta, o consumidor efetua o pagamento via Pix, mas nunca recebe o produto ou serviço prometido, percebendo a fraude apenas depois.
Golpe do "bug do Pix". Criminosos divulgam nas redes sociais uma falsa notícia de que existe uma falha no sistema do Pix que permite que valores enviados para determinada chave sejam devolvidos em dobro, como se fosse um investimento. "Seduzido pela promessa de retorno rápido, o consumidor realiza a transferência, mas o dinheiro nunca é devolvido", adverte o especialista, explicando que "trata-se de uma armadilha para explorar a boa-fé e, muitas vezes, a ganância da vítima".
Pimentel ressalta que "esses golpes têm se tornado cada vez mais sofisticados e frequentes". Por isso, ele considera "essencial que os usuários do Pix mantenham atenção redobrada e desconfiem de contatos inesperados, promoções exageradas ou promessas de ganhos fáceis".
Como evitar perder dinheiro
Para se proteger dos golpes relacionados ao Pix, o especialista indica a adoção de alguns cuidados simples, porém, segundo ele, eficazes.
O primeiro passo é sempre agir com cautela. "Desconfie de qualquer pedido de transferência via Pix, especialmente se vier de forma inesperada ou com urgência", orienta Pimentel. É muito importante checar a veracidade do contato, seja uma suposta mensagem de banco, de um amigo ou de uma loja online. "O consumidor deve confirmar por outro meio antes de realizar qualquer transação", afirma.
Outro ponto fundamental é conferir com atenção os dados do destinatário antes de confirmar qualquer transferência. "Muitos golpes se aproveitam de distrações, e um simples erro pode levar o dinheiro do consumidor direto para o golpista", informa o advogado.
Além disso, nunca compartilhe senhas, códigos de verificação ou dados bancários com terceiros. O especialista também recomenda evitar clicar em links recebidos por SMS, e-mail ou WhatsApp, especialmente se a origem for duvidosa. "Promoções milagrosas e promessas de dinheiro fácil são quase sempre armadilhas", alerta Pimentel.
Há também cuidados mais avançados que, afirma o advogado, fazem toda a diferença. O consumidor deve sempre utilizar os canais oficiais de contato de bancos e empresas, "nunca confiando em mensagens que oferecem suporte técnico ou atendimento via número desconhecido", pontua Pimentel.
Ele também deve verificar se seu banco oferece ferramentas de segurança adicionais no aplicativo, "como autenticação em dois fatores, alertas de movimentações e até o uso de geolocalização para a aprovação da transferência".
Pimentel aconselha, ainda, a evitar acessar o aplicativo do banco por redes Wi-Fi públicas, pois elas podem ser menos seguras e permitir a invasão da conta. Outra dica importante é usar os limites de transação do Pix disponíveis no aplicativo do banco, "podendo definir valores máximos para transferências e limitar transações para chaves que ainda não foram utilizadas antes". Essas ferramentas, segundo o advogado, "dificultam a ação dos criminosos e ajudam a ganhar tempo em caso de tentativa de golpe".
O que fazer ao ser vítima de um golpe
Caso o consumidor perceba que foi vítima de um golpe por meio do Pix, é essencial agir com rapidez. O advogado orienta as seguintes ações:
Bloquear imediatamente o acesso à sua conta bancária. "O primeiro passo é bloquear imediatamente o acesso à sua conta bancária, o que pode ser feito pelo próprio aplicativo ou entrando em contato com o banco através de seus canais oficiais", explica Pimentel. Essa medida ajuda a evitar novas transações e minimiza os danos.
Em seguida, o consumidor deve entrar em contato com a instituição financeira para relatar o golpe e verificar se o contato que iniciou a fraude era legítimo ou não. "É fundamental que o banco esteja ciente do ocorrido para oferecer o suporte necessário e adotar medidas de contenção, como rastrear e tentar bloquear a movimentação dos valores", afirma.
Também é muito importante registrar um boletim de ocorrência. "Esse documento formaliza a denúncia e permite que as autoridades policiais iniciem uma investigação, o que pode ser essencial tanto para tentar recuperar os valores quanto para evitar que outros consumidores sejam vítimas do mesmo golpe", destaca o advogado.
Além disso, o consumidor pode utilizar um recurso criado especificamente para situações como essa: o Mecanismo Especial de Devolução (MED). Regulamentado pelo Banco Central, "esse mecanismo permite que o banco da vítima solicite o bloqueio dos valores recebidos na conta do golpista, possibilitando uma análise e, em muitos casos, a devolução do dinheiro", informa Pimentel.
Embora o MED não garanta 100% de recuperação, ele "aumenta significativamente as chances de reversão, principalmente quando a denúncia é feita logo após a fraude".
“Ao menor sinal de golpe, a orientação é agir rapidamente: bloqueie a conta, comunique o banco, registre um boletim de ocorrência e peça a ativação do MED. Quanto mais ágil for a reação, maiores são as chances de minimizar ou até reverter o prejuízo”, conclui o especialista.