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Crise dos chips: entenda por que seu celular pode ficar mais caro em 2026

Demanda explosiva por componentes eletrônicos causada pela corrida da IA deve tornar smartphones e outros aparelhos mais caros em 2026

11 dez 2025 - 18h12
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O preço dos smartphones deve subir no mundo inteiro a partir de 2026, inclusive no Brasil. A expectativa é compartilhada por fabricantes, analistas de mercado e consultorias globais, que apontam um fator comum: a crise de memória causada pela explosão da demanda por componentes de hardware para projetos de inteligência artificial. Depois de um ano em que marcas como Samsung, Xiaomi e Motorola conseguiram segurar reajustes, o cenário deixou de ser sustentável.

A pressão vem principalmente da disputa entre o setor de eletrônicos de consumo e as big techs que constroem data centers para IA. Empresas como Nvidia, OpenAI, Google, Meta, Amazon e Microsoft compram memória em volumes gigantescos - dezenas de milhões de unidades - e pagam margens muito superiores às praticadas no mercado de smartphones.

Demanda explosiva por componentes eletrônicos causada pela corrida da IA deve tornar smartphones e outros aparelhos mais caros em 2026
Demanda explosiva por componentes eletrônicos causada pela corrida da IA deve tornar smartphones e outros aparelhos mais caros em 2026
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

O resultado é que fabricantes de DRAM (memória de uso geral, presente em celulares e PCs) e NAND (armazenamento interno, usado em SSDs e nos próprios smartphones) passaram a priorizar servidores e aceleradores de IA, relegando celulares, PCs e consoles a segundo plano.

Esse redirecionamento da capacidade produtiva já provocou uma escalada nos preços. Estimativas de consultorias de mercado mostram altas de 70% a 80% na DRAM ao longo de 2025. Já um relatório citado pelo jornal sul-coreano Chosun Biz aponta aumentos de até 170% em categorias específicas.

A situação se agravou no fim de 2025. Segundo o DigiTimes, os valores negociados nos contratos de fornecimento de DRAM e NAND aumentaram entre 80% e 100% só em dezembro, enquanto chips DDR5 tiveram picos de preço quatro vezes maiores do que no início do ano. Para Gerry Chen, gerente-geral da fabricante de hardware TeamGroup, essa é apenas a "primeira fase" da crise: ele prevê piora no abastecimento ao longo de 2026, com risco de escassez mesmo para empresas dispostas a pagar mais.

O problema é estrutural. A demanda por HBM (a memória usada por aceleradores de IA como os chips Nvidia Blackwell) cresceu tanto que absorve até três vezes mais wafer de silício do que a DRAM tradicional, segundo a empresa de análise de mercado NAND Research. Além disso, Samsung e SK Hynix podem ter comprometido cerca de 40% da produção mundial de DRAM em um acordo para o projeto Stargate, a megaestrutura de data centers de IA envolvendo Microsoft, Nvidia e OpenAI, segundo análise do Tom's Hardware. Isso significa menos capacidade disponível para smartphones, notebooks, consoles e outros aparelhos.

A concentração do mercado ajuda a explicar o impacto. De acordo com a consultoria Counterpoint Research, três empresas - SK Hynix, Samsung e Micron - controlam 93% da oferta global de DRAM. Todas registraram lucros recordes em 2025 e indicaram aos investidores que não pretendem expandir agressivamente a produção no curto prazo.

Ao mesmo tempo, os próprios smartphones exigem mais memória. Com recursos de IA embutidos e a promessa de sete anos de atualizações em modelos Android premium, fabricantes precisam incluir mais RAM para garantir longevidade. O The Verge aponta que apenas os 12 GB de memória de um Samsung Galaxy topo de linha já custam quase US$ 40 a mais do que no ano passado, custo que inevitavelmente é repassado ao consumidor.

Outro componente que pesa no orçamento é o processador. A Qualcomm aumentou em cerca de 20% o preço do Snapdragon 8 Elite Gen 5, que será usado nos celulares topo de linha Android previstos para 2026. Com memória e processador entre os itens mais caros dentro do custo de um smartphone, o reajuste final de preço se torna inevitável.

O efeito dominó já é visível em outras categorias. Dell, Lenovo e HP informaram à Bloomberg que precisarão reajustar seus notebooks entre 15% e 20% em 2026. O Raspberry Pi teve aumentos de US$ 5 a US$ 25. Dados do site PCPartPicker, citados pelo The Verge, mostram kits de RAM DDR5 triplicando de preço entre setembro e dezembro.

No setor de smartphones, a consultoria IDC prevê queda nas vendas em 2026 devido aos preços mais altos. Xiaomi já antecipou ao público que seus aparelhos ficarão "consideravelmente mais caros" no próximo ano.

Rumores publicados em veículos especializados também apontam um freio na evolução anual dos aparelhos. Segundo o Digital Trends, vazamentos sugerem que o Galaxy S26 pode repetir o conjunto de câmeras do S25, uma estratégia atribuída ao aumento dos custos de componentes. Já imagens vazadas e reportadas pelo Android Central indicam que o Google Pixel 10a pode ser muito semelhante ao Pixel 9a, reforçando a expectativa de upgrades mais modestos.

Tudo indica que 2026 marcará o início de um período prolongado de preços altos em eletrônicos. A indústria trabalha no limite da capacidade, impulsionada pela corrida global da IA. Até que novas fábricas entrem em operação, smartphones, PCs e consoles devem continuar mais caros.

Estadão
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