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Colisão de planeta pode ter gerado placas tectônicas da Terra

Cientistas estudam restos de Theia, planeta que colidiu com nosso mundo há mais de 4 bilhões de anos, e seu papel na criação e movimentos das placas tectônicas

15 mai 2024 - 16h15
(atualizado às 21h00)
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Apesar de seu profundo conhecimento sobre o planeta Terra, os geólogos ainda não conseguem explicar algumas coisas, como a movimentação e a origem das placas tectônicas — mas teorias não faltam. Em um estudo recente, a sugestão é de que a crosta teria sido fraturada pelo impacto de um planeta do tamanho de Marte, há 4,5 bilhões de anos.

Foto: NASA/Domínio Público / Canaltech

A pancada astronômica teria sido dada por Theia, que cientistas já teorizaram ser a responsável pela formação da Lua a partir dos escombros ejetados para o espaço. Há, ainda, a possibilidade de que o corpo celeste tenha trazido elementos essenciais para a vida na Terra.

Para confirmar a teoria das placas tectônicas, um pouco mais incerta do que as outras relacionadas a Theia, pesquisadores vasculharam o interior da Terra — buscando fragmentos que lembrassem, em composição, os encontrados na Lua. 

Representação gráfica do processo de criação das placas tectônicas: Thea se chocou com a Terra, seu manto desceu à parte sólida do centro da Terra e voltou a subir por conta do calor (Imagem: Yuan et al./Geophysical Research Letters)
Representação gráfica do processo de criação das placas tectônicas: Thea se chocou com a Terra, seu manto desceu à parte sólida do centro da Terra e voltou a subir por conta do calor (Imagem: Yuan et al./Geophysical Research Letters)
Foto: Canaltech

Theia, o manto e as bolhas

A ideia começou, na verdade, a partir de uma descoberta feita nos anos 1980, quando foram achadas bolhas do tamanho de continentes no manto abaixo do Oceano Pacífico e da África. Anteriormente, se pensava que eram concentrações de calor, oceanos de magma subterrâneos ou antigas placas tectônicas afundadas — algo considerado mais provável do que os restos de Theia.

Pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) ventilaram com mais seriedade a possibilidade dos escombros de Theia serem os responsáveis pela turbulência no manto, dando as condições para a formação da Terra como a conhecemos.

Para isso, foram gerados modelos de como a convecção do manto acontece, mostrando como a subducção — processo onde uma placa tectônica mergulha para baixo de outra — começou, apenas 200 milhões de anos depois do impacto do planeta alienígena no nosso (na escala geológica, é pouco tempo).

Simulação de como a temperatura e viscosidade do manto impactam na litosfera, ou seja, como o calor no centro influencia a crosta da Terra (Imagem: Yuan et al./Geophysical Research Letters)
Simulação de como a temperatura e viscosidade do manto impactam na litosfera, ou seja, como o calor no centro influencia a crosta da Terra (Imagem: Yuan et al./Geophysical Research Letters)
Foto: Canaltech

As simulações mostraram como plumas emergem do manto, fortes o suficiente para enfraquecer a litosfera e iniciar a subducção, criadas pelo aumento da temperatura no centro da fronteira entre manto e núcleo. Isso seria resultado do acúmulo de partes de Theia dentro da Terra. As bolhas também tiveram seu papel, sendo cheias de ferro e com alta densidade.

Segundo o estudo, caso existam relíquias de Theia no interior do planeta, elas provavelmente lembram o conteúdo geológico de Marte, cheio de elementos que produzem mais calor do que o manto no qual estão imersos. Isso geraria as fortes plumas que causam episódios de subducção à medida que a fronteira do núcleo esfria — sugerindo que a dinâmica das placas tectônicas surgiu a partir disso.

Ainda há muita controvérsia sobre o tema, já que outros geólogos preferem a teoria de que a Terra teria esquentado o bastante para expandir a crosta até rachar, ou que a superfície teria sido rasgada pelas forças gravitacionais planetárias.

De qualquer forma, é uma boa chance de estudar mais a fundo os processos antigos relacionados ao interior da Terra, podendo nos dizer cada vez mais sobre o mundo em que vivemos.

Fonte: Geophysical Research Letters

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