Cientistas encontram evidências que último ancestral comum da vida é mais antigo do que estimado
Toda a vida na Terra pode rastrear sua origem até o último ancestral comum universal
O organismo conhecido por dar origem a toda a vida presente na Terra pode ter evoluído muito antes do que se pensava, segundo uma nova pesquisa. O estudo foi publicado na revista científica Nature Ecology & Evolution nesta sexta-feira (12).
Os cientistas acreditam que o organismo evoluiu algumas centenas de milhões de anos após a formação do planeta, e pode ter sido mais sofisticado do que avaliações anteriores sugeriram.
O DNA dentro de todos os organismos vivos hoje, desde o E. coli até as baleias-azuis, possui muitas semelhanças. Cientistas sugerem que é possíve rastrear um último ancestral comum universal (LUCA, na sigla em inglês) que vai até bilhões de anos atrás.
Com o novo estudo, que possui uma abordagem mais ampla, os cientistas encontraram alguns resultados surpreendentes.
"O que estamos tentando fazer é reunir pessoas representativas de diferentes disciplinas para obter uma compreensão holística de quando o LUCA existiu e qual era sua biologia", diz Philip Donoghue, coautor da pesquisa, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, ao portal de notícias NewScientist.
Estimativas
Os genes presentes em todos os principais ramos da vida hoje podem ter sido transmitidos continuamente desde o LUCA, o que ajuda os pesquisadores a identificar quais genes ele possuía. Ao analisar as mudanças nesses genes ao longo do tempo, podemos estimar quando o LUCA viveu.
Na prática, fazer isso é complicado, uma vez que genes foram perdidos, adquiridos e trocados entre os ramos.
O grupo de estudo criou um modelo complexo que leva esse fator em consideração na hora de determinar quais genes estavam presentes no LUCA. "Descobrimos um organismo que era muito mais sofisticado do que muitas pessoas argumentaram no passado", disse o pesquisador, ao portal.
Os pesquisadores estimam que 2600 genes que codificam proteínas podem ser rastreados até o LUCA, enquanto algumas estimativas anteriores miravam em apenas 80.
Outra conclusão da pesquisa foi a que o LUCA viveu cerca de 4,2 bilhões de anos atrás, muito antes de outras estimativas e surpreendentemente próximo à formação da Terra, há 4,5 bilhões de anos.
Uma data mais antiga se deve, em parte, ao que a pesquisa diz ser um método aprimorado. Outro motivo é que, ao contrário de outros, os pesquisadores não presumiram que o LUCA só poderia ter existido após a queda intensa de detritos espaciais na Terra, que potencialmente poderia ter eliminado qualquer vida incipiente.
A pesquisa sugere que o LUCA tinha genes para proteger contra danos causados por UV, e por isso, é mais provável que tenha vivido na superfície do oceano.