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Por que ver eclipse solar pode destruir sua visão sem os devidos cuidados

Veja recomendações da Nasa para proteger seus olhos e as alternativas caso não tenha equipamentos específicos

13 out 2023 - 12h01
(atualizado às 14h16)
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Observação de eclipse solar exige proteção adequada aos olhos, dizem especialistas
Observação de eclipse solar exige proteção adequada aos olhos, dizem especialistas
Foto: National Park Service via Nasa

Um dos fenômenos astronômicos mais esperados de 2023 acontece neste sábado (14). O eclipse solar poderá ser observado em todo o Brasil, sendo o Norte e o Nordeste as regiões que terão a melhor visibilidade para o evento. Nove estados destas regiões poderão ver o eclipse em seu modo anular, que será o mais completo.

O eclipse anular acontece quando a Lua passa entre a Terra e o Sol, cobrindo a maior parte do disco solar e deixando apenas um "anel de fogo" brilhante ao redor da borda.

O fenômeno certamente vai atrair muitos olhares para o céu, mas é preciso cautela para observar o Sol, pois a visualização direta pode causar danos irreparáveis na vista

Em entrevista ao Byte, o presidente da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), Helio Jaques Rocha-Pinto, explica que o modo mais seguro para a observação deste fenômeno é através de filtros especiais para eclipses, que foram adaptados no formato de óculos. 

"Esses filtros eliminam uma fração substancial da radiação solar, tanto no ultravioleta, quanto no visível e infravermelho. Infelizmente não são vendidos diretamente no Brasil. Algumas pessoas se anteciparam e importaram óculos assim, e tem vendido pela internet ou distribuído em grupos de astronomia amadora", disse o presidente da SAB.  

Caso a observação do céu ocorra com o uso de equipamentos, eles também precisam ter filtros adequados, alerta o astrônomo.

"De modo algum uma luneta ou binóculo pode ser apontado para o sol se a pessoa tiver um olho na ocular do equipamento, isso queimaria sua córnea em segundos".  

Observar o Sol diretamente sem proteção adequada pode acarretar sérias consequências para a vista de uma pessoa, alerta Marcelo Cavalcante Costa, oftalmologista e especialista em retina da Maternidade São Luiz Star.

"A exposição os raios solares pode causar danos oculares permanentes devido à intensa luz e ao calor. A retina, em particular, é vulnerável, podendo sofrer queimaduras que resultam em uma condição conhecida como retinopatia solar", diz o oftalmologista. 

"A retinopatia solar pode levar a perda de visão central, deixar a visão embaçada e até mesmo a cegueira permanente", afirma Costa. 

O que não usar em nenhuma circunstância para ver eclipses

  • Óculos escuros;
  • Vidro fumaçado;
  • Negativo de fotografia;
  • Disquete.
Mulher olha para o Sol com binóculos equipados com filtros solares
Mulher olha para o Sol com binóculos equipados com filtros solares
Foto: Ryan Milligan/Nasa

Recomendações da Nasa

Os eclipses solares parciais ou anulares são diferentes dos eclipses solares totais – não há período de totalidade quando a Lua bloqueia completamente a face brilhante do Sol. 

Portanto, a Nasa ressalta que durante eclipses solares parciais ou anulares, nunca é seguro olhar diretamente para o eclipse sem proteção ocular adequada.

"Óculos de sol normais, por mais escuros que sejam, não são seguros para ver o Sol. Os visualizadores solares seguros são milhares de vezes mais escuros e devem cumprir o padrão internacional ISO 12312-2", recomenda a Nasa em um artigo oficial. 

A agência norte-americana também alerta para que não se olhe para o Sol através de lentes de câmera, telescópio, binóculos ou qualquer outro dispositivo óptico enquanto estiver usando óculos para eclipse ou um visualizador solar portátil.

"Os raios solares concentrados queimarão o filtro e causarão lesões oculares graves". 

Alternativas mais seguras

Caso não possua os filtros para eclipse, a melhor forma de observar o Sol é através da projeção da luz do Sol em algum orifício pequeno. A imagem do sol que se forma após passar por esse orifício irá amostrar um sol eclipsado, que é a observação indireta (veja abaixo). 

"Certamente, muita gente tentará usar o que tem à mão, hoje consideramos que certos materiais não são muito seguros. Se são os únicos que estão disponíveis, é preciso tomar cuidado de não usá-los continuamente por vários minutos seguidos", diz Rocha-Pinto. 

O astrônomo diz que chapas de raios-x podem ser combinadas para aumentar a opacidade. De preferência, três camadas de chapa, na parte mais escura. Mas, ressalta que não pode ser usada seguidamente em uma longa observação, apenas para olhar rapidamente e descansar a visão em seguida.

Ele acrescenta que máscaras de soldador podem ser úteis, pois são feitas para bloquear luz intensa.

Observação indireta

Observação indireta pode ser alternativa mais segura para ver eclipses solares
Observação indireta pode ser alternativa mais segura para ver eclipses solares
Foto: Joy Ng via Nasa

Se você não tiver óculos para eclipses ou um visualizador solar portátil, a Nasa recomenda o método de visualização indireta, que não envolve olhar diretamente para o Sol. 

Um método conveniente para visualização segura do Sol parcialmente eclipsado é a projeção pinhole. 

Com o Sol atrás de você, passe a luz solar através de uma pequena abertura (por exemplo, um buraco feito em um cartão) e projete uma imagem solar em uma superfície próxima (por exemplo, outro cartão, uma parede ou o chão). 

Um escorredor de macarrão é um excelente projetor pinhole, assim como um chapéu de palha ou qualquer outro objeto com vários furos pequenos. 

"Você não precisa de nenhum equipamento especial para fazer isso! Basta cruzar os dedos estendidos e ligeiramente abertos de uma mão sobre os dedos estendidos e ligeiramente abertos da outra. Depois, de costas para o Sol, observe a sombra de suas mãos no chão", explica a Sociedade Astronômica Americana (AAS).

Em seguida, os pequenos espaços entre os dedos projetarão uma grade de pequenas imagens no chão. 

"Durante as fases parciais de um eclipse solar, estas imagens revelarão a forma crescente do Sol. Durante a fase anular de um eclipse solar anular, as imagens projetadas serão pequenos anéis", explica a AAS.

Projeção mostra como funciona a observação indireta de um eclipse
Projeção mostra como funciona a observação indireta de um eclipse
Foto: American Institute of Physics

Horário do eclipse solar

Segundo o Observatório Nacional, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o eclipse deve começar por volta das 15h. Em parceria com entidades estrangeiras, o Observatório vai transmitir o fenômeno pelo YouTube durante toda sua ocorrência, mesmo em outros países, a partir das 11h30.

A anularidade (formação de um "anel de fogo" ao redor da Lua) será visível em dez países: Estados Unidos, México, Belize, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia e Brasil. Em outras partes das Américas - do Alasca à Argentina - será possível ver um eclipse parcial. Daí o fenômeno ter ganho, nesta ocasião, referência às Américas em seu nome.

O eclipse vai começar às 11h30 (horário de Brasília), na costa oeste dos Estados Unidos. Como será amanhecer lá, o Sol ainda vai estar abaixo do horizonte. Depois, o eclipse vai seguir pela América Central e Colômbia.

Deve chegar ao Brasil por volta das 15h e seguirá até o pôr-do-sol, por volta das 18h (de Brasília). A faixa de anularidade vai passar por nove Estados: Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Tocantins, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Só duas capitais poderão ver a anularidade: Natal (Rio Grande do Norte), onde o auge do eclipse deve ser às 15h45, e João Pessoa (Paraíba), onde o auge vai acontecer um minuto depois, às 15h46.

As primeiras cidades brasileiras a ver o eclipse anular em seu auge ficam no Amazonas - em Tefé, por exemplo, o auge será às 15h11. Essas previsões são da Nasa, a agência espacial norte-americana.

No restante do Brasil, será possível ver um eclipse parcial. Na cidade de São Paulo, por exemplo, o eclipse deve começar às 15h40, terá seu auge às 16h49 e vai terminar às 17h50. Nas demais cidades paulistas, a diferença de horários deve ser de apenas alguns segundos.

O eclise poderá ser acompanhado ao vivo pelo vídeo abaixo: 

Fonte: Redação Byte
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