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Pinturas rupestres de araucárias são encontradas pela 1ª vez na história

Em Piraí do Sul (PR), foram encontradas as primeiras representações rupestres de araucárias, feitas pelos povos originários até 3 mil anos atrás

14 fev 2023 - 16h14
(atualizado às 19h14)
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Cientistas brasileiros encontraram, em Piraí do Sul (PR), as primeiras representações rupestres de araucária do mundo, feitas por povos originários há centenas ou mesmo milhares de anos. A espécie, cujo nome científico é Araucaria angustifolia, tem ancestrais que remontam à época dos dinossauros, tendo surgido na forma que conhecemos hoje há poucos milhares de anos.

Localizada nos Campos Gerais, a rocha pintada fica na chamada Escarpa Devoniana, formação geológica que inclui Área de Proteção Ambiental (APA) rica em objetos de estudo para os pesquisadores, especialmente no que tange à biodiversidade.

Foto: Gups/UEPG / Canaltech

Os responsáveis pela descoberta estão no Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (Gupe) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), e publicaram um artigo detalhando tudo isso na revista científica Caderno de Geografia, da PUC Minas.

Importância das araucárias rupestres

O achado é descrito como emocionante, já que a representação rupestre era inédita e tem muita importância simbólica. A araucária é o símbolo do estado do Paraná, mas também representa uma espécie em risco de extinção e oferece não só beleza, como também uma iguaria: o pinhão.

Agora, há uma série de perguntas que poderão ser feitas a partir da descoberta. A primeira diz respeito à conexão dos povos originários à árvore, já que foi importante ao ponto de ser interpretada e representada por eles em pinturas. Foram 13 aparições da araucária e 20 figuras antropomórficas desenhadas nos troncos, provavelmente a primeira representação de um grupo de pessoas colhendo sementes no Brasil. Resta descobrir qual espécie realmente aparece nos galhos.

Outra questão é a dispersão da planta pelos povos originários durantes os últimos milhares de anos. Segundo o estudo do Gupe, os possíveis protagonistas estariam na etnia Macro-Jê, grupo linguístico de povos como os Kaingang e os Xokleng, que habitaram o Paraná há ao menos 3 mil anos. Embora não tenha sido possível realizar a datação das pinturas rupestres, elas podem ser ligadas, cronoculturalmente, à etnia.

Descobertas que estão por vir

Caso a hipótese se concretize, pode ser que descubramos ter a araucária na região muito antes do que se imaginava, já que, atualmente, acredita-se que a espécie só se espalhou realmente nos Campos Gerais há 1,4 mil anos, em média. Tudo dependerá de datações futuras e associações histórias aos povos que habitaram a região.

As representações rupestres estavam em deterioração considerável, necessitando da ajuda de softwares de imagens para definir os limites das pinturas em alguns casos. Com estudos mais profundos, será possível descobrir mais sobre os desenhos, especialmente na área da paleobotânica. Figuras antropomórficas ou zoomórficas mostradas subindo as árvores, por exemplo, poderão ser desvendadas — além dos humanos, há animais que podem estar representados, como os bugios da região.

As pinturas rupestres já estão em uma área protegida, já que a APA da Escarpa Devoniana é tombada, mas os membros do Gupe planejam ações com órgãos de gestão e fiscalização, como o Ibama e o Ministério Público, para melhorar os padrões ambientais locais, já rígidos por conta do tombamento.

Junto às expedições na Escarpa, os pesquisadores também estão desenvolvendo atividades de educação patrimonial na região.

Fonte: Caderno de Geografia via Plural

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