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Revista usa tinta misturada a sangue com HIV para publicação

Intenção é de lutar contra os "medos irracionais" e o "estigma" social que ainda rodeia a vida de quem vive com o vírus da aids

17 mai 2015 - 06h29
(atualizado às 07h43)
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Revista foi publicada com a ajuda de pesquisadores, para garantir a segurança dos leitores
Revista foi publicada com a ajuda de pesquisadores, para garantir a segurança dos leitores
Foto: Time.com / Reprodução

Uma revista austríaca imprimiu sua mais recente edição usando sangue de três pessoas soropositivas como um ato simbólico para lutar contra "medos irracionais" e o "estigma" social que ainda rodeia a vida de quem vive com o vírus da aids.

A revista Vangardist lançou este mês uma edição limitada de três mil exemplares impressos com tinta misturada a 150 mililitros de sangue doado por três portadores de HIV. Cada exemplar, dedicado a "homens progressistas, curiosos e de mente aberta", traz textos em inglês e alemão, e é vendida por 50 euros (R$ 170).

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O dinheiro arrecadado com a venda deste número especial será doado a projetos destinados aos pacientes afetados pelo vírus. Para o leitor, a revista é totalmente segura e não apresenta qualquer risco de contágio.

"Queríamos enviar uma mensagem contra o estigma porque depois de 30 anos de pesquisa, a medicação agora é muito boa, mas o estigma ainda é um peso para as pessoas que têm o vírus e isso pode ser visto em certos comentários sobre a nossa campanha. Alguns pensam que podem se infectar com a revista, nos chamaram de assassinos, como se quiséssemos matar alguém", disse à Agência Efe Julian Wiehl, fundador e diretor da Vangardist.

Há muito tempo se sabe que o HIV morre com rapidez fora do corpo e só pode ser transmitido por contato direto com fluidos corporais, principalmente no sangue e no sêmen.

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Além disso, para garantir a plena segurança para os leitores, os responsáveis da revista receberam orientação de médicos e cientistas das universidades de Harvard (Estados Unidos) e de Innsbruck (Áustria).

Os pesquisadores de Innsbruck esterilizaram o sangue e voltaram a analisá-la depois sem encontrar rastros de patógenos. A quantidade de sangue usada é simbólica, e segundo explica o diretor, a medida corresponde a uma unidade para cada 28 de tinta.

"Utilizamos muito pouco sangue. A cor vermelha nas letras da revista não é pelo sangue, mas sim pela tinta vermelha que foi misturada a ele", afirmou.

Wiehl acredita que esta campanha servirá para lutar contra os preconceitos que as pessoas com HIV positivo convivem diariamente e que leva muitas delas a se isolar socialmente e entrar em depressão.

"Os medos irracionais são o que nos freiam como sociedade, porque não têm nenhuma base e estão causando muito prejuízo as pessoas", comentou.

O tema desta edição é "Heróis do HIV" e a revista se apresenta dentro de uma embalagem metálica transparente lacrada.

"Romper o lacre da revista é uma forma de romper o estigma, e se você tem uma delas nas mãos e fala sobre isso é parte da solução", acrescentou.

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Sobre os "heróis" ele explica que somos todos nós e não só os portadores do vírus.

"Herói é a pessoa que enfrenta seus medos e os supera. Não é só quem tem aids, mas todos nós que temos medo dela ou das pessoas que a têm. Todos esses medos tem que ser superados", argumentou Wiehl.

A edição pode ser comprada através do site da revista e a publicação é entregue inclusive no Brasil, por uma taxa de aproximadamente 10 euros..

Entre o material da campanha também há gravações dos três doadores de sangue participantes do projeto.

"Se isto já fizer refletir duas pessoas então já valeu a pena", declarou Wiltrut Stefanek, uma austríaca de 47 anos, que contraiu o vírus do marido.

Os responsáveis pela publicação garantem que a edição está sendo um sucesso, tanto pelas vendas quanto pelo debate criado nas redes sociais, e que pode ser acompanhado através da hashtag #HIVHeroes.

EFE   
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