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Método antigo para cirurgias de ponte de safena é o melhor

Método antigo para cirurgias de ponte de safena ainda é o melhor

9 nov 2009 - 14h02
(atualizado às 14h09)
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Por décadas, as cirurgias de ponte de safena, por meio das quais os cirurgiões melhoram o fluxo de sangue para o coração ao inserir novos vasos sanguíneos que contornam bloqueios nos vasos existentes, foram realizadas da mesma maneira. O coração do paciente era parada, e o sangue era bombeado por uma máquina que substituía as funções cardíacas e respiratórias.

Mas os médicos começaram a se preocupar cada vez mais com a possibilidade de que a máquina, ou "bomba", causasse derrames, perdas de memória ou mudanças de personalidade, ocasionalmente. Alguns deles até mesmo usavam o apelido "cabeças de bomba", para pacientes que enfrentassem esse tipo de dificuldade.

Nos últimos sete anos, porém, muitos cirurgiões passaram a oferecer, e os pacientes a cada vez mais exigir, um método alternativo: os médicos operam em um coração que continua a bater.

Um estudo longo e rigoroso conduzido recentemente agora determinou qual dos dois métodos é melhor. No estudo, publicado pelo New England Journal of Medicine, 2.203 pacientes foram designados aleatoriamente para cirurgias de ponte de safena com bomba e sem bomba. Porque o estudo era patrocinado pelo Departamento de Veteranos de Guerra, a maioria dos pacientes eram homens.

Passado um ano, os pacientes que haviam realizado a cirurgia sem bomba apresentavam resultados inferiores. Número menor de pontes se mantinham desobstruídas, e a probabilidade de que os pacientes necessitassem de uma nova cirurgia, ou de que tivessem sofrido um ataque cardíaco ou morrido, era mais elevada. Além disso, a cirurgia realizada sem a bomba não reduzia a probabilidade de derrames ou de dificuldades intelectuais. "É um resultado importante", disse o Dr. Eric Peterson, cardiologista da Universidade Duke que escreveu um editorial publicado em companhia do estudo. "O estudo é bom, e o fato de que não tenha detectado superioridade é crucial", acrescentou.

Peterson também disse que, como muitos outros cardiologistas, suas expectativas eram de que a cirurgia sem bomba se provasse superior. O Dr. Michael Lauer, diretor de ciências cardiovasculares no Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue, disse que havia antecipado, e que tinha a esperança de que, o novo estudo atenuasse o entusiasmo pelas cirurgias sem bomba.

"A cirurgia de ponte de safena é uma das mais comuns do planeta", disse Lauer. "E no momento cerca de 20% das operações desse tipo realizadas nos Estados Unidos estão sendo feitas sem bomba, o que afeta grande número de pessoas".

O Dr. Frederick Grover, o diretor científico do estudo, cirurgião cardíaco da Universidade do Colorado, em Denver, e do departamento de veteranos de guerra da mesma cidade, disse que seu grupo estava analisando os custos de ambas as operações, e acrescentou que a diferença era muito pequena.

Pacientes que realizam cirurgias sem bomba passam por menos transfusões de sangue mas ficam um pouco mais de tempo na sala de cirurgia. Não havia diferenças significativas entre os dois grupos de pacientes quanto ao período passado em terapia intensiva depois da cirurgia, ou o prazo em que necessitavam respirar com a ajuda de aparelhos, ou a duração média das internações.

Alguns dos cirurgiões que fizeram das cirurgias sem bomba uma especialidade dizem que não vão alterar seus métodos. Os resultados não se aplicam a seu trabalho, afirmam, porque têm aptidão extraordinária. Mas outros médicos, menos dedicados à técnica, afirmam que podem reduzir o número de cirurgias sem bomba, e entre eles está Grover.

Cerca de 20% das 225 mil a 250 mil pessoas que realizam cirurgias de ponte de safena a cada ano optam por operações sem bomba. Esse método começou a decolar por volta de 2002, quando os fabricantes de instrumentos cirúrgicos começaram a oferecer produtos que viabilizavam o novo sistema, e estudos com animais indicaram que as bombas cardíacas podiam causar problemas.

Ao usar as bombas, os médicos bloqueiam os vasos sanguíneos e escoam o sangue do coração, no qual injetam um fluido que quase congela o músculo. O sangue é redirecionado por tubos, que podem criar pequenas bolhas ou colocar em circulação pequenos fragmentos de detritos, capazes de atingir o cérebro.

Inicialmente, não era fácil realizar cirurgias cardíacas sem a bomba -como, por exemplo, impedir que um coração ativo se movimente enquanto os médicos trabalham nele? Alguns médicos improvisavam, usando colheres e garfos de cozinha modificados, para segurar o coração com firmeza. E como costurar os vasos sanguíneos de volta no coração? Os cirurgiões precisavam levantar o coração para chegar à parte traseira, e a pressão sanguínea caía.

Mas os fabricantes de instrumentos cirúrgicos logo passaram a fornecer ferramentas especiais que facilitam a tarefa de firmar certas partes do coração enquanto os médicos trabalham.

O Dr. Nirav Patel, cirurgião cardíaco no Lenox Hill Hospital, em Nova York, diz que vai continuar realizando cirurgias sem bomba. Mas, acrescenta, o estudo demonstra que, apesar das razões teóricas para que o método seja superior, "o fato de que algo pareça sensato não quer dizer que de fato o seja".

The New York Times
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