O milagre da ilha Redonda, o modelo de restauração ecológica no Caribe mais bem-sucedido do mundo
A ilha Redonda, situada no Caribe e pertencente a Antígua e Barbuda, tem testemunhado uma transformação notável. Com uma área de aproximadamente 1,5 km de comprimento e 0,5 km de largura, o local passou de uma paisagem árida e degradada a um refúgio verdejante de vida selvagem, sendo um exemplo inspirador de conservação e restauração bem-sucedidas.
Antes da recuperação
A introdução de cabras-selvagens na ilha por colonizadores no século XVIII desencadeou um dos maiores desafios do desequilíbrio que atingia a região. Esses animais se alimentaram vorazmente das plantas nativas, ameaçando a vegetação e o equilíbrio ecológico, o que levou ao empobrecimento do solo e à erosão, e tornou a paisagem lunar árida.
Mais tarde, no século XIX, a ilha se tornou um centro de comércio de guano, e com a prática vieram ratos invasores. Esses roedores não apenas destruíram as espécies nativas de aves, comendo seus ovos, mas também representaram uma ameaça à vegetação, alimentando-se de sementes e plantas nativas. A presença de ratos e a falta de vegetação também contribuíram para a erosão do solo.
De desastre ecológico à modelo mundial de preservação
Em 2016, grupos ambientalistas lançaram um ambicioso esforço para erradicar essas espécies invasoras da ilha. As cabras, que não estavam acostumadas ao contato humano, tiveram que ser encurraladas e transportadas de helicóptero. A erradicação de ratos envolveu a colocação de iscas estratégicas, temperadas com substâncias que eram atraentes para os roedores, mas inofensivas para as aves e répteis nativos.
Apesar dos desafios, a restauração foi bem-sucedida. Após a erradicação das espécies invasoras, a vegetação floresceu e a biodiversidade aumentou de maneira surpreendente. Diversas espécies de aves terrestres retornaram à ilha. Além disso, as populações de lagartos endêmicos também se recuperaram. A paisagem árida deu lugar a uma exuberante vegetação, criando um ambiente propício para a vida selvagem.
O governo de Antígua e Barbuda declarou o local como uma área de proteção ambiental, agora designada Reserva do Ecossistema de Redonda. A proteção abrange uma vasta área de terra e mar, para garantir a biodiversidade e a condição de local de nidificação essencial para aves migratórias. A dimensão da Reserva permitiu que o país atingisse sua meta "30x30", contribuindo para o compromisso global de proteger 30% do planeta para a natureza até 2030.
A transformação da ilha Redonda de um ambiente degradado para um paraíso ecológico é uma história inspiradora de conservação bem-sucedida. Os habitantes de Antígua e Barbuda, que antes chamavam Redonda de "a rocha", tornaram-se os guardiões da ilha e se orgulham do sucesso da restauração. O resultado do esforço conjunto entre organizações, governo e parceiros internacionais demonstra que, mesmo em face de desafios ambientais, é possível fazer a diferença e fornecer esperança para as futuras gerações.