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Brasileiro quase largou carreira e hoje tem cargo importante da Nasa: 'Não tinha como recusar'

Luciano Camilo Alexandre, de 40 anos, estuda a possibilidade de levar wi-fi e celular para a Lua na próxima missão

20 jul 2025 - 17h11
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Um engenheiro brasileiro é o principal responsável pelas telecomunicações interplanetárias da Nasa, a agência espacial americana. Luciano Camilo Alexandre, de 40 anos, trabalha no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), onde responde por todas as frequências usadas para comunicação em missões ao espaço. Alexandre conseguiu a vaga quando já estava quase desistindo da profissão, ao responder um anúncio na internet.

"No vestibular, passei para uma universidade estadual, mas queria estudar na Inatel que é a melhor em telecomunicações", explica. "Ganhei bolsa parcial, mas a universidade ficava a 800 quilômetros de casa, ainda tinha de me manter por lá. Só depois da morte do meu pai, entendi o quanto eles abdicaram das próprias vidas para que eu tivesse uma educação de qualidade", conta ele.

No Brasil, Alexandre trabalhou como consultor para uma empresa americana. Em agosto de 2021, temendo que seu contrato não fosse renovado, se candidatou a uma vaga no JPL da Nasa, com a qual se deparou navegando na internet.

"Eu nunca tinha ido aos Estados Unidos, nem como turista, mas quando li a descrição da vaga, pensei: 'rapaz, isso é exatamente o que faço'. Arrisquei", relembra. "O 'não' eu já tinha, né? Pensei em gastar um tempo e preencher o formulário."

Naquele momento, ele achava até que precisaria buscar trabalho em outra área, mas o contrato de prestador de serviço para a empresa americana foi renovado. E o retorno da Nasa não veio. Apenas em junho do ano seguinte, veio uma resposta dizendo que haviam gostado do seu currículo e que gostariam de entrevistá-lo.

Foram três horas de entrevista online para Alexandre ser considerado candidato à vaga. Duas semanas depois, foi chamado para uma segunda entrevista, dessa vez de uma hora e meia. Pouco tempo depois, finalmente, recebeu e-mail com uma proposta de emprego e o adendo: "Se aceitar, ".

"Pensei: 'esse é o momento que vai mudar a minha vida'. Eu nem tinha dinheiro para a passagem, mas cliquei assim mesmo", conta o engenheiro. "Não tinha como recusar, né? É o cavalo selado que só passa uma vez", afirma.

Menos de um mês depois, ele já estava trabalhando como líder do grupo de engenharia de espectro no JPL/Nasa. "Fazemos o planejamento de comunicação com cada espaçonave, cada missão no espaço", descreve.

"Para cada missão, tenho como uma espécie de pista de rodovia, por onde transmito e recebo dados; e tenho de garantir que uma não sofrerá interferência de outras. Ocorre que o número de pistas é limitado e o de missões é grande. Então, tenho de coordenar muito bem quem ocupa tal pista em qual momento."

Atualmente, a Nasa tem nada menos que 40 missões no espaço. Entre elas, o robô que explora Marte, uma nave não tripulada que segue em direção a Júpiter, e toda a operação da Estação Espacial Internacional. Se alguma dessas comunicações não funcionar, a responsabilidade é de Alexandre.

"Damos suporte a todas as missões de espaço profundo de todas as agências espaciais parceiras. Estamos sob teste 100% do tempo", afirma. "Se houver interferência, a culpa acaba sendo nossa. A responsabilidade é muito grande, sobretudo em missões especiais, como a de Marte."

Também faz parte das atribuições de Alexandre abrir novos canais de comunicação para as próximas jornadas, caso da Artemis. Essa nova missão, prevista para 2027, pretende levar o homem de volta à Lua e também a primeira mulher.

O objetivo é criar um ambiente sustentável no satélite, em preparação para futuras missões tripuladas rumo ao planeta vermelho. Para essa nova missão, Alexandre e sua equipe estão tentando garantir algumas comodidades tecnológicas inéditas aos astronautas, como wi-fi e telefone celular.

"Tentamos habilitar novos tipos de serviços nessas frequências, como o celular, o wi-fi e o Bluetooth, utilizando as mesmas tecnologias que usamos na Terra, mas adaptadas ao ambiente lunar", afirma.

Além disso, Alexandre pesquisa novas tecnologias de comunicação para missões espaciais futuras, ainda sem data ou prazo.

"Estamos desenvolvendo experimentos na área de telecomunicações justamente para simular um possível ambiente similar ao que poderíamos encontrar em Europa, a lua de Júpiter, onde se acredita existe um oceano congelado sob a superfície", revela.

"Em temperaturas tão baixas, a comunicação teria de ser feita através do gelo. Fomos ao Alasca e ficamos uma semana por lá testando a influência do gelo no sistema de telecomunicações", continua. "Se um dia chegarmos lá, precisamos ter um sistema pronto."

Estadão
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