ChatGPT deve ganhar 'modo adulto' em 2026; veja tudo o que sabemos sobre o recurso
Interações com chatbot podem ficar mais picantes; empresa não fala sobre geração de imagens e vídeos pornográficos
Um dia após anunciar uma parceria com a Disney, a OpenAI afirmou que o "modo adulto" do ChatGPT, que promete respostas mais livres e menos restrições para pessoas maiores de idade, deve estrear no primeiro trimestre de 2026. A informação foi confirmada durante o anúncio do GPT-5.2, novo modelo da empresa, e faz parte de uma estratégia mais ampla para diferenciar experiências de uso conforme a idade de quem conversa com a IA.
A proposta surge após meses de sinalizações públicas do CEO Sam Altman e de críticas de usuários que consideram que o ChatGPT perdeu expressividade ao longo do tempo. Segundo executivos da OpenAI, a ideia central é "tratar adultos como adultos", mas sem abrir brechas que permitam o acesso de adolescentes a conteúdos sensíveis.
O que é o 'modo adulto' do ChatGPT
Embora o termo tenha sido rapidamente associado à liberação de conteúdo erótico, a OpenAI tenta enquadrar o recurso de forma mais ampla. O modo adulto deve permitir interações menos rígidas, com maior autonomia criativa, estilos de resposta mais ousados e uma personalização mais consistente da "personalidade" do chatbot ao longo da conversa.
Na prática, isso significa flexibilizar limites hoje impostos a temas considerados maduros, não apenas no campo sexual, mas também em discussões emocionais, narrativas ficcionais e abordagens menos neutras. Executivos afirmam que o objetivo não é transformar o ChatGPT em uma plataforma pornográfica, mas oferecer uma experiência mais alinhada às expectativas de usuários adultos.
A empresa, no entanto, evita detalhar exatamente quais tipos de conteúdo serão liberados. Não se sabe, portanto, se o modo adulto permitirá a criação de vídeos ou imagens pornográficas. A definição final depende diretamente de outro elemento-chave do projeto: o sistema de previsão e verificação de idade.
We made ChatGPT pretty restrictive to make sure we were being careful with mental health issues. We realize this made it less useful/enjoyable to many users who had no mental health problems, but given the seriousness of the issue we wanted to get this right.
Now that we have…
— Sam Altman (@sama) October 14, 2025
Verificação de idade
Antes de ativar o modo adulto, a OpenAI quer garantir que sua tecnologia consiga diferenciar adolescentes de adultos com precisão. Para isso, a empresa está testando um modelo de previsão de idade baseado no comportamento de uso do ChatGPT, capaz de acionar automaticamente salvaguardas quando identifica perfis potencialmente menores de 18 anos.
Esses testes já ocorrem em países selecionados e têm como foco evitar erros de classificação, especialmente o risco de identificar adolescentes como adultos ou o contrário. Em casos de dúvida, a orientação interna é adotar a experiência mais restritiva, equivalente à de menores de idade.
A OpenAI também admite que, em alguns mercados, poderá exigir documentos de identidade como etapa adicional de verificação. A empresa reconhece que isso envolve concessões de privacidade, mas considera o mecanismo necessário para cumprir legislações recentes, como as aprovadas na França, e reduzir riscos legais e sociais.
Entre liberdade e riscos psicológicos
O anúncio trouxe à tona debates sobre os impactos emocionais da interação prolongada entre pessoas e inteligências artificiais. Pesquisas recentes apontam que usuários que desenvolvem vínculos afetivos com chatbots tendem a apresentar níveis mais altos de sofrimento psicológico, especialmente em contextos de isolamento social.
Especialistas alertam que modos mais personalizáveis e "afetivos" podem intensificar esse fenômeno, criando relações de dependência emocional. A própria OpenAI já reconheceu, em ocasiões anteriores, que parte de seus usuários estabelece laços profundos com o ChatGPT, mesmo nas versões mais neutras da ferramenta.
Nesse cenário, críticos questionam se ampliar a expressividade da IA sem um entendimento mais sólido de seus efeitos psicológicos não transfere riscos excessivos para o usuário final.
Com uma base que já supera 800 milhões de usuários ativos semanais, segundo a própria empresa, o ChatGPT se tornou um dos produtos digitais de adoção mais rápida da história. Esse alcance ajuda a explicar a postura mais cautelosa da OpenAI ao avançar em interações e conteúdos considerados mais ousados, especialmente quando comparada a concorrentes como o Grok, da xAI, de Elon Musk, que adota uma abordagem mais permissiva, rebelde e radical.
GPT-5.2 chega antes e esquenta a disputa
O anúncio do modo adulto aconteceu em paralelo ao lançamento do GPT-5.2, novo modelo da OpenAI anunciado menos de um mês após o GPT-5.1. A empresa descreve a versão como a mais avançada até agora, com ganhos em velocidade, raciocínio e redução de alucinações, mirando especialmente o uso profissional.
O GPT-5.2 será distribuído em três variantes, Instant, Thinking e Pro, e chega primeiro aos planos pagos do ChatGPT, além de já estar disponível via API. O lançamento acelerado é visto no mercado como uma resposta direta ao avanço do Gemini 3, do Google, que teve recepção positiva nas semanas anteriores e fez com que Sam Altman acionasse um 'alerta vermelho' na empresa.