Periféricos superam média nacional de alto desempenho em tarefas digitais

Teste avaliou capacidades e limitações de aprendizado da vida analógica, como escrita e leitura, aplicadas ao meio digital

19 set 2025 - 06h08
Resumo
Moradores de periferias brasileiras superaram a média nacional de alto desempenho em habilidades digitais, destacando-se em testes que avaliam o uso cotidiano da internet e demonstrando seu potencial para liderar a transformação digital no país.
Tauan Souza Matos, fundador da +1 Code, escola de programação e de IA gratuita com sede no Jardim Pantanal, zona leste de São Paulo.
Tauan Souza Matos, fundador da +1 Code, escola de programação e de IA gratuita com sede no Jardim Pantanal, zona leste de São Paulo.
Foto: Divulgação

O Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf), sobre educação formal no Brasil, aplicou, pela primeira vez, um “teste digital”, verificando usos cotidianos da internet, como fazer uma compra ou cadastro. Na faixa etária entre 15 e 64 anos, moradores de periferias atingiram 63% de alto desempenho, contra 53% da média nacional.

“Sai desse imaginário negativo, de fracasso da periferia, que está muito equivocado”, diz Ana Lúcia Lima, pesquisadora e coordenadora do Inaf. A pesquisa mostrou também que os jovens periféricos, entre 15 e 29 anos, são os que mais atingiram o nível médio no teste digital, com 55% - no nível alto, empatam com moradores de capitais, com 40%.

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“Quando eu falo em periferia, são municípios localizados em regiões metropolitanas das capitais. Não é só comunidade, favela, embora a grande maioria seja de baixa renda em locais com dificuldades de infraestrutura”, explica a coordenadora do Inaf.

Foto: Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf). Faixa etária entre 15 e 64 anos.

No que consiste o teste do Inaf?

Uma das avaliações do teste digital foi a compra de um tênis pela internet. As pessoas iam bem na escolha do modelo, número, cor, ações que exigiam habilidades mínimas de leitura. Na hora de pagar, se fosse na vida real, teriam caído em um golpe.

O PIX para pagamento era falso, com valor diferente da compra e outro nome de loja. Os mais jovens caíram mais. “Não é porque são nativos digitais que se saem melhor, pode até favorecer o golpe, eles são mais confiantes, vão clicando”, observa Lima.

O teste mediu a aplicação de conhecimentos como ler, interpretar, somar, que são ensinados na escola formal. “As limitações do uso da linguagem escrita e da matemática que as pessoas têm na vida analógica, acabam se refletindo na vida digital, como não saber separar opinião de informação”, explica a coordenadora do Inaf.

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Foto: Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf). Faixa etária de 15 a 29 anos.

“O futuro da tecnologia passa pela quebrada”, diz ativista digital

Levamos os dados do Inaf a Tauan Souza Matos, fundador da +1 Code, escola de programação e de IA gratuita com sede no Jardim Pantanal, zona leste de São Paulo. Criada em 2020, a escola formou pouco mais de 4 mil programadores gratuitamente e está presente em 20 estados brasileiros.

Matos acredita que os dados revelam uma potência muitas vezes invisibilizada. “Os jovens e adultos das periferias estão não apenas acompanhando, mas superando a média nacional em habilidades digitais.”

Segundo ele, “fica claro que existe uma nova geração periférica pronta para liderar a transformação digital no Brasil. O futuro da tecnologia e da inovação passa pela quebrada. São jovens que, com oportunidade e reconhecimento, têm tudo para ditar o ritmo do desenvolvimento do nosso país”.

Fonte: Visão do Corre
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