Responsabilidade e glamour: a vida de um comandante de navio

Comandante é o responsável pelas principais decisões a bordo de um cruzeiro e ainda precisa lidar com eventos sociais

18 mai 2015 - 13h00
(atualizado às 15h02)

Imagine ter mais de 2 mil vidas em suas mãos todos os dias, sete dias por semana. E, além dessa responsabilidade, ter que participar de eventos formais nos quais você é a principal atração. É assim o dia a dia de um capitão de navio de cruzeiro, como Augusto Neto, responsável por comandar o transatlântico Monarch, da Pullmantur, pelo Caribe Sul. Há quase 30 anos no mar e desde 1991 em navios de cruzeiro, o português Augusto Neto alterna uma rotina de 3 meses em alto-mar, onde precisa ficar 24 horas por dia disponível, com três meses em terra, boa parte deles no Brasil, onde passa parte das férias com a filha.

Natural da cidade de Figueira da Foz, de muita tradição de oficiais da Marinha portuguesa, Augusto conta que desde cedo quis trabalhar em navios. Em sua carreira já passou por embarcações de pesca, de contêineres, de carga, de transporte de combustível, até chegar aos cruzeiros. “Cheguei até os navios de passageiros e não saí mais”, diz.

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Augusto Neto trabalha em cruzeiros desde 1991
Augusto Neto trabalha em cruzeiros desde 1991
Foto: Filipe Limas/Canarinho Press

Para alcançar a posição de comandante leva-se muitos anos e é necessário dedicação e estudo, como explica Augusto. “É preciso fazer escola náutica, que é equivalente a uma faculdade, por quatro anos”. Depois de formado, ainda é necessário passar por diversas funções e só depois de cerca de 9 anos é possível ser alçado ao comando de uma embarcação. 

A chegada aos cruzeiros para Augusto se deu em 1991, a bordo do Paquete Funchal, um navio clássico português. “Minha carreira foi quase toda na costa brasileira”, lembra. No Brasil, onde navegou de norte a sul, Augusto casou e teve uma filha, mas atualmente está separado. Volta ao país sempre que entra em férias, que passa em Itapema, Santa Catarina, por ser um lugar mais tranquilo.

A bordo, quem manda é ele

A bordo de um navio de cruzeiros ninguém têm mais poder do que o comandante. É dele a responsabilidade quando uma decisão mais séria precisa ser tomada. Por exemplo: se alguém arranja confusão a bordo, Augusto Neto pode decidir por expulsar o hóspede no porto seguinte. Mas além da rotina puxada no comando do navio, Augusto Neto ainda convive com um trabalho que ele considera até mais pesado: os eventos sociais a bordo.

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Não que o comandante não goste. Apesar do semblante sério, normal para alguém em sua posição e com suas responsabilidades, Augusto mantém um sorriso no rosto e interage sempre que pode com os hóspedes. “Temos uma vida mais normal do que em outros tipos de navios. Aqui a gente fala com pessoas, lá falamos com contêineres”, brinca.

Essa interação com os hóspedes é o que torna a rotina de três meses a bordo mais fácil, além de glamourosa. Augusto Neto participa de eventos a bordo em todos os cruzeiros, como o concorridíssimo Jantar do Capitão, no qual é a grande estrela. As filas de hóspedes na porta do restaurante para cumprimentar e tirar uma foto com o comandante são enormes. “Comandar o navio é a parte fácil”, diverte-se. Simplesmente caminhar pelo navio com o comandante é suficiente para perceber a admiração dos hóspedes. Alguns aplaudem quando passa, outros fazem questão de cumprimentá-lo. Mas quem mais parece admirá-lo são as crianças, que o param sempre que podem para uma foto. E, sorridente, Augusto Neto atende.

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Fonte: Canarinho Press
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