A tendinite de Aquiles é uma inflamação do maior tendão do corpo humano, que situa-se na parte de trás do tornozelo, ligando a panturrilha ao osso do calcanhar. Esse problema é relativamente comum em pessoas que praticam esportes com corrida, saltos ou mudanças bruscas de direção. No entanto, também pode atingir indivíduos sedentários que sobrecarregam a região de forma repentina. Em muitos casos, a dor começa de forma discreta e vai aumentando conforme o tendão é exigido no dia a dia.
Por relacionar-se diretamente à marcha, ao ato de ficar em pé e a atividades físicas, o tendão de Aquiles suporta grande parte da força gerada pelos músculos da panturrilha. Assim, quando submete-se essa estrutura a esforço excessivo ou repetitivo, pode ocorrer inflamação, microlesões e, em situações mais graves, degeneração das fibras. Portanto, não se deve ignorar a tendinite de Aquiles. Afinal, a persistência dos sintomas pode levar a limitações importantes na mobilidade.
O que causa a tendinite de Aquiles?
A principal causa da tendinite de Aquiles é a sobrecarga mecânica do tendão. Essa sobrecarga pode surgir pelo aumento brusco da intensidade ou da duração de treinos, prática de corrida em subidas ou descidas, uso de calçados inadequados e falta de alongamento muscular. Ademais, em atletas amadores e profissionais, é comum o surgimento da inflamação em períodos de preparação mais intensa, quando não há tempo adequado de recuperação.
Fatores anatômicos também contribuem para o problema. Pé plano ou muito cavo, encurtamento da musculatura da panturrilha e desalinhamentos dos membros inferiores podem alterar a forma como o peso é distribuído na pisada, aumentando a tensão no tendão. Além disso, o processo natural de envelhecimento torna o tendão menos elástico, deixando pessoas acima dos 35-40 anos mais vulneráveis, especialmente quando retomam esportes sem preparo físico adequado.
Quais são os principais sintomas da tendinite de Aquiles?
Os sintomas mais característicos da tendinite de Aquiles são dor e sensibilidade na parte posterior do tornozelo, geralmente a alguns centímetros acima do calcanhar. Essa dor costuma piorar ao caminhar, subir escadas, correr ou ficar muito tempo em pé. Logo após o repouso, como ao levantar da cama pela manhã, é comum a sensação de rigidez, que melhora gradualmente com os movimentos.
Em muitos casos, o tendão torna-se espessado ao toque e pode aparecer um leve inchaço na região. A área inflamada pode ficar quente e dolorida à palpação, indicando um processo inflamatório ativo. Quando a tendinite é crônica, a dor pode ser menos intensa, porém constante, interferindo em atividades simples, como caminhar distâncias curtas ou usar determinados tipos de sapato. Em quadros muito avançados, sem tratamento, existe risco de ruptura parcial ou total do tendão de Aquiles.
Como é feito o diagnóstico da tendinite de Aquiles?
O diagnóstico costuma ser clínico, baseado na queixa de dor, na história de prática esportiva ou de sobrecarga e no exame físico. O profissional de saúde avalia o local exato da dor, a presença de inchaço, a amplitude de movimento do tornozelo e a força da panturrilha. Em geral, esses elementos já fornecem informações suficientes para identificar a tendinite de Aquiles e diferenciar de outras causas de dor no calcanhar.
Quando há suspeita de lesão mais grave, como ruptura ou degeneração avançada, exames de imagem podem ser solicitados. A ultrassonografia mostra alterações nas fibras do tendão, presença de líquido ou espessamento. A ressonância magnética fornece detalhes mais precisos sobre o estado do tendão e das estruturas ao redor. Esses exames ajudam a definir o melhor plano de tratamento, especialmente quando a dor se mantém por muito tempo.
Tendinite de Aquiles tem cura? Quais são os tratamentos?
Na maioria dos casos, a tendinite de Aquiles responde bem ao tratamento conservador, sem necessidade de cirurgia. O primeiro passo costuma ser o repouso relativo, isto é, a redução ou adaptação das atividades que provocam dor, como corrida, saltos e caminhadas longas. Não significa ficar totalmente parado, mas encontrar alternativas de exercício com menor impacto, como bicicleta ergométrica ou natação, sempre com orientação profissional.
Outro ponto importante é o uso de compressas frias na fase inicial de dor mais intensa, por curtos períodos ao longo do dia, para ajudar a reduzir o processo inflamatório. Em alguns casos, o médico pode indicar medicamentos anti-inflamatórios por tempo limitado. Paralelamente, recomenda-se avaliar o tipo de calçado utilizado, priorizando modelos com bom amortecimento, estabilidade e, se necessário, palmilhas sob medida para corrigir alterações de pisada.
Qual o papel da fisioterapia na recuperação do tendão de Aquiles?
A fisioterapia tem papel central na recuperação da tendinite de Aquiles, atuando tanto na redução da dor quanto na prevenção de novas lesões. O tratamento costuma incluir recursos analgésicos e anti-inflamatórios, associados a exercícios de alongamento e fortalecimento específicos para a panturrilha e a musculatura do pé. Com o passar das sessões, o foco migra para treinos funcionais, que simulam movimentos do dia a dia e da prática esportiva.
Um dos protocolos mais utilizados é o fortalecimento excêntrico do tendão de Aquiles, em que o músculo alonga enquanto sustenta carga, melhorando a resistência do tecido. Esse tipo de exercício precisa ser orientado e ajustado conforme a fase da lesão. Também é comum o trabalho de correção postural e de equilíbrio, que ajuda a distribuir melhor as cargas nos membros inferiores. O tempo de recuperação varia, mas muitas pessoas apresentam melhora significativa entre algumas semanas e poucos meses, dependendo da gravidade inicial.
Como prevenir a tendinite de Aquiles no dia a dia?
A prevenção passa por alguns cuidados simples, mas consistentes. Para quem pratica atividade física, é importante:
- Aumentar a intensidade e o volume de treino de forma progressiva;
- Realizar aquecimento adequado antes dos exercícios;
- Alongar a panturrilha e a região do tornozelo com regularidade;
- Utilizar calçados apropriados para o tipo de esporte e para o padrão de pisada;
- Respeitar períodos de descanso entre treinos intensos.
No cotidiano, manter o peso corporal dentro de faixas saudáveis, evitar longos períodos em pé sem pausa e observar qualquer sinal de dor persistente na região do calcanhar ajuda a reduzir o risco de inflamação do tendão. Quando os sintomas surgem, a orientação é procurar avaliação especializada o quanto antes, para evitar que um quadro inicial de tendinite de Aquiles evolua para lesões mais complexas e demoradas de tratar.