Brasil envelhece mais rápido e mortes aumentam 4,6% em 2024, aponta IBGE
O Brasil está passando por uma transformação demográfica acelerada, e os dados mais recentes do IBGE, divulgados nesta quarta-feira (10), confirmam a tendência. Em 2024, foram registrados 1.495.386 óbitos, alta de 4,6% em relação a 2023, encerrando o período de queda pós-pandemia.
Segundo o IBGE, o aumento reflete principalmente o envelhecimento da população brasileira, que combina maior longevidade e menor número de nascimentos, concentrando a população em faixas etárias de maior risco.
"Estamos vivendo uma mudança estrutural na sociedade brasileira. A longevidade é uma conquista, mas também exige que repensemos como envelhecemos e como a sociedade se prepara para isso", explica o médico Alexandre Kalache, referência internacional em envelhecimento e autor do livro A revolução da longevidade.
Idosos representam a maior parte dos óbitos
O levantamento mostra que pessoas com 60 anos ou mais responderam por 72% de todos os óbitos registrados em 2024. Nesse grupo, o número de mortes subiu 5,6% em comparação ao ano anterior.
A historiadora Mary Del Priore, autora do livro Uma história da velhice no Brasil, aponta que o envelhecimento populacional é uma mudança histórica: "O Brasil sempre teve perfil jovem, mas estamos entrando em uma nova fase demográfica, o que impacta saúde, políticas públicas e mercado de trabalho."
População mais velha e menos nascimentos
A idade média da população brasileira passou de 28 anos em 2000 para 35 anos em 2024, enquanto os nascimentos caíram pelo sexto ano consecutivo. Essa combinação cria um país mais longevo e menos renovado, exigindo adaptações em diversos setores.
Especialistas alertam que o sistema de saúde, por exemplo, precisará se adequar a uma população maior de idosos, com aumento de doenças crônicas e necessidade de cuidados prolongados. Outros setores, como previdência, mercado de trabalho e urbanismo, também serão impactados.
Desafios e oportunidades do envelhecimento
Para Kalache, o envelhecimento não deve ser visto apenas como um desafio: "É uma oportunidade para repensar cidades, serviços de saúde e qualidade de vida coletiva."
Del Priore complementa: "Compreender a história da velhice no Brasil ajuda a planejar políticas mais eficientes e justas para essa nova fase, garantindo que os idosos vivam com dignidade e bem-estar."