Anvisa proíbe manipulação de Ozempic, Wegovy e Rybelsus: especialistas alertam para riscos

Endocrinologista e hepatologista explicam por que apenas as versões originais são seguras

26 ago 2025 - 12h08
Anvisa proíbe manipulação de Ozempic, Wegovy e Rybelsus
Anvisa proíbe manipulação de Ozempic, Wegovy e Rybelsus
Foto: Freepik

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou, nesta segunda-feira, 25, a proibição da manipulação de medicamentos que contenham semaglutida — princípio ativo presente em fármacos como Ozempic, Wegovy e Rybelsus, amplamente utilizados no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2.

Segundo a agência, a medida foi adotada diante do alto risco sanitário e da falta de comprovação de eficácia e segurança nas versões manipuladas.

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A semaglutida é um medicamento biotecnológico complexo, desenvolvido por meio de processos exclusivos que utilizam células vivas para garantir a estabilidade e segurança das moléculas. A Anvisa alerta que, quando manipulados em farmácias, esses produtos não possuem garantia de pureza, dosagem correta, estabilidade ou esterilidade, o que pode resultar em falhas terapêuticas, contaminações e até efeitos adversos graves.

“A semaglutida mudou o paradigma do tratamento da obesidade e do diabetes no Brasil. Além do emagrecimento, há benefícios cardiovasculares, renais, hepáticos e até potenciais efeitos protetores contra demência, ainda em estudo. Mas, até hoje, a única semaglutida aprovada é a da Novo Nordisk, com os nomes comerciais Ozempic, Wegovy e Rybelsus. As versões manipuladas não têm comprovação de eficácia e colocam o paciente em risco, com possibilidade de contaminação e efeitos imprevisíveis”, alerta a endocrinologista Dra. Tassiane Alvarenga, metabologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Os riscos atingem especialmente o fígado, órgão responsável por metabolizar os medicamentos. “Quando manipulados, não há como garantir pureza ou dose correta. Isso pode levar a intoxicação, hepatite medicamentosa, elevação de enzimas hepáticas e até insuficiência hepática. Além disso, há risco aumentado de pancreatite, hipoglicemia e reações adversas graves”, explica a hepatologista Dra. Patrícia Almeida, doutora pela USP e membro da Sociedade Brasileira de Hepatologia.

A médica reforça que a decisão da Anvisa é necessária e protetiva. “Estamos falando de medicamentos biológicos, não de moléculas simples que podem ser copiadas. A medida evita complicações graves e protege a vida dos pacientes”, acrescenta Dra. Patrícia.

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Apesar da popularização dos chamados “emagrecedores”, o uso irregular preocupa a comunidade médica. Relatórios apontam que farmácias de manipulação chegaram a ofertar versões em massa desses medicamentos, muitas vezes sem controle de qualidade. A Anvisa reforça que somente as versões aprovadas pelas farmacêuticas detentoras das patentes: Novo Nordisk (Ozempic, Wegovy e Rybelsus) são seguras e permitidas no Brasil.

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