A chegada do climatério e da pós-menopausa marca uma fase de profundas transformações no corpo feminino. A queda dos níveis hormonais, especialmente do estrogênio, não afeta apenas o ciclo reprodutivo, mas também está relacionada ao aumento do risco cardiovascular e a alterações no bem-estar emocional. Diante desse cenário, a ciência tem se debruçado sobre estratégias capazes de promover mais saúde e qualidade de vida para as mulheres nessa etapa.
Uma revisão sistemática com meta-análise publicada na revista Menopause reforça o papel do exercício aeróbico como um importante aliado nesse processo. O trabalho analisou dados de dezenas de estudos clínicos e mostrou que atividades como caminhada, corrida, ciclismo e natação trazem benefícios consistentes tanto para o coração quanto para a saúde mental de mulheres na pós-menopausa.
O que diz a ciência sobre o exercício aeróbico
O estudo reuniu resultados de 61 ensaios clínicos randomizados, envolvendo mais de 4 mil mulheres. As participantes foram divididas entre grupos que praticavam exercícios aeróbicos e grupos controle, permitindo uma análise detalhada dos impactos da atividade física.
A análise revelou que a prática regular de exercícios aeróbicos foi associada à redução da pressão arterial e à melhora do perfil lipídico. Houve diminuição da pressão sistólica e diastólica, redução do colesterol LDL (o chamado "colesterol ruim") e dos triglicerídeos, além de aumento do HDL, considerado protetor do coração.
Menopausa e risco cardiovascular: qual a relação?
Após a menopausa, especialmente entre os 50 e 59 anos, observa-se um aumento significativo na incidência de doenças cardiovasculares e metabólicas. Isso acontece porque a transição hormonal influencia diretamente fatores como pressão arterial, metabolismo da glicose e perfil do colesterol.
"Isso indica que a transição hormonal presente na menopausa é um importante fator de risco para a morbimortalidade feminina", explica Dra. Ana Paula Fabricio, ginecologista com Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia (TEGO), ao Portal Edicase. Nesse contexto, os exercícios aeróbicos atuam como uma ferramenta de prevenção e também como apoio ao tratamento de condições já instaladas.
Como o exercício ajuda a controlar a pressão arterial
Atividades aeróbicas são consideradas uma terapia não medicamentosa eficaz para o controle da pressão arterial leve a moderada. Exercícios como caminhada rápida, bicicleta, natação e corrida leve melhoram a circulação sanguínea e favorecem o funcionamento saudável dos vasos.
Essas práticas estimulam o endotélio, camada interna dos vasos sanguíneos, a liberar substâncias que ajudam no controle do tônus vascular. Além disso, o exercício físico estimula a secreção de óxido nítrico pelas células endoteliais, causando vasodilatação e controlando a pressão arterial a curto e médio prazo.
Benefícios também para o humor e a saúde emocional
As mudanças hormonais da pós-menopausa também afetam neurotransmissores ligados ao bem-estar, como serotonina e dopamina. Associadas a alterações no sono, na imagem corporal e aos sintomas físicos do climatério, essas mudanças podem favorecer quadros de ansiedade, irritabilidade e tristeza persistente.
Nesse cenário, o exercício físico surge como um regulador natural do humor. "A prática regular de exercício aeróbico atua positivamente nesse cenário, pois estimula a liberação de endorfinas e promove neuroplasticidade, ajudando a regular o humor, reduzir a tensão e melhorar a qualidade do sono", explica a ginecologista.
Uma estratégia completa para envelhecer com saúde
Além dos benefícios emocionais e cardiovasculares, a atividade física regular contribui para reduzir inflamações, melhorar a sensibilidade à insulina e aumentar a capacidade cardiorrespiratória - fatores essenciais para um envelhecimento mais saudável. Mais do que uma ferramenta estética ou de condicionamento físico, o movimento se consolida como um verdadeiro cuidado integral para atravessar a pós-menopausa com mais vitalidade, equilíbrio emocional e proteção ao coração.