Uma cadela escapou de sua caixa de transporte danificada no Aeroporto de Guarulhos, ficou desaparecida por uma hora e foi encontrada sendo expulsa por funcionários; tutora denunciou descaso da companhia aérea e busca justiça.
A cadela Esperança ficou desaparecida por aproximadamente uma hora ao desembarcar no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na última segunda-feira, 7. A tutora Jaqueline Ramos a embarcou em Lisboa, em Portugal, mas sua caixa de transporte foi entregue vazia e danificada aqui no Brasil. O animal foi encontrado enquanto era expulso por funcionários do local.
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Ao Terra, a tatuadora afirmou que está voltando para o Brasil em breve, mas a cachorrinha foi enviada antes, com uma acompanhante, que entregaria o cão à sua mãe, por volta das 19h (horário de Brasília).
Ainda em Portugal, todo o processo de pesagem, conferência de dados e Raio-X foi feito de maneira correta juntamente com um funcionário da companhia da TAP Air. “Em cima da caixa de transportes, deixei uma ferramenta conhecida popularmente como ‘enforca gato’ [ou lacre], e avisei o funcionário sobre isso; Ele respondeu que lá eles tinham o próprio da empresa e lacrariam com os que tinham por lá”, explica Jaqueline.
Ela conta ainda que percebeu outro funcionário com dificuldade para fechar a porta da caixa de transporte, até que ele avisou que tinha conseguido, pedindo para que a tatuadora fosse embora.
“Olhei pela última vez pra Esperança, que berrava desesperadamente por mim, e sai pela porta já com os olhos d’água. Cumprimentei a Alexia, agradeci, e segui viagem para casa”, relembra. Horas depois, já por volta das 23h em Portugal, ela acordou com um telefonema da acompanhante dizendo que a cadela tinha desaparecido.
“Fizeram um descaso imenso com a cadela. Eu fui buscá-la e vi a caixa dela vazia, e a cachorra passeando pelo aeroporto. Vi o funcionário atrás da cachorra e, quando eu me apresentei, ele virou as costas e foi pegar as malas na esteira. Isso virou uma confusão, ninguém foi atrás dela, ninguém acionou rádio, ninguém olhou nada”, disse o áudio que a cuidadora enviou à Jaqueline.
O item de transporte estava com a porta mal encaixada e quebrada, além de estar com um lacre já roído. A mulher ainda relatou à tutora que o funcionário alegou que a cachorra abriu sozinha a caixa. Conforme a tatuadora, o funcionário que entregou o item de transporte vazio sequer demonstrou interesse em resolver a situação e mandou a cuidadora “correr atrás e se virar”.
Buscas e encontro
A mãe da brasileira já estava do lado de fora do embarque, esperando por Esperança, quando soube que a cadela estava perdida. Tanto a mulher que ficou responsável pela cadela quanto os familiares de Jaqueline começaram a movimentação dentro do aeroporto para tentar resolver toda a situação.
Mesmo muito transtornada com toda a situação, a mãe da tatuadora começou a vasculhar por todo o saguão do local, buscando por ajuda. Enquanto chorava, pedia para que São Francisco de Assis, santo protetor dos animais, trouxesse Esperança de volta.
Foi nesse momento que a cadela passou a cerca de 4 metros na frente da familiar de Jaqueline. “Ela estava do lado externo, sendo expulsa e perseguida por alguns funcionários”, explica. A familiar gritou e a cachorra reconheceu a voz.
“Minha mãe se jogou no chão e agarrou-a aos prantos, e não soltou mais”. Depois do encontro, os funcionários do local informaram que ela tinha que entrar novamente para passar pelo serviço de veterinária do aeroporto para ser liberada.
Jaqueline disse que sua mãe precisou levar Esperança de volta para o aeroporto com a alça da bolsa, pois eles não tinham uma coleira e também não poderiam pegá-la no colo.
“Meus pais estão chorando até agora após o trauma, eu estou medicada, e Alexia [a cuidadora] teve a viagem prejudicada, e quase perdemos a Esperança, que é um animal de anos na família à qual temos muito amor. Minha companheira de vida. Eu chorava aqui desesperada achando que tinham perdido minha cachorra, como aconteceu com o Golden Retriever que morreu há uns tempos atrás também voando com alguma empresa aérea”, declarou Jaqueline se referindo ao caso Joca.
A brasileira esclareceu que fez uma denúncia à companhia aérea, ao aeroporto e ao Superior Tribunal Federal (STF), que encaminhou para a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). "O STF foi o único que me respondeu, ninguém mais se manifestou. Não falaram comigo e nem com a Alexia, nem com a minha mãe. A gente resolveu toda a situação por conta. O que a gente quer é justiça", declarou.
Por fim, a tatuadora diz que, nesse momento, ainda sem ter voltado para o Brasil, sente um misto de alívio e indignação. “O que acalma o coração é ela estar em casa".
O que diz o aeroporto
Em nota ao Terra, o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, afirmou que o transporte e o cuidado com animais são de responsabilidade exclusiva das companhias aéreas ou de prestadores de serviço por elas contratados.
“A companhia TAP não informou sobre o ocorrido com o cachorro. A GRU Airport segue rigorosamente todos os protocolos internacionais e as normas da Aviação Civil brasileira, e reforça que não foi acionada ou comunicada sobre o incidente em questão. Por esse motivo, o protocolo de busca não foi iniciado”, finalizou.
A reportagem pediu um posicionamento da companhia TAP Air Portugal, mas não teve retorno até o momento. O espaço permanece aberto para manifestações.