O barulho dos fogos de artifício costuma marcar festas de fim de ano, mas, para muitos cães e gatos, esse momento é sinônimo de estresse. Em vez de celebração, o que se observa em diversos lares é tremedeira, tentativa de fuga, respiração ofegante e dificuldade de relaxar. A reação não é exagero: para esses animais, o som dos rojões é percebido de forma muito mais intensa do que pelos humanos.
Esse medo não acontece apenas em animais "sensíveis". Mesmo cães e gatos que parecem tranquilos no dia a dia podem apresentar forte ansiedade durante queimas de fogos. Isso se deve a fatores físicos, como a audição mais aguçada, e também a experiências anteriores, ambiente em que vivem e até à forma como as pessoas reagem ao redor deles nessas ocasiões.
Por que cães e gatos têm medo de fogos de artifício?
A principal explicação está na sensibilidade auditiva. Cães e gatos escutam em frequências mais altas e com muito mais intensidade do que os humanos. Assim, o estrondo dos fogos de artifício, que já é alto para pessoas, torna-se um som extremamente agressivo para os animais. Além disso, esses ruídos surgem de forma inesperada, em intervalos irregulares, o que dificulta qualquer tipo de adaptação.
Outro ponto é que, na natureza, barulhos altos e repentinos costumam estar associados a perigo, como tempestades, desmoronamentos ou ameaças de predadores. O organismo do animal reage como se estivesse diante de uma situação de risco real. O corpo libera hormônios ligados ao estado de alerta, o coração acelera e o animal procura abrigo. Sem entender a origem dos fogos, cães e gatos interpretam o som como algo potencialmente ameaçador.
Como o organismo dos animais reage ao barulho dos fogos?
Quando começa a queima de fogos de artifício, muitos cães e gatos entram em um quadro de estresse agudo. A audição capta o estrondo, o cérebro interpreta como ameaça e aciona uma resposta automática de "luta ou fuga". Nessa fase, é comum observar sinais como pupilas dilatadas, salivação excessiva, tremores, tentativa de se esconder ou, em alguns casos, comportamento agressivo por pura defesa.
Em animais mais sensíveis, a sequência de fogos pode desencadear episódios de pânico, com respiração acelerada, latidos ou miados constantes, arranhões em portas e janelas e até tentativas de fuga que podem resultar em acidentes. Em cães mais velhos ou com doenças cardíacas, esse estresse pode representar risco adicional, exigindo atenção redobrada dos tutores e acompanhamento veterinário preventivo.
Quais sinais indicam medo de fogos de artifício?
Identificar cedo o medo de fogos ajuda a reduzir o impacto sobre cães e gatos. Entre os sinais mais frequentes estão:
- Tremores, inquietação ou dificuldade para ficar parado;
- Esconder-se embaixo de móveis, atrás de cortinas ou em cômodos escuros;
- Latidos, uivos ou miados intensos e fora do padrão habitual;
- Respiração ofegante, salivação em excesso e ritmo cardíaco acelerado;
- Comportamentos destrutivos, como arranhar portas, roer objetos ou tentar cavar;
- Fuga ou tentativa de escaparem pela porta, janela ou portão.
Em alguns gatos, o medo pode ser mais silencioso: o animal se esconde e permanece imóvel por longos períodos. Em cães muito assustados, também pode haver perda temporária de apetite ou recusa em beber água, o que, se prolongado, merece avaliação profissional.
Como proteger cães e gatos durante fogos de artifício?
Existem estratégias simples que podem reduzir o impacto dos fogos de artifício sobre cães e gatos. Uma delas é preparar com antecedência um ambiente seguro, onde o som seja um pouco abafado e o animal se sinta protegido. Esse local pode ser um quarto interno, um banheiro ou qualquer espaço longe de janelas e portões.
Algumas medidas práticas incluem:
- Fechar portas, janelas e cortinas para diminuir o barulho e os clarões;
- Ligar TV, rádio ou ventilador para criar um "ruído de fundo" constante;
- Disponibilizar caminhas, mantas e brinquedos familiares dentro do ambiente seguro;
- Evitar deixá-los sozinhos em áreas externas, como quintais ou varandas;
- Colocar identificação atualizada na coleira, em caso de fuga.
Em alguns casos, profissionais indicam o uso de acessórios calmantes, como coletes de compressão suave, ou métodos de dessensibilização sonora ao longo do ano, sempre com orientação técnica. Medicamentos só devem ser usados com prescrição veterinária, já que cada animal reage de forma diferente.
Preparação antecipada ajuda a reduzir o medo de fogos?
A adaptação prévia costuma ter efeitos positivos, principalmente quando iniciada com antecedência. Programas de dessensibilização utilizam gravações de fogos em volume baixo, aumentando gradualmente a intensidade, enquanto o animal realiza atividades agradáveis, como receber petiscos ou brincar. Com o tempo, o cérebro associa o barulho a experiências neutras ou positivas, diminuindo a reação de medo.
Além disso, a rotina ao redor do animal nos dias de festas de fim de ano pode ser organizada para trazer mais segurança. Planejar passeios em horários mais calmos, evitar mudanças bruscas de ambiente e manter contato próximo com o animal durante os fogos contribuem para que cães e gatos atravessem esse período com menos estresse. Dessa forma, a celebração de fim de ano se torna mais segura tanto para as pessoas quanto para os animais de companhia.