Com a chegada das férias escolares, viagens, passeios e dias fora da rotina passam a fazer parte da vida das famílias e, junto com eles, mudanças inevitáveis na alimentação das crianças. Horários diferentes, mais lanches fora de casa, guloseimas e menos previsibilidade costumam preocupar pais e cuidadores. Mas, esse período não precisa ser sinônimo de culpa ou desorganização alimentar.
Para Renata Riciati, nutricionista materno-infantil, o segredo está no equilíbrio. "Nas férias, a alimentação quase sempre sai da rotina e tudo bem. O erro é tentar manter um padrão rígido em um período que, por natureza, é diferente. O foco deve ser em consistência e segurança, não em perfeição", explica.
Segundo a especialista, manter alguns pilares simples ajuda a criança a não "perder o eixo" alimentar, mesmo com mais flexibilidade no dia a dia.
Pilares que podem ajudar nas férias escolares
1- Aceite que a rotina muda
Viagens, passeios e horários diferentes impactam o apetite e as escolhas alimentares. "Não é o momento de expectativas rígidas. A criança tende a se autorregular quando a rotina volta", orienta Renata.
2- Mantenha alguns pilares básicos
Mesmo com liberdade, alguns pontos não devem faltar:
- Hidratação ao longo do dia
- Oferta de frutas ao menos duas vezes ao dia
- Alguma fonte de proteína nas refeições
- Lanches minimamente nutritivos disponíveis
"Não precisa ser perfeito, só não deixar faltar completamente", reforça.
3- Evite batalhas à mesa
Nas férias, a criança come mais por prazer do que por relógio. Forçar, insistir ou brigar tende a piorar a relação com a comida. "Respeitar o apetite e flexibilizar horários reduz conflitos e ansiedade", diz.
4- Planeje lanches para passeios
Ter opções práticas evita depender apenas de guloseimas em locais turísticos. Frutas, sanduíches simples, iogurtes e mix de castanhas (para maiores de 2 anos) são boas alternativas.
5- Doces: limite combinado funciona melhor que proibição
Nas férias, doces aparecem mais e isso não é um problema quando há previsibilidade. "Combinar antes, não usar doce como recompensa e deixar a criança participar da escolha ajuda a reduzir pedidos constantes", explica a nutricionista.
6- Atenção às bebidas açucaradas
Refrigerantes e sucos industrializados costumam aumentar nesse período. Alternativas como água de coco, sucos naturais diluídos e águas saborizadas ajudam a equilibrar.
7- Sono também influencia a alimentação
Crianças que dormem mal tendem a consumir mais açúcar, rejeitar refeições e apresentar mais birra. "Manter algum padrão de sono ajuda diretamente no comportamento alimentar", alerta.
8- Aproveite as refeições compartilhadas
O clima mais relaxado das férias favorece refeições em família e experimentações. "Quando a criança participa da escolha e compartilha o prato com adultos, a qualidade da alimentação melhora naturalmente", afirma Renata.
9- A volta para casa não precisa ser traumática
Segundo a especialista, comer fora do padrão por alguns dias não compromete hábitos construídos ao longo do ano. "Retomando horários, pratos conhecidos e rotina, o ajuste acontece rapidamente", tranquiliza.
"Férias são para criar memórias, não para transformar a alimentação em um campo de batalha. Com pequenas estratégias, é possível atravessar esse período de forma leve e saudável", finaliza Renata Riciati.