Deveríamos estar dormindo, mas o dedo continua deslizando pela tela, passando por vídeos no TikTok, reels no Instagram ou publicações no X. Um meme viral, um incêndio na região ou uma nova crise política nos mantém presos ao celular. E, mesmo exaustos, não conseguimos parar. Se essa cena lhe parece familiar, seja bem-vindo ao clube do doomscrolling.
O termo ganhou força durante a pandemia e descreve o hábito de consumir por longos períodos notícias negativas ou angustiantes, principalmente nas redes sociais. Por trás desse comportamento, hoje comum a boa parte da população, existe uma série de processos químicos no cérebro que a ciência tem investigado de perto.
A armadilha do cérebro
Para entender por que praticamos doomscrolling, é preciso lembrar que o cérebro humano não evoluiu para lidar com X ou TikTok, mas para garantir a sobrevivência. Até pouco tempo atrás, estávamos caçando para comer ou fugindo de ameaças na natureza — algo que nossa mente ainda considera relevante.
A literatura científica recente mostra que o simples ato de deslizar a tela ativa, a cada interação, os circuitos de recompensa, como o sistema dopaminérgico. Ele nos impulsiona a buscar mais informações, porque, do ponto de vista evolutivo, saber "onde está o perigo" era essencial. O problema é que, nas redes, o algoritmo não tem limite e podemos passar horas — ou o dia inteiro — consumindo esse tipo de conteúdo.
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