A véspera e o dia de Natal costumam evocar imagens bem conhecidas: mesa farta, família reunida e presentes. Mas, fora desse "roteiro" mais comum, muitos países celebram de maneiras surpreendentes - guiados por tradições de acordo com o clima, história, folclore, religião ou até marketing de cada local.
Entre rituais de recolhimento, programas de TV que viraram patrimônio afetivo e costumes que misturam humor e simbolismo, essas tradições revelam uma ideia bonita: o espírito natalino muda de forma, mas mantém o mesmo coração - encontro, cuidado e esperança.
Conheça tradições inusitadas de Natal
Suécia: o Natal começa às 15h com… Pato Donald
Na Suécia, o relógio marca um compromisso inegociável: às 15h do dia 24, milhões de pessoas ligam a TV para assistir ao especial do Pato Donald. A tradição existe desde 1959 e virou um ritual pré-ceia - quase como um "aquecimento emocional" antes de abrir os presentes.
Finlândia: velas no cemitério e uma noite de recolhimento
Na Finlândia, a véspera de Natal tem um tom mais silencioso. Muitas famílias visitam cemitérios para acender velas em homenagem a quem já se foi. A imagem costuma ser marcante: neve, túmulos e centenas de luzes suaves iluminando o espaço. Mais do que tristeza, o gesto é visto como um momento de paz - uma forma de incluir a memória na celebração.
Islândia: livros, silêncio e aconchego
Na Islândia, a véspera de Natal tem uma beleza intimista: a tradição do Jólabókaflóð incentiva a troca de livros e uma noite de leitura, geralmente acompanhada de bebida quente. É um Natal que valoriza o lar, o silêncio e a presença - uma pausa real no ritmo do mundo.
Japão: frango frito e um Natal com clima romântico
No Japão, o Natal não é uma tradição religiosa para a maioria da população, mas virou uma celebração cultural com características próprias. Uma delas é famosa: comer frango frito na noite do dia 24 - hábito impulsionado por uma campanha do KFC nos anos 1970 e que acabou se consolidando. Hoje, a procura é tão grande que muita gente faz encomenda com antecedência. E há mais: a data também ganhou um tom romântico, com casais celebrando a véspera como se fosse um "Dia dos Namorados" local.
Noruega: vassouras "escondidas" e uma mesa de inverno
Na Noruega, existe o costume de guardar vassouras antes de dormir na véspera de Natal, por uma crença antiga de que espíritos ou bruxas poderiam usá-las para voar. No prato, o Natal é bem de inverno: carnes típicas, receitas reconfortantes e sobremesas que escondem "sinais" de sorte para o ano novo.
México: Posadas, piñata e celebração que começa antes
No México, o Natal não é "só" o dia 24: as festividades começam em 16 de dezembro com as Posadas, procissões que recriam a busca de Maria e José por abrigo. O período culmina na véspera com música, comidas típicas e a tradicional piñata, carregada de significado simbólico.
Espanha: o presépio ganha um personagem improvável
Na Catalunha, os presépios tradicionais incluem uma figura inusitada: o caganer, um bonequinho agachado, com as calças arriadas. Apesar do choque inicial, o sentido é simbólico: em uma cultura com raízes agrícolas, ele é associado à fertilidade e prosperidade. A tradição existe desde pelo menos o século XVIII e, com o tempo, ganhou versões contemporâneas - incluindo celebridades e figuras públicas inseridas na cena do presépio.
O que essas tradições dizem sobre a gente?
No fim das contas, olhar para o Natal ao redor do mundo é lembrar que cultura também é cuidado. Às vezes, ele aparece na mesa; em outros lugares, no cemitério iluminado, em um livro aberto ou em um desenho repetido todos os anos. E talvez seja esse o encanto: o Natal muda de roupa, mas continua convidando para a mesma coisa - criar memória, fortalecer vínculos e abrir espaço para esperança.