Saiba como o leite materno reduz as chances de obesidade infantil

Estudo da OMS afirma que amamentação exclusiva até os seis meses diminui risco em 25%

6 ago 2019 - 15h10

É inquestionável que o leite materno é o melhor alimento que uma criança pode ter no começo da vida. A amamentação exclusiva até os seis meses, e prolongada até os dois anos de idade com alimentos complementares apropriados, é comprovadamente protetora em diversos aspectos. Um deles é contra a obesidade infantil, e isso pode ser explicado por diferentes fatores.

"O leite materno tem uma ação na parte hormonal diferente da fórmula. Quando o bebê ingere fórmula, tem resposta mais intensa da insulina e acumula mais gordura no corpo", diz Mônica Carceles Fráguas, pediatra neonatologista da Maternidade Pro Matre Paulista.

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A pediatra Loretta Campos, conselheira internacional em aleitamento materno, afirma que o leite da mãe é próprio para o recém-nascido e tem menos gordura do que a fórmula. A gordura que há no alimento natural é especial e melhora o desenvolvimento cerebral do bebê.

"Também é comprovado que previne doenças cardiovasculares, melhora o desenvolvimento orofacial, a imunidade, diminui as cólicas e, para a mãe, previne câncer de ovário e de mama", diz Loretta. É por todos esses aspectos positivos que a Semana Mundial do Aleitamento Materno, que começou em 1º de agosto e vai até o dia 7, reforça a importância dessa prática.

Outro fator que as pediatras citam é que, no peito, o bebê regula a saciedade por conta própria. Quando se dá fórmula na mamadeira, geralmente ele vai consumir mais do que mamaria no seio porque o fluxo é mais forte, a quantidade de leite é maior e é mais fácil sugar.

Porém, a fórmula não é o vilão da história. Há casos em que a mãe não pode amamentar, como mulheres portadoras do vírus HIV, que fizeram mastectomia, com doença genética ou outros problemas de saúde dela ou do bebê que os afastam desse momento.

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Nessas situações, o leite formulado é necessário, mas nem sempre resultará em obesidade infantil. "Tem de tomar a quantidade certa e fazer controle de peso com pediatra. Se tiver ganhando muito peso, vai ver o porquê, se está dando a mais, se entrou outro alimento", diz Mônica.

Aleitamento materno contra obesidade no futuro

Mônica acrescenta que, durante a amamentação, a criança experimenta sabores diferentes, porque o leite varia de composição de um dia para o outro, ao longo dos meses e de acordo com a alimentação da mãe. Com isso, "o bebê vai ter um paladar mais fácil depois".

O que ela diz é citado em um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) que descobriu que o aleitamento materno exclusivo até os seis meses reduz em até 25% o risco de obesidade infantil. O texto afirma que as crianças que foram amamentadas parecem ter preferências alimentares mais favoráveis no futuro, comendo mais frutas e vegetais do que aquelas que são alimentadas com fórmula.

A OMS constatou, após ajustes demográficos, que crianças que nunca foram amamentadas eram 22% mais propensas a serem obesas. Para quem o aleitamento durou menos de seis meses, o risco caía para 12%, todas comparadas com as que foram amamentadas por mais de seis meses. Já a proteção para bebês que foram exclusivamente amamentados por seis meses chegou a 25%. Na introdução, o estudo cita uma pesquisa que descobriu que cada mês adicional de amamentação estava associado a uma redução de 4% na prevalência de sobrepeso.

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O papel da família no sucesso do aleitamento materno

A OMS reconhece que a adoção do aleitamento materno exclusivo até os seis meses está abaixo das recomendações mundiais. Os motivos englobam condições socioeconômicas, acesso à informação e fatores de saúde, da mãe ou do bebê, que impedem a prática. No mais, as pediatras reforçam que a família, não só a mãe, e uma rede de apoio são essenciais para o sucesso da amamentação.

Mônica diz que não é só a questão do leite materno ou da fórmula que influenciará no risco de obesidade infantil. "Os hábitos alimentares da família são muito importantes para se ter uma saúde e um peso ideais. As famílias com sobrepeso tem bebês já com propensão. Desde o nascimento, a família se preocupa muito com o peso do bebê, com a perda de peso inicial, e já pedem para complementar."

Ela explica que a perda de peso inicial é normal e não deve preocupar os pais. Isso ocorre porque o bebê nasce com uma gordura extra especial que é perdida nos primeiros dias de vida. "Mas se o bebê toma só leite materno, já tem um prognóstico melhor", completa a pediatra.

Ter pessoas que colaboram com a amamentação em outros aspectos também é essencial para que a mulher esteja disponível e bem, física e mentalmente, para nutrir o bebê. "O aleitamento materno demanda mais da mulher. Por outro lado, tendo uma rede de apoio, fica mais fácil. O pai não tem peito para dar, mas tem colo, todo mundo pode dividir o colo, colocar para arrotar", explica Loretta.

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A médica diz que o vínculo que o bebê cria com os familiares está muito ligado ao cuidar, e a amamentação é só uma das formas de construir esse amor. "Hoje, a família é muito importante para a criança se sentir acolhida e amada. E a rede de apoio faz muita diferença para superar as dificuldades que surgem no início da amamentação e para mantê-la", completa.

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