Exposição mostra como Frida Kahlo usava moda para cobrir imperfeições

6 out 2012 - 18h06
(atualizado às 18h06)

A tendência para moda feminina no final dos anos 1930 pedia vestidos estruturados. Porém, a pintora surrealista Frida Kahlo mantinha um estilo próprio que a transformou em um ícone da moda. A mexicana adora se enfeitar com fitas, usar saias rodadas e blusas soltas com bordados, estampa de flores e cores vivas. No entanto, segundo os curadores do Museu Frida Kahlo, na Cidade do México, que organizam uma exposição com o armário da artista, as roupas de Frida eram usadas para disfarçar suas dores físicas e emocionais. As informações são do jornal Daily Mail.

Considerada ícone fashion, a pintora Frida Kahlo usava suas roupas para esconder imperfeições do corpo causadas por problemas de saúde
Considerada ícone fashion, a pintora Frida Kahlo usava suas roupas para esconder imperfeições do corpo causadas por problemas de saúde
Foto: AP

Ainda criança Frida teve poliomielite, doença conhecida como paralisia infantil, e aos 18 anos sofreu um acidente de ônibus. Durante a vida adulta sofreu com abortos espontâneos e inúmeros casos de seu marido, o famoso pintor Diego Rivera. Suas saias, sempre volumosas e longas, escondia sua perna direita, mais fina do que a esquerda, enquanto a blusas soltinhas encobria o espartilho rígido, que usava para aliviar suas dores nas costas. "Ela mesma descreveu como usou suas roupas para cobrir as imperfeições de seu corpo", disse Circe Henestrosa, curador da exposição, em entrevista à Associated Press.

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A exposição As Aparências Enganam: os Vestidos de Frida Kahlo vai incluir peças da artista como saias, blusas, capas e camisas. A mostra ainda terá o espartilho usado por Frida em seu autorretrato A Coluna Partida, e um brinco, presente de Pablo Picasso, que aparece em outro quadro da pintora. "Ela tinha um enorme autoconfiança. Estava convencida de que o que ela usava transmitia como era internamente", disse Alejandra Lopez, restauradora de arte do museu.

Muitas das blusas de Frida foram feitas sob medida. Segundo os organizadores da exposição, ela comprou os tecidos e os levou para costureiras indianas. “O vestido Tehuana foi uma peça que levava a assinatura de Frida. Ela o usava com grandes brincos de ouro e flores sobre seu cabelo trançado. Não é um vestido que ela escolheu por acaso", disse Circe. O vestido se tornou parte de seu visual característico em diversos autorretratos e foi copiado por diversas mulheres ao redor do mundo. E a diretora do museu, Hilda Trujillo, acredita que a exposição irá aumentar a influência de Frida na moda ainda mais.

Após a morte de Frida, em 1954, seu marido ordenou que suas roupas ficassem trancadas por 15 anos. Diego faleceu três anos mais tarde, deixando a colecionadora de arte Dolores Olmedo como gerente de sua casa, que se recusou a liberar o acesso ao arquivo com cartas, roupas, joias e fotografias de Frida. Depois da morte de Dolores, três vestidos de Frida por expostos pelo museu em 2007, causando furor no mundo da moda. "A história de Frida começou a mudar com a descoberta de suas coisas", disse Hilda. A vida de sofrimento da artista foi o tema de suas pinturas, e inspirou livros, peças de teatro e do filme Frida, de 2002, estrelado por atriz mexicana Salma Hayek.

A fama da pintora fora do México começou na década de 1980 com a publicação de sua biografia por Hayden Herrera, que ganhou destaque até fora do círculo artístico. A partir de então, estilistas e fotógrafos começaram a se inspirar em Frida, como o que ocorreu com a coleção de Gaultier de 1998. Durante a última semana de Madri, a coleção de Maya Hansen também pareceu receber certa influência da pintora em vestidos com espartilho, flores e padrões de estampas de esqueletos.

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Fonte: Terra
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