Pesquisadores brasileiros encontraram deformações em cavalos-marinhos no litoral sul de Pernambuco, possivelmente devido ao derramamento de óleo em 2019. O estudo, realizado na Ilha de Cocaia, comparou criaturas afetadas com aquelas de áreas não contaminadas.
Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros de universidades do Sergipe e de Pernambuco, em conjunto com o Instituto Hippocampus, encontro deformações em cavalos-marinhos no litoral sul pernambucano. A pesquisa sugere que há uma relação entre tais más-formações com o derramamento de óleo que atingiu as praias do Brasil em 2019. Até hoje, não se sabe qual foi a origem do vazamento.
Os resultados do estudo foram aceitos por uma revista científica no último domingo, 16. No artigo, os pesquisadores mostram que encontraram cavalos-marinhos com: escoliose/lordose; focinho deformado; boca deformada; edema ocular; olho faltando; olhos em roseta; edema do saco vitelínico; e nanismo.
O estudo analisou animais de uma região afetada pelo óleo, na Ilha de Cocaia, que fica entre Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, no Grande Recife, e comparou com aqueles cavalos-marinhos que vivem no Rio Massangana, que não foi atingido pelo desastre ambiental.
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"Foi encontrada uma separação clara e absoluta entre todos os descendentes da área impactada com malformação ou dano deletério total (abortados) versus nenhuma malformação na área de controle. Vale ressaltar que os cavalos-marinhos se reproduziram em condições controladas de laboratório, livres de contaminantes na água; mesmo assim, os descendentes da Ilha de Cocaia apresentaram malformações nos seis eventos reprodutivos monitorados, evidenciando o efeito do derramamento de óleo gerando uma alta frequência de malformações", detalha trecho do artigo.
"Podemos considerar também que em 20 anos de pesquisa em Pernambuco, coletando casais e/ou machos grávidos para estimar a fertilidade de poluentes em diversas localidades, como Maracaípe, Tamandaré, Itapissuma, Igarassú, etc., nunca encontramos outros casos de malformação antes do acidente com o óleo", diz outra parte do texto.
Apesar da possível relação, os pesquisadores afirmam que não é possível afirmar categoricamente a origem da toxicidade em cavalos-marinhos. Isso porque o estudo foi realizado em uma região portuária, que também pode ser a origem da toxicidade. Ainda assim, os pesquisadores consideram que há muitas evidências que levem ao derramamento de óleo.