ENVIADA ESPECIAL A BELÉM- O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) cobrou os países a agirem para evitar o agravamento das mudanças climáticas durante a plenária de abertura do segmento de alto nível da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30), em Belém, nesta segunda-feira, 17.
"O tempo das promessas já passou. Cada fração de grau adicional no aquecimento global representa vidas em risco, mais desigualdade e mais perdas para aqueles que menos contribuíram com o problema", disse.
A plenária de alto nível marca o início da semana mais política da COP, quando os ministros dos países chegam para iniciar as negociações e bater o martelo sobre as decisões tomadas na COP. No discurso, Alckmin afirmou que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconhece suas responsabilidades e repetiu as prioridades do Brasil na conferência:
"Somos guardiões de um dos maiores biomas do planeta, e a Amazônia é peça vital para o equilíbrio climático global. Nosso compromisso, de todos nós: elaborar os mapas do caminho para a transição energética e o fim do desmatamento ilegal", disse.
Apesar da defesa, o governo apoiou o pleito da Petrobras para buscar petróleo na Margem Equatorial, na foz do Rio Amazonas, o que motivou críticas dos especialistas diante da perspectiva de mais queima de combustíveis fósseis, o principal vilão do aquecimento global.
A licença foi emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em outubro, que disse ter constatado a segurança técnica do projeto.
Alckmin afirmou que a transição energética deve ser justa e "não deixar ninguém para trás". O vice-presidente disse ainda que o Brasil chega à COP reafirmando o compromisso com a energia limpa.
"Temos a matriz energética mais renovável entre as grandes economias e somos pioneiros em biocombustíveis e bioenergia", afirmou.
O vice-presidente citou a redução do desmatamento na Amazônia em 50% e a proposta do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), lançado pelo Brasil na Cúpula de Líderes, que antecedeu a conferência climática.
"Convido os líderes aqui presentes a agirem com esse mesmo senso de urgência, de pragmatismo e de esperança. O tempo de agir é agora", finalizou.
O secretário da UNFCCC (braço de clima da ONU), Simon Stiell, também discursou. Ele parabenizou os países pelo "espírito de boa vontade" na primeira semana da cúpula. Apesar disso, pediu para que os países abordem rapidamente os tópicos mais difíceis.
"Quando estas questões são adiadas para além do prazo estipulado, todos saem perdendo. Não podemos, de forma alguma, perder tempo com manobras táticas ou obstrução", destacou. Segundo ele, é preciso acelerar as negociações e "arregaçar as mangas" e "o tempo da diplomacia meramente formal já passou".