Um som alto e penetrante ecoou pelos corredores da Zona Azul nesta segunda-feira, 17, na última semana de negociações da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30). Whaia, da tribo indígena Māori, da Nova Zelândia, chamou atenção de quem passava pela área restrita com uma concha em formato de trompete.
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Mesmo sem credencial, a integrante da Wisdom Keepers Delegation 'deu um jeitinho' para entrar na área restrita do evento com a missão de clamar por proteção aos oceanos. Ao lado dela, outros integrantes da organização seguravam cartazes com os dizeres "comprometa-se com o oceano" e "a acidificação do oceano chegou ao limite, aja agora".
A Nova Zelândia, inclusive, foi 'honrada' com o 'Fóssil do Dia' nesta segunda-feira, 17, o 'antiprêmio' concedido pela organização Climate Action Network International (CAN). Após emitir o som com a concha, Whaia discursou para os participantes da COP30 presentes em sua manifestação com um discurso no seu idioma original e, em seguida, em inglês.
"Nós mantemos relacionamentos com a água. Tudo é água, água é vida. Uma família está caminhando lá fora, no calor, para ter suas vozes ouvidas e nós, agora, somos privilegiados por estarmos neste espaço, nesta sala, nestes corredores, quando tantas pessoas estão caminhando para que suas vozes sejam ouvidas", iniciou.
De acordo com a indígena Māori, as pessoas que moram em lugares banhados por águas salgadas estão diretamente ligadas àquelas que protegem os rios e as florestas. "Somos conectados a todas as águas preciosas do planeta. Nós lutamos pela voz daqueles que não podem fazer isso, aqueles que vivem sob as águas, como as baleias, polvos e plânctons", acrescentou.
Na cultura Māori, a concha em formato de trompete é chamada de "pūtātara". Ela é feita de conchas de caracol marinho e serve para sinalizar uma cerimônia de boas-vindas ou convocar pessoas para um anúncio, que foi o caso de Whaia durante a COP30.
"Aqui, nós nos comprometemos com a frequência do oceano, com a mudança consciente. Uma mudança em nossa própria consciência quando estamos tomando decisões sobre o que está acontecendo com nosso lar, com a nossa família. Estenda uma mão para um indígena e faça uma aliança, para que possamos combater isso juntos", completou.
A Wisdom Keeper Delegation se descreve como uma instituição global de populações indígenas que protegem a terra. "Nosso grupo diverso traz um profundo conhecimento das nossas terras, representando a voz dos mais velhos e dos mais jovens. Nós carregamos a responsabilidade sagrada de cuidar do equilíbrio da vida na Mãe Terra, guiados pelas experiências dos nossos povos e dos nossos ancestrais que nos passaram o ensinamento por gerações", diz a organização.