Janja Lula da Silva participou da COP30 como enviada especial para questões de gênero, com destaque para críticas ao premiê alemão, defesa da Amazônia, tietagem de apoiadores e ênfase na conservação dos oceanos.
A passagem de Janja Lula da Silva pela COP30 nesta terça-feira, 18, rendeu tietagem de apoiadores, cutucada no primeiro-ministro alemão e preocupação com os oceanos. Como enviada especial para trabalhar com temáticas de gênero, a primeira-dama brasileira cumpriu uma série de agendas na conferência.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Durante o painel Mulheres que Alimentam, no Food Roots and Routes Pavilion (Zona Azul), Janja rebateu as críticas do premiê alemão à Belém. Segundo ela, Friedrich Merz não conheceu a Amazônia de verdade. "Ele achou ruim porque não pisou nesse território. Ele entrou em uma sala com ar-condicionado e realmente não viveu tudo o que a Amazônia tem a oferecer, o que a cidade de Belém tem a oferecer ao povo e ao povo da Amazônia", afirmou.
A afirmação é uma resposta à fala de Merz sobre a satisfação de sua comitiva em deixar Belém. O líder conservador europeu afirmou que jornalistas alemães ficaram "contentes" por terem retornado à Alemanha, "especialmente daquele lugar onde estávamos", ao se referir à capital paraense. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia criticado a postura do premiê mais cedo.
Janja também destacou uma viagem que fez com o presidente Lula pelos biomas brasileiros antes da COP30. "Fizemos toda uma trilha dentro da Floresta Amazônica. Fizemos uma reunião em que as mulheres estavam em uma ‘Sala da Floresta’. Foi uma experiência incrível pisar naquele território, naquele chão ancestral que carrega tanto simbolismo”, disse.
De acordo com a primeira-dama, o presidente Lula insistiu para que a COP30 fosse na Amazônia por um bom motivo. “É justamente para que as pessoas de fora ouvissem a Amazônia e para que a Amazônia fosse ouvida e, principalmente, para que as mulheres amazônicas fossem ouvidas. Infelizmente teve gente que foi para seu país e achou ruim [a COP em Belém]”, ressaltou.
Tietagem pelos corredores
Além do painel sobre alimentação, Janja participou de uma conversa sobre a conservação dos oceanos no Pavilhão Brasil. No caminho, a primeira-dama foi tietada por diversos apoiadores, que pediram fotos e conversas.
Maristela Rodrigues de Oliveira, de 45 anos e presidente da organização da sociedade civil Amigos do Rio (Goiás), foi uma das pessoas que conseguiu abordar Janja. Maristela veio de Porangatu para participar da COP30.
"Não foi fácil chegar até aqui porque foi uma surpresa. Mandei a inscrição para a conferência por meio de um edital e acabei sendo selecionada para estar aqui na Zona Azul, uma área realmente pra ter oportunidade de dialogar e trazer ideias. É muito satisfatório estar aqui", explicou ao Terra.
Maristela explicou que sua organização ensina mulheres a produzir mel de forma sustentável e a obter bioeconomia. "Nós solicitamos à primeira-dama uma pauta no ministério para que possamos ampliar a nossa educação ambiental, para que possamos expandir esse modelo não para o Brasil, mas para o mundo, Ela agendou uma pauta e nós estamos muito felizes e prontos para mostrar nosso projeto para ela", acrescentou.
Conservação dos oceanos
Finalizando a agenda, Janja integrou um painel sobre conservação dos oceanos no Pavilhão Brasil. A primeira-dama revelou que acredita que o "mapa do caminho" (roadmap, em inglês) é a estratégia necessária para salvar os oceanos.
"Quando falamos sobre isso, estamos falando também sobre salvar vidas. A possibilidade do oceano sumir é enorme. Eu espero que na COP31, a gente venha com muito mais força com essa proposta de incluir os oceanos nas negociações, nas NDCs, acho muito importante", ressaltou.
Segundo Janja, o presidente Lula teve um olhar mais cuidadoso com o tema após assistir a um documentário sobre branqueamento de corais. "A gente começou a se interessar mais por isso, o que acabou resultando em muitas reniões. O Brasil tem vários legados a deixar com a população e muitos legados a deixar na COP30, um deles é colocar o oceano na pauta", concluiu.