Com dinossauro inflável, clima de circo e público empenhado, antiprêmio ‘Fóssil do Dia’ vai para o Japão no 4º da COP30

Entenda o que é o prêmio, organizado ironicamente pela Climate Action Network em COPs pelo mundo

13 nov 2025 - 20h01
(atualizado às 20h59)
Momento 'Fóssil do Dia' acontece diariamente na Zona Azul da COP30, às 18 horas
Momento 'Fóssil do Dia' acontece diariamente na Zona Azul da COP30, às 18 horas
Foto: Beatriz Araujo/Terra

Por volta das 18h, o ruído das conversas na Zona Azul da COP30, em Belém (PA), é substituído por uma música. Os credenciados do evento já sabem o que está por vir: o antiprêmio “Fóssil do Dia”, homenageando com humor e informação quem está fazendo “mais para alcançar o mínimo”. Nesta quinta-feira, 13, no quarto dia da Conferência, as "honras" foram para o Japão.     

O antiprêmio é anunciado por duas pessoas fantasiadas: um homem de chapéu preto, máscara e traje que transforma seu corpo em um esqueleto, acompanhado de outra pessoa vestida de dinossauro inflável, igualmente “só no osso”.

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A ação é organizada pela Climate Action Network-International (CAN), rede global de organizações da sociedade civil presentes em mais de 130 países que têm como foco o combate à crise climática. Eles fazem a intervenção na COP há 16 anos.

Na COP30, todos os dias é escolhido o “perdedor” da vez, uma forma bem-humorada de destacar quem mais atrapalhou o avanço das negociações climáticas que ocorrem a portas fechadas. O antiprêmio funciona como um termômetro do dia.

Nesta quinta, o escolhido foi o Japão. Eles explicaram, entre pedidos de vaias do público, que ações promovidas pelo país como soluções climáticas – como captura e armazenamento de carbono – seriam apenas cortinas de fumaça. O Japão está entre os dez países que mais emitem combustíveis fósseis, que é um dos grandes pivôs da crise climática. O ranking é liderado pela China, seguido pelos Estados Unidos. 

No dia anterior, quarta-feira, 12, o Reino Unido foi o escolhido. Segundo a CAN, o país se destacou por tentar bloquear o progresso nas discussões do dia do Programa de Trabalho de Transição Justa (JTWP), onde a maior parte dos países teria oferecido propostas construtivas – incluindo o G77 + China, que pediu um Mecanismo Global de Transição Justa, como revelam conforme os bastidores da COP30.

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Conforme o grupo revelou, o Reino Unido teria se recusado a reconhecer a necessidade de um mecanismo global de transição justa, afirmando que as estruturas existentes da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) eram “suficientes” e que o assunto deveria continuar a ser visto como uma questão doméstica entre as partes.

Foto: Beatriz Araujo/Terra

Não só criticas

Não são apenas críticas. O momento em que o teatro de ‘exposed’ começa, também podem ser entregues prêmios ‘Raio do Dia’, que lembram “como é a luz solar em uma sala de negociação”.

Na terça-feira, dia 11, por exemplo, o primeiro Raio do Dia da COP30 foi para o grupo G77 – coalizão que apesar do nome representa 134 países em desenvolvimento nas Nações Unidas (ONU) – e para a China.

“Com clareza refrescante (e calor em uma sessão matinal fortemente climatizada na Sala de Reuniões 18), o G77 + China pediu o estabelecimento de um Mecanismo de Transição Justa sob a UNFCCC – uma proposta que reflete muitos dos elementos centrais que a sociedade civil e os sindicatos têm avançado através do Mecanismo de Ação de Belém (BAM)”, explicaram.

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Estão entre os pontos a integração da equidade e equidade em todos os níveis de implementação; promover a coordenação e a partilha de conhecimentos entre sectores e instituições; apoio ao financiamento não gerador de dívidas para transições; fortalecimento do diálogo social; e garantir que as pessoas, e não os lucros, permaneçam no centro da ação climática.

Já na quarta-feira, dia 12, também foi dado o prêmio de “Solidariedade pela Justiça” semanal ao povo do Sudão, “em reconhecimento à sua extraordinária coragem, resiliência e compromisso inflexível com a justiça diante do sofrimento insuportável”. Esse prêmio é um “reconhecimento especial dado na COP para demonstrar solidariedade e destacar a bravura e a resiliência de um país, pessoas ou comunidade que sofrem sob opressão e violações grosseiras dos direitos humanos”.

*A repórter Beatriz Araujo viajou a Belém com apoio do ClimaInfo

Fonte: Portal Terra
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