'Carimbó me deu muitas realizações', diz dançarina paraense

Ritmo que une música e dança nasceu no Pará e tem origem indígena e africana

20 nov 2025 - 05h00
Gringos aprendem carimbó durante passeio de barco em Belém; veja vídeo
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A formação em dança de Stefani Maria da Silva Pinheiro, de 33 anos, veio da prática em uma igreja que frequentava quando era adolescente. Com o tempo, ela transformou o hobby em profissão e hoje atua como dançarina de carimbó em uma empresa de turismo, em Belém (PA). "O carimbó me deu muitas realizações. A gente levou o carimbó mundo afora. Pude conhecer a Espanha, Portugal, Alemanha, França, com toda essa riqueza e essa cultura que a gente tem", disse ao Terra.

A manifestação cultural que une música e dança surgiu no Pará e foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2014. O ritmo, que tem forte influência indígena e africana, deriva da palavra "curimbó", uma espécie de tambor usado por povos originários. 

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"Eu danço carimbó há 10 anos. No meu bairro, sempre houve essa cultura do carimbó, envolvendo trabalho com as crianças e com a igreja. A gente é muito rico em cultura, em culinária, então a gente aproveita isso ao máximo. Aqui tudo vira dança, tudo vira ritmo pra gente", afirmou. 

Stefani é dançarina de carimbó há 10 anos
Stefani é dançarina de carimbó há 10 anos
Foto: Adrielle Farias/Terra

Em uma apresentação que a reportagem do Terra acompanhou, Stefani apresentou carimbó com um parceiro. As vestimentas são caracterizadas por saias longas e coloridas para as mulheres, enquanto o traje dos homens envolve o uso de blusa e bermuda, sempre combinando com o da parceira. 

Em meio à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP30), pessoas de todas as partes do mundo estão conferindo de perto as manifestações culturais originadas do Pará. 

"Aqui, a gente coloca uma coisinha na cabeça e já está dançando. O saltinho, por exemplo, a gente dança o brega. Com a florzinha na cabeça, a gente dança o carimbó. Aqui, para a gente, tudo vira dança, ritmo e diversão", acrescentou.

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Stefani dança carimbó ao lado de um parceiro em um barco em Belém (PA)
Foto: Adrielle Farias/Terra

A paixão pelo carimbó é reafirmada por Larissa Fonseca, de 31 anos, colega de dança de Stefani. A artista performa o ritmo desde os 6 anos. "Começou quando eu era criança. Meu primeiro concurso de dança foi aos 6 anos, foi um concurso de carnaval. Eu acabei ganhando e, desde então, não parei mais de dançar", explicou. 

Larissa contou que participava de um grupo de dança regional de Belém, onde acabou tendo a oportunidade de viajar em uma turnê com a cantora paraense Joelma. "Participei da gravação do DVD dela em Brasília, no mês de outubro. Cheguei a dançar com ela na Supercopa Rei aqui em Belém, gravei dois clipes com a Joelma. Um sonho realizado", destacou. 

Questionada sobre qual é o sentimento em levar essa cultura tão rica do carimbó para o Brasil e, até mesmo, para o mundo, Larissa não hesitou em elogiar o ritmo: "Está sendo incrível para mim trabalhar com outras pessoas, conhecer outras pessoas de outros países e é uma honra poder mostrar uma das nossas culturas para outras pessoas. A energia das pessoas é muito marcante pra mim". 

*Essa reportagem foi produzida como parte da Climate Change Media Partnership 2025, uma bolsa de jornalismo organizada pela Earth Journalism Network, da Internews, e pelo Stanley Center for Peace and Security.

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Fonte: Portal Terra
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