“Alguém gritou fogo, vamos evacuar”, diz testemunha de incêndio na COP30

Assim que começou o incêndio, a chuva veio. Não há informações sobre vítimas e as negociações foram suspensas

20 nov 2025 - 15h23
Resumo
Um incêndio na Blue Zone da COP30, em Belém (PA), causou pânico, levou à evacuação rápida sem feridos, suspendeu negociações e levantou questões sobre falhas na estrutura do evento.
Incêndio na COP30, apesar de não deixar feridos, vira uma marca negativa da conferência. Não há informações sobre vítimas.
Incêndio na COP30, apesar de não deixar feridos, vira uma marca negativa da conferência. Não há informações sobre vítimas.
Foto: Everton da Silva Oliveira

“Mano, acabou de pegar fogo na Blue Zone”, avisa, assustado, o estudante de jornalismo Everton da Silva Oliveira, do Jardim Lapenna, zona leste de São Paulo. Ativista ambiental, ele participa da COP30 e presenciou o início do incêndio na Blue Zone, a principal área de negociações da conferência climática em Belém (PA).

“Não se sabe ainda o que aconteceu, mas está todo mundo sendo colocado pra fora”, continua no áudio. Com o instinto de repórter na veia, Oliveira começa a fotografar, filmar e entrevistar. Ele encontra Clara de Assis Andrade, 27 anos, de São Paulo, “muito cheiro de fumaça, estava lançando o livro Juventudes Periféricas no Combate ao Racismo Ambiental e começou muita gente correndo, e veio ordem de evacuação do espaço”.

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O estudante de jornalismo continua o relato. “O pessoal está saindo tossindo, uma grande fumaceira, desespero geral, provavelmente tudo vai parar agora, não há condições de continuar a conferência na zona azul”. Então encontro Elaine, de Belém do Pará, 49 anos.

“Quando a gente estava entrando, não sei direito o que aconteceu, mas começou o incêndio, tivemos que sair correndo”. Oliveira toma o relato da amiga da entrevistada, Maria Lúcia Nepomuceno, 63 anos, de Belém (PA).

“Como ela acabou de falar: nós acabamos de chegar e vimos a correria. Só sabemos que é fogo, é para evacuar, mas não sabemos de mais nada”. O estudante de jornalismo completa a informação: “Ainda não tem notícia de feridos, a evacuação foi muito rápida, não deu tempo de ninguém se machucar”.

“Tem algo aí que precisa ser investigado”, diz mulher que presenciou incêndio

Felipe Corona, jornalista de Rondônia, que está em Belém fazendo cobertura para três veículos, relata que “segundo informações dos colegas, houve um princípio de incêndio no ar-condicionado no pavilhão da África e o corpo de bombeiros já teria controlado o incêndio, mas a fumaça deixou muitas pessoas passando mal”.

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O jornalista acredita que, ainda hoje, os trabalhos serão retomados, pois não houve feridos e nenhum dano grave à estrutura, segundo relatos de colegas da imprensa lá dentro. Mas Oliveira discorda: “Não sei o que vai rolar, mas eu acho que vai ser meio complexo voltar as negociações agora”.

Vitória Pinheiro também estava saindo às pressas, mas citou falhas desde o início da COP30. “Isso é um sinistro, mas é uma responsabilidade em vários níveis, porque o pavilhão se iniciou com várias falhas: a gente não tinha energia direito, não tinha água, os banheiros não tinham porta, sequer. E agora, a gente está tendo um incêndio”.

Ela lembra que a estrutura custa milhões, paga com dinheiro público, “então algo aí precisa ser investigado”. Flávia Martineli, 37 anos, da ong WWF Brasil, estava dentro da conferência “quando a gente viu atrás da gente todo mundo gritando fogo. Na hora eu não sabia se era arma de fogo ou fogo de incêndio. Mas pelo menos não vi ninguém pisoteado, os bombeiros orientaram bem a saída”.

Participante se preocupa com amiga que tem baixa visão

Luciana Souza Oliveira, do Espírito Santo, integrante da rede Vozes Negras Pelo Clima, conta que, no momento em que as pessoas começaram a correr, desesperadas, ela estava no café do Pavilhão Brasil – onde estava acontecendo o lançamento de um livro. Ela não imaginou que fosse um incêndio.

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“Como eu já participei de outras conferências, eu pensei: é o Lula chegando, ou alguma celebridade. Mas aí eu ouvi uma pessoa gritando fogo, fire. Eu falei, gente, como assim? E as pessoas correndo, correndo, parecia um estrondo. Outra pessoa gritou fogo. Veio uma menina falando para evacuar”.

Luciana saiu e viu o fogo. “Do meu ponto de vista, o fogo estava muito grande. Eu comecei a falar cadê a rota de fuga, cadê a linha amarela, onde está a saída de emergência. Eu falei: vocês não pensaram nisso? Gastaram milhões e não pensaram nisso? Fiquei muito preocupada com minha amiga que tem baixa visão”.

Fonte: Portal Terra
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