A biorremediação é uma técnica sustentável que utiliza organismos vivos para tratar ambientes contaminados, neutralizando substâncias tóxicas com segurança, economia e menor impacto ambiental.
A biorremediação é uma técnica ambiental que ajuda a transformar substâncias tóxicas em compostos menos prejudiciais para o meio ambiente ou mesmo inofensivos para fauna, flora e população.
Por isso, a prática é considerada uma solução sustentável para diversos tipos de poluição que atingem solo, água e ar.
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O método se destaca como alternativa viável para reduzir impactos ambientais decorrentes da poluição, em comparação com processos químicos ou mecânicos tradicionais.
Em geral, a biorremediação tem menor custo e menor impacto ambiental, sendo uma aliada importante na preservação da biodiversidade e na recuperação de ecossistemas degradados.
O que é biorremediação?
A biorremediação é um processo biotecnológico que usa organismos vivos, como enzimas, bactérias, fungos e plantas, para tratar ambientes contaminados.
O objetivo do método é neutralizar ou degradar poluentes perigosos para restaurar a qualidade ambiental de maneira segura e econômica. A prática é usada na recuperação do solo, água ou ar poluído.
Esse método explora a capacidade natural de certos microrganismos de metabolizar substâncias tóxicas, assim como alguns vegetais, que também podem absorver ou transformar compostos poluentes. Isso amplia as possibilidades de uso da técnica, com cada organismo atuando sobre contaminantes específicos de acordo com cada situação.
O processo pode ocorrer de maneira espontânea na natureza. Porém, ele geralmente é conduzido e monitorado por especialistas para garantir maior eficácia no tratamento.
O acompanhamento também permite o controle das condições que favorecem a atividade dos organismos, pois fatores como temperatura, pH e umidade podem influenciar nos resultados da biorremediação.
A técnica é reconhecida por ser sustentável, já que não gera resíduos perigosos e reduz a necessidade de uso de produtos químicos na recuperação de áreas degradadas. Por isso, a biorremediação tem sido adotada em diferentes programas de recuperação ambiental, seja em áreas urbanas ou rurais e industriais.
Como funciona a biorremediação?
A biorremediação tem como base a ação metabólica de organismos vivos que são capazes de transformar compostos tóxicos em substâncias inofensivas ou com baixa toxicidade, como gás carbônico e água.
Esses microrganismos, presentes em plantas, bactérias, enzimas produzidas por bactérias ou fungos, se alimentam dos poluentes ou os utilizam como fonte de energia.
O processo pode ser potencializado por meio da adição de nutrientes no ambiente ou pelo controle das condições ambientais.
Entre os principais poluentes tratados por métodos de biorremediação, estão:
- Petróleo e derivados;
- Solventes orgânicos;
- Pesticidas;
- Metais pesados;
- Compostos radioativos.
Elementos como esses podem contaminar o solo, lençóis freáticos, rios, lagos e também o ar em situações como vazamentos e uso indiscriminado e contínuo, o que traz sérios riscos à saúde humana e também à biodiversidade.
Para que a biorremediação ocorra com sucesso, é fundamental que o ambiente contenha os organismos apropriados, sendo que eles também podem ser introduzidos de maneira planejada no local.
Além disso, tecnologias recentes como a engenharia genética e o uso de nanomateriais têm aprimorado os resultados da biorremediação. Essas inovações permitem modificar os organismos para que produzam mais enzimas ou atuem com maior eficiência, mesmo que sejam inseridos em condições adversas.
Principais tipos de biorremediação
Existem dois tipos principais de biorremediação. Um deles é a biorremediação in situ, que acontece diretamente no local contaminado, sem a remoção do solo ou da água contaminados.
O método é indicado quando a área em que houve contaminação é de difícil acesso, ou quando a movimentação do material contaminado pode agravar o problema. Esse tipo é menos invasivo e costuma ter menor custo, mas os resultados demoram mais.
A biorremediação ex situ, por outro lado, consiste na retirada do material poluído para ser tratado em outro local. Isso traz maior controle sobre o processo e pode acelerar a degradação dos contaminantes.
A abordagem é mais cara quando comparada à biorremediação in situ, porém é útil quando o risco de dispersão do poluente é alto ou diante da necessidade de respostas mais rápidas contra a degradação.
Existem também outras variações importantes da técnica de biorremediação:
- Na fitorremediação, plantas absorvem ou transformam contaminantes em substâncias menos poluentes ou inofensivas;
- Na bioaumentação, são introduzidos microrganismos específicos para intensificar o processo de transformação de poluentes;
- Na bioventilação, estimula-se a atividade microbiana com a injeção de oxigênio em solos contaminados.
Vantagens da biorremediação
Uma das principais vantagens da biorremediação é o baixo impacto ambiental. Por utilizar organismos naturais, o método evita o uso de produtos químicos, além de diminuir a geração de resíduos perigosos.
O método também oferece um bom custo-benefício a longo prazo, já que pode ser realizada com infraestrutura mais simples.
A solução, natural e sustentável, está alinhada às boas práticas de conservação ambiental e mitigação de danos causados por atividades humanas.
A técnica de biorremediação também é versátil e pode ser aplicada na descontaminação de solos, águas superficiais e subterrâneas, além de atmosferas com presença de gases tóxicos.
Desvantagens e limitações
Uma das desvantagens da biorremediação é o longo tempo para que os resultados desejados sejam alcançados. O ritmo do processo varia conforme alguns fatores, como o tipo de contaminante, a extensão da contaminação e as condições ambientais do local.
A eficácia do método também depende de fatores como temperatura, pH, umidade, oxigênio disponível e a presença de nutrientes. Sem esses elementos, os microrganismos podem não conseguir atuar plenamente para descontaminar o local.
Além disso, nem todos os contaminantes podem ser biodegradados. É o caso de substâncias altamente tóxicas ou sintéticas, como alguns metais pesados ou compostos fluorados, que requerem outras soluções ou combinações de técnicas de descontaminação.
Exemplos de aplicação da biorremediação
No Brasil, a biorremediação ainda é incipiente e tem sido aplicada na recuperação de áreas impactadas por vazamentos de óleo e combustíveis.
Um dos usos ocorreu em áreas contaminadas por petróleo na região da Baía de Todos os Santos, na Bahia, onde um método de fitorremediação eliminou, em 3 meses, 89% das substâncias tóxicas.
Os estudos sobre biorremediação ganharam força após 1989, com um grande derramamento de petróleo causado pela empresa Exxon Valdez no Alasca. O método foi usado no tratamento do solo contaminado e, em três anos, a área contaminada ficou restrita a 1% da área original.
Universidades e centros de pesquisa vêm desenvolvendo projetos importantes nesse campo. Um exemplo é a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que estuda o uso de enzimas imobilizadas e engenharia genética para potencializar a ação de bactérias.
Iniciativas semelhantes também são conduzidas por instituições como a Embrapa e o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).
Importância da biorremediação
A biorremediação representa um método estratégico para o futuro da recuperação ambiental, especialmente diante do avanço da degradação e de tragédias ambientais, que aumentam a demanda por soluções sustentáveis.
Com o processo de biorremediação, é possível reabilitar áreas contaminadas com segurança, economia e menor agressão ao meio ambiente. O investimento em soluções de tecnologia limpa e sustentável é essencial para preservar os recursos naturais e, também, garantir qualidade de vida para as próximas gerações.
Dessa maneira, apoiar pesquisas e políticas públicas voltadas à biorremediação e ao desenvolvimento de outras tecnologias é um passo importante para a preservação do planeta.
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