McLaren e Ferrari, acostumadas a disputar títulos em suas longas histórias na Fórmula 1, passaram a temporada de 2021 em uma interessante disputa para ser a terceira força da categoria, longe de Mercedes e Red Bull mas descoladas das demais. A McLaren chegou a vencer corrida (com direito a dobradinha), mas foi a Ferrari quem se deu melhor, com uma arrancada nas corridas finais graças a uma bem-sucedida atualização na unidade de potência.
Havia uma expectativa de que ambas pudessem subir o nível do jogo e brigar no andar de cima em 2022. A Ferrari começou o ano muito bem e, apesar da queda recente, ainda é uma forte candidata ao título. Já a McLaren, por sua vez, não deu o passo à frente que se esperava e luta a duras penas no pelotão intermediário para manter o 4º lugar.
Os problemas da equipe laranja começaram ainda na pré-temporada, no Barein, quando apenas Lando Norris participou dos testes e mal pôde ir à pista em razão de um problema de superaquecimento nos freios. O problema demorou para ser solucionado, o que custou um péssimo desempenho na primeira etapa do ano. As coisas melhoraram um pouco e Norris até conseguiu um pódio em Ímola, mas a inconsistência do carro chamava a atenção: em três de nove corridas, o time não pontuou.
Assim como a maioria dos times, a McLaren apresentou um pacote de atualizações em Barcelona. As principais melhorias foram novas asas dianteira e traseira, novos sidepods, novo assoalho e evoluções na parte de refrigeração. Ainda assim, não foi suficiente para se aproximar da Mercedes como 3ª melhor equipe do ano. Para piorar, viu Alpine crescer e encostar na tabela de pontos.
Longe de pensar em voos maiores ainda em 2022, a McLaren definiu: o MCL36 não terá mais nenhum grande pacote de atualizações, como explicou o chefe da equipe Andreas Seidl ao portal The Race: “O principal foco no momento ainda é tentar liberar mais performance nesse pacote que nós temos. E depois precisaremos ver quais pequenos ajustes no carro chegarão no decorrer da temporada.”
O motivo é simples: custo. O teto orçamentário e a inflação (falamos sobre o tema aqui), somados à limitação de tempo de uso do túnel de vento, achataram a margem de manobra das equipes: “Você tem que ser muito cuidadoso com o uso do túnel de vento”, explicou Seidl.
O chefe acredita o MCL36 resolveu um dos problemas da equipe no ano passado: “Com esse carro, já demos um bom passo adiante em relação a uma de nossas fraquezas do ano passado, que era em curvas de baixa velocidade. Definitivamente, acho que esse carro é mais adequado para todos os tipos de pista."
Mas ele reconhece que o MCL36 tem seus problemas, e é nisso que a equipe pretende focar com os recursos que tem em mãos: “Tivemos um começo difícil pelos motivos errados e tivemos fins de semana fortes em Melbourne e Imola, depois mais desafios, e fomos fortes de novo em Mônaco, em termos de performance. É essa área que temos que melhorar: sermos mais consistentes.”
Expectativas mais altas para 2024
A luta da McLaren para manter o 4º lugar em 2022 deve ser dura até o final da temporada. Para uma equipe que brigou com a Ferrari no ano passado, não deixa de ser frustrante assistir à rival na luta pelo título enquanto se vê em situação até mais difícil que em 2021.
Mas o pensamento da McLaren é de médio prazo. Mesmo que antecipe o planejamento de 2023, dificilmente será possível almejar voos muito mais altos que os atuais. O foco da equipe laranja está em 2024.
Isso porque a equipe contará com um novo túnel de vento e um novo simulador de ponta em sua sede a partir de 2023, e os novos recursos deverão ser utilizados no desenvolvimento do carro de 2024. Atualmente, a McLaren está com uma boa defasagem técnica em relação às três maiores equipes, e espera encurtar – ou mesmo anular – essa distância com os novos equipamentos.
Para efeito de comparação, a Ferrari também passou por uma reestruturação recente nesse aspecto, e o projeto de 2022 foi tocado já se valendo das novas ferramentas. E essa pode ser uma das explicações do porquê de a equipe italiana ter conseguido subir seu nível para esse ano em comparação à McLaren.