Mandinga Beat em entrevista sobre inédito single 'Kafofo': "A necessidade do povo amar é enorme"

Single tem clima de verão, beats envolventes e mensagem poderosa

10 out 2025 - 14h14
(atualizado em 13/10/2025 às 11h30)
Mandinga Beat em entrevista sobre inédito single 'Kafofo': "A necessidade do povo amar é enorme"
Mandinga Beat em entrevista sobre inédito single 'Kafofo': "A necessidade do povo amar é enorme"
Foto: The Music Journal

Imagine uma música que mistura sensualidade, ancestralidade e um clima de aconchego perfeito para colocar na playlist do crush — essa é Kafofo, o novo single do Mandinga Beat. Com uma sonoridade que vai do afrohouse ao ijexá, passando pelo samba-rock e beats modernos, o trio — formado por Victória, André e Joss — quer fazer o Brasil dançar, amar e se reconectar com suas raízes africanas.

E mais: querem que todo mundo se sinta num lugar seguro, onde o amor preto e a liberdade afetiva sejam celebrados com leveza, profundidade e swing.

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No papo com o TMJ Brazil, parceiro do Terra, o grupo fala sobre o processo criativo do disco Mandinga Beat Novo, que mistura Brasil, África e diásporas em uma verdadeira viagem musical. Eles também comentam sobre o visual estiloso do clipe, a parceria internacional com o produtor zimbabuense Melo-T e como equilibram temas sérios com um toque de humor e afeto. Se você curte som com identidade e alma, esse bate-papo é o seu kafofo de hoje.

"Kafofo" já chega como um convite para amar. Vocês pensaram a faixa também como um single estratégico para apresentar a identidade da banda ao público mais amplo?

Mandinga Beat: "Queremos que o povo ame. A necessidade do povo amar é tanta que vimos que a música de alcance mais amplo era justamente essa. É sempre um processo difícil escolher a tal da música foco pra divulgar. Escolhemos "Kafofo" pela mensagem universal que é também um aconchego. Quem não tem alguém que te faz sentir num kafofo bom né? E também a harmonia e melodia trazem o afrohouse para um ambiente bem brasileiros, acho que consegue transmitir quem somos".

O álbum "Mandinga Beat Novo" promete ser uma viagem sonora entre Brasil, África e diásporas. Como foi o processo de reunir tantas referências culturais em um mesmo trabalho?

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Mandinga Beat: "Nós carregamos a mistura no corpo. Como cantamos em "Mãe me Diz", cada um de nós traz múltiplas identidades e com as participações especiais aumentamos nossa rede de conexão com as pessoas. Mandinga Beat Novo é música para dançar, expandir a consciência e lembrar que, quando o ritmo conduz, as fronteiras desaparecem. Nossa mensagem é de respeito à diversidade e união dos povos periféricos do mundo. Nossa música nasce em todo suspiro de vida e esperança que os povos originários, africanos e da diáspora exalam. E nosso som busca ecoar nos corações e corpos dançantes que buscam se libertar".

Victória, você brinca dizendo que a música nasceu para entrar numa playlist "Baby Makers". Como equilibrar leveza, humor e profundidade na composição?

Mandinga Beat: "Amar é a brincadeira séria que todo mundo joga, mesmo sem querer. E como seres, somos um misto de tudo isso. Há muita profundidade no humor e na leveza"

André, seu histórico no reggae sempre foi marcado pela espiritualidade. O que o afrohouse e o ijexá abriram de novos caminhos para você como músico?

Mandinga Beat: "O afrohouse é um gênero que tenho tido contato mais recentemente, muito através das produções e vivências com Joss Dee e na formação do Mandinga Beat. É ótimo porque tem uma atmosfera dub progressiva que dá muita liberdade rítmica e melódica além de ser uma música não linear e sim circular, em ciclos, como costumam ser os grooves ancestrais. O Ijexá já é um ritmo que tenho comigo na minha formação, oriundo da zona norte do Rio de Janeiro, ogan alagbe no candomblé e um dos ritmos que me acompanha desde meu primeiro trabalho solo. Fazer essa fusão com influências do samba rock a la Jorge Ben foi bom demais!"

Joss, a parceria com Melo-T trouxe uma conexão direta com o continente africano. Como essa troca internacional ressoou na produção final da música?

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Mandinga Beat: "Com certeza a parte mais marcante foi a colaboração na música "Chimurenga", que é uma homenagem ao Zimbabwe e a esse gênero musical que dá nome à canção. Melo-T toca gêneros mais modernos como afrohouse e afrofusion, e foi muito potente poder trabalhar esse ritmo da década de 1970 - a chimurenga - em uma sonoridade mais atual, fora toda a atmosfera espiritual e profunda que essa música ganhou".

"Tão íntimo quanto a música, o visualizer dela é como um novo "date" - Mandinga Beat

A estética visual de vocês mistura cultura pop e ancestralidade. Como pensaram o visualizer de "Kafofo" para transmitir essa mensagem?

Mandinga Beat: "Tão íntimo quanto a música, o visualizer dela é como um novo "date", onde um universo de possibilidades se abre a partir daquela nova vivência e relação. As filmagens assumidamente em estúdio e com o fundo violeta psicodélico, o lugar da sensualidade de se amar e se abrir ao amor, a Victória arrasando como musa pop… buscamos combinar nossas referências vintage em uma estética atual, como o amor, esse sentimento tão antigo mas também tão ressignificado e transformado em nossos dias".

O Brasil é um país de playlists, onde o público costuma consumir música de forma fragmentada. Como vocês esperam que o álbum inteiro seja recebido nesse cenário?

Mandinga Beat: "Nós temos um disco diverso que dialoga com a estética que está em alta hoje. Como toda nossa estética e sonoridade, criamos um álbum que conta uma estória, que conecta passado e futuro. Para quem vem da época dos discos, lançar um álbum que sustenta uma narrativa tem um sabor diferente. Ao mesmo tempo, cada música é também um universo sonora em si, cujos estilos que estão em fusão tem seus seguidores e ouvintes. Esperamos que nossa música alcance o maior número de ouvidos e almas possíveis, e que toda nossa diversidade sonora conecte histórias, pessoas e lugares. É música de festa, verão, aconchego, viagem ou tudo isso e muito mais!"

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The Music Journal Brazil
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