Tropas ocidentais na Ucrânia serão "alvo legítimo", diz Putin, que propõe cúpula com Kiev em Moscou

Durante um fórum econômico em Vladivostok, o presidente russo, Vladimir Putin, declarou nesta sexta-feira (5) estar disposto a participar de uma cúpula com a Ucrânia em Moscou e afirmou que garantirá a segurança dos representantes ucranianos. Ele alertou que qualquer tropa ocidental enviada a Kiev será considerada "alvo legítimo" pelas forças russas.

5 set 2025 - 05h51
(atualizado às 09h15)
Soldados ucranianos disparam um morteiro contra posições das tropas russas perto de Kostyantynivka, na região de Donetsk, em 26 de agosto de 2025.
Soldados ucranianos disparam um morteiro contra posições das tropas russas perto de Kostyantynivka, na região de Donetsk, em 26 de agosto de 2025.
Foto: AP - Iryna Rybakova / RFI

Durante um fórum econômico em Vladivostok, o presidente russo, Vladimir Putin, declarou nesta sexta-feira, 5, estar disposto a participar de uma cúpula com a Ucrânia em Moscou e afirmou que garantirá a segurança dos representantes ucranianos. Ele alertou que qualquer tropa ocidental enviada a Kiev será considerada "alvo legítimo" pelas forças russas. 

"Se tropas forem enviadas para lá, especialmente agora, durante operações militares, partimos do princípio de que serão alvos legítimos de destruição", disse o presidente. "E se forem tomadas decisões que levem à paz, a uma paz duradoura, então simplesmente não vejo sentido na presença delas no território da Ucrânia", acrescentou.  

Publicidade

De acordo com Putin, ainda há "muito trabalho" a ser feito antes de possíveis negociações entre Moscou e Kiev. O líder russo também afirmou que a Rússia está aberta à cooperação com os Estados Unidos no Alasca, mas que uma decisão política de Washington é necessária para a retomada das relações econômicas entre os dois países. 

"As garantias de segurança da Ucrânia podem ser fornecidas por contingentes militares estrangeiros, especialmente da Europa e da América? Evidentemente que não", também declarou o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, à agência oficial RIA nesta sexta-feira. 

Reunião da Coalizão de Voluntários 

Nesta quinta-feira, 4, durante uma reunião em Paris, 26 países se comprometeram a oferecer apoio militar à Ucrânia em caso de cessar-fogo com a Rússia.

De acordo com o presidente francês, Emmanuel Macron, a ajuda prevê a criação de uma força internacional por terra, mar e ar, que seria implementada após um cessar-fogo, um armistício ou um tratado de paz. O objetivo, diz Macron, não é iniciar uma guerra contra a Rússia, mas dissuadir o país de voltar a atacar a Ucrânia.

Publicidade

O presidente francês garantiu que Alemanha, Itália e Polônia estão entre os principais apoiadores da iniciativa. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, reiterou após a reunião que Roma não enviará tropas à Ucrânia. A Alemanha pretende contribuir com o reforço da defesa antiaérea ucraniana e com o fornecimento de equipamentos às forças terrestres, segundo fontes do governo. 

Apoio dos Estados Unidos 

Os Estados Unidos, no entanto, ainda não formalizaram sua contribuição, considerada essencial por diversos aliados. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou ter conversado por telefone com o presidente norte-americano, Donald Trump, sobre novas sanções contra Moscou e a proteção do espaço aéreo ucraniano contra ataques russos. 

Trump declarou na quinta-feira que pretende conversar em breve com Putin, após ter falado com Zelensky e outros líderes europeus. O porta-voz do Kremlin confirmou que esse diálogo pode ocorrer rapidamente. "Isso pode ser organizado rapidamente em caso de necessidade", afirmou Peskov à agência RIA Novosti. 

Putin e Trump se encontraram no Alasca, nos Estados Unidos, em 15 de agosto, durante uma cúpula que encerrou o isolamento do presidente russo desde a invasão da Ucrânia, mas não resultou em um cessar-fogo nos combates. 

Publicidade

Suspensão de financiamento para a Rússia

Os Estados Unidos planejam encerrar a assistência militar a países europeus próximos à Rússia, segundo informações da imprensa americana divulgadas na quinta-feira (4).  

A medida ocorre em meio à pressão do governo Trump para que a Europa assuma maior responsabilidade por sua própria defesa. De acordo com o jornal Washington Post, a decisão afetará centenas de milhões de dólares em ajuda destinada ao fortalecimento das defesas contra a Rússia. 

Segundo o Financial Times, diplomatas europeus foram informados na semana passada sobre a suspensão do financiamento de programas de treinamento e equipamento de exércitos do Leste Europeu ao longo da fronteira com a Rússia. 

Trump há muito tempo se mostra cético em relação aos gastos dos Estados Unidos com defesa na Europa e à ajuda à Ucrânia, pressionando aliados próximos de Washington a desempenhar papel mais relevante em ambos os aspectos. 

Publicidade

Com agências

A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se