As rações de alimentos serão reduzidas para as comunidades que enfrentam a fome no Sudão a partir do próximo mês devido à grave escassez de financiamento, disse o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA) na sexta-feira.
Uma guerra que eclodiu em 2023 entre o Exército do Sudão e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF) causou o que a ONU descreveu como a pior crise humanitária do mundo.
As comunidades da região de Darfur estão enfrentando fome e desnutrição após um cerco de 18 meses das RSF em torno da cidade de Al-Fashir.
"Teremos que reduzir a partir de janeiro para 70% as rações para as comunidades que estão enfrentando fome e 50% para aquelas que estão em risco de fome", disse Ross Smith, diretor de preparação e resposta a emergências do PMA, a repórteres em Genebra, falando por vídeo de Roma.
"A partir de abril, cairemos em um precipício no que diz respeito ao financiamento", acrescentou.
A ONU estima que mais de 100.000 pessoas tenham fugido de al-Fashir desde sua captura pela RSF no final de outubro, com cerca de 15.000 chegando a Tawila, uma pequena cidade próxima sob o controle de forças neutras.
A ONU diz que 650.000 pessoas estão abrigadas lá no total, sendo que centenas de milhares de refugiados fugiram para lá do campo de Zam Zam em abril, durante os combates anteriores.
Embora o PMA possa fornecer alimentos às pessoas em Tawila, ele precisa de US$700 milhões para manter sua assistência nos próximos seis meses em todo o Sudão.
O PMA também levantou a preocupação de que a resposta humanitária não foi capaz de acompanhar o ritmo das necessidades no local em Tawila devido a desafios logísticos, como aprovações mediante negociação para a movimentação entre áreas, bem como desafios de financiamento.
"Essas são famílias que suportaram a fome por muitos meses seguidos e atrocidades em massa, e agora estão vivendo em condições de superlotação com apoio muito limitado", disse Smith, apontando para muito poucos serviços de saúde disponíveis e pessoas vivendo em abrigos precários feitos de palha.
Tanto o Exército quanto a RSF foram acusados por grupos de direitos humanos de crimes de guerra, acusações que eles negam.