Atentados contra mesquitas no Iraque matam dez pessoas

19 abr 2013 - 08h55
(atualizado às 14h31)
Iraquianos limpam mesquita próxima a Badgá, onde sete pessoas morreram após explosão de quatro morteiros
Iraquianos limpam mesquita próxima a Badgá, onde sete pessoas morreram após explosão de quatro morteiros
Foto: AFP

Dez pessoas foram mortas e 27 ficaram feridas no Iraque em dois ataques contra mesquitas nesta sexta-feira, véspera das eleições provinciais, segundo fontes médicas e da segurança.

As semanas que antecederam as eleições, as primeiras desde a saída das tropas americanas do Iraque no final de 2011, foram marcadas por um aumento da violência em todo o país. Quatorze candidatos às eleições foram assassinados desde o início do ano. E quinta-feira à noite um ataque a um café no oeste de Bagdá matou 27 pessoas.

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Os ataques desta sexta-feira ocorreram após as orações de sexta, quando os fiéis deixavam a mesquita.

Em Khalis, na província instável de Diyala, ao norte de Bagdá, quatro morteiros mataram sete pessoas e feriram outras doze. De acordo com um policial e um médico, o alvo dos disparos era uma mesquita sunita.

Mais ao norte, em Kirkuk, uma cidade disputada pelo governo iraquiano e pela região autônoma do Curdistão, uma bomba matou uma pessoa e feriu 15. A bomba tinha como alvo uma mesquita xiita. O prédio também abriga os escritórios do movimento do jovem clérigo xiita Moqtada Sadr, informou Sheikh Raad al-Charkhi, líder do movimento em Kirkuk.

Todas as janelas das lojas e de casas vizinhas foram destruídas, informou um jornalista da AFP que visitou o local dos ataques desta sexta-feira. Os moradores não escondem sua indignação contra as forças de segurança.

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"Vivemos em meio à explosões. Embora elas (forças de segurança) não sejam a causa dos ataques, contribuem, porque são preguiçosas e não mantêm o controle. Tudo isso é culpa das autoridades", reclamou um homem que não quis se identificar.

Estes novos ataques ainda não foram reivindicados, mas os insurgentes sunitas, incluindo membros da al-Qaeda no Iraque, continuam a realizar ataques diários na tentativa de desestabilizar o governo de Nouri al-Maliki.

Em resposta ao ataque de quinta-feira à noite, o exército e a polícia reforçaram seus postos de controle em toda a capital iraquiana. O bairro de Amriya, local do atentado, está sujeito a um toque de recolher até novo aviso.

De modo geral, e para garantir a segurança durante as eleições de sábado, Saad Maan, porta-voz do ministério do Interior, declarou à AFP que em todo o país, "as forças dos ministérios do Interior e da Defesa estarão envolvidas" no esquema de segurança.

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Oficiais da comissão eleitoral iraquiana preparam urnas para eleições, marcadas para sábado
Foto: Reuters

Sábado, 13,8 milhões de eleitores iraquianos são chamados a renovar as assembleias provinciais de 12 das 18 províncias. Estas eleições devem medir a popularidade do primeiro-ministro xiita Nouri al-Maliki, amplamente criticado dentro do governo de coalizão e pelos sunitas no país, bem como a capacidade das forças de segurança para garantir o seu bom funcionamento.

O Iraque, embora muito menos violento do que durante o conflito religioso entre 2006 e 2007, continua a sofrer diariamente com ataques realizados principalmente por insurgentes sunitas, incluindo pela al-Qaeda.

Além disso, as eleições sofrem com a falta de credibilidade, de acordo com diplomatas e analistas. Apenas dois terços das províncias iraquianas votam. As três províncias da região autônoma do Curdistão têm seu próprio calendário eleitoral e em Kirkuk (norte) a disputa entre governo e Curdistão impede de haver votação.

Dada a instabilidade, o governo ainda decidiu adiar a eleição em Nínive (norte) e em Anbar (oeste), duas províncias predominantemente sunitas, onde protestos anti-governo se sucedem desde o final de dezembro. Manifestantes sunitas exigem a renúncia de Nuri al-Maliki e o fim da "marginalização" que eles consideram ser vítimas.

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No plano político, o chefe de Governo enfrenta uma crise prolongada. Seus parceiros na coalizão de governo o acusam de monopolizar o poder e o Parlamento não aprova uma legislação de importância desde as eleições parlamentares de março de 2010.

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