Maldivas: o paraíso onde o divórcio é parte da vida cotidiana

Descubra por que as Maldivas lideram a maior taxa de divórcio do mundo e entenda fatores culturais e curiosidades surpreendentes sobre o país

10 nov 2025 - 12h33

Localizado no Oceano Índico, o arquipélago das Maldivas desperta tanto fascínio por suas paisagens paradisíacas, quanto curiosidade por ser o país com o maior índice de divórcio do mundo. Esse fenômeno, registrado por organizações internacionais, suscita questionamentos sobre os fatores sociais, culturais e históricos que colaboram para essa estatística incomum.

Caracterizadas por sua população majoritariamente muçulmana e uma tradição insular, as Maldivas reúnem costumes próprios que moldam a dinâmica dos casamentos locais. A taxa de dissolução matrimonial chama atenção justamente por ocorrer em um ambiente aparentemente conservador, pouco associado a separações frequentes. Diversos aspectos contribuem para o cenário, indo além das interpretações superficiais ou estigmatizações culturais.

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O que leva as Maldivas a liderar o ranking de divórcios?

A presença de uma legislação permissiva em relação ao divórcio colabora diretamente para os números elevados. O processo, nas Maldivas, é relativamente simples para ambas as partes envolvidas. Não há exigência de justificativas complexas, audiências longas ou custas judiciais altas. Na prática, homens e mulheres podem solicitar a separação sem complicações, seguindo procedimentos rápidos, o que agiliza consensos e reduz obstáculos legais.

Outro elemento relevante é a influência de tradições culturais sobre os casamentos. Muitas uniões são realizadas em idade precoce, com jovens se casando logo após a adolescência. Nessas circunstâncias, o amadurecimento emocional e as expectativas mudam ao longo do tempo, aumentando os índices de instabilidade. Além disso, a ideia de tentar novamente, com outros relacionamentos, não é tabu entre os maldivos, o que contribui para múltiplos casamentos ao longo da vida.

Casamentos precoces, leis flexíveis e tradições locais tornam o divórcio um processo simples e socialmente aceito no arquipélago do Oceano Índico – depositphotos.com / shisuka
Casamentos precoces, leis flexíveis e tradições locais tornam o divórcio um processo simples e socialmente aceito no arquipélago do Oceano Índico – depositphotos.com / shisuka
Foto: Giro 10

Como funcionam as relações conjugais nas Maldivas?

No cotidiano maldivo, o casamento cumpre um papel central, especialmente para garantir status social e segurança. Entretanto, a fragilidade das relações institucionais e os desafios econômicos frequentes impactam diretamente nos laços familiares. O divórcio, por sua vez, é visto muitas vezes como uma etapa natural do ciclo de vida, desencorajando tabus e preconceitos.

  • Rápida formalização de divórcios: O consentimento mútuo e a metodologia administrativa desburocratizam o processo.
  • Casamentos precoces: O costume de uniões em idade jovem reflete-se em buscas posteriores por maior compatibilidade emocional.
  • Múltiplas uniões ao longo da vida: Casar-se mais de uma vez raramente é malvisto, sendo encarado como parte da trajetória individual.

Os registros de divórcio são facilitados pela própria lei islâmica local, a sharia, que prevê dissolução de matrimônios sem muita rigidez procedimental. A mulher, embora tenha menos autonomia que o homem neste quesito, também possui instrumentos legais para encerrar a união, especialmente em casos de conflitos ou insatisfação mútua.

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Quais são as consequências sociais da alta taxa de divórcio nas Maldivas?

A vida familiar nas Maldivas transita por adaptações diante deste fenômeno. Filhos de casais divorciados, por exemplo, costumam ser acolhidos pela rede extensa de parentes. As mulheres divorciadas raramente enfrentam estigmatização severa, diferentemente de outros contextos culturais. A reconfiguração familiar contínua gera novos arranjos sociais, demandando políticas públicas sensíveis às múltiplas formações domésticas e ao papel crescente da mulher na sociedade.

Pelo olhar das políticas sociais, alguns desafios surgem, como garantir proteção a crianças em contextos de instabilidade familiar e oferecer apoio econômico a mães solteiras. Por outro lado, o desenvolvimento de estratégias de convivência adaptativas contribui para que o divórcio não se transforme em um problema estrutural profundo.

  • Ausência de estigma forte sobre o divórcio, permitindo mais liberdade para recomeçar.
  • Maior flexibilidade nas estruturas familiares, adaptando-se a mudanças.
  • Busca por equilíbrio emocional em novas relações, refletindo valores culturais próprios.
Nas Maldivas, dissolver uma união não é sinônimo de fracasso, mas de recomeço – depositphotos.com / serezniy
Foto: Giro 10

O elevado número de divórcios nas Maldivas resulta, portanto, de uma interseção complexa entre legislação, cultura e costumes sociais. A sociedade maldiva, com sua história única e características insulares, desenvolveu uma abordagem diferenciada frente ao casamento e à separação, revelando a importância de compreender cada realidade a partir de seus próprios referenciais.

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