Inundações no Sudeste Asiático deixam quase dois mil mortos e risco de fome ameaça regiões isoladas

Devastadoras inundações e deslizamentos já causaram mais de 900 mortes na ilha de Sumatra, na Indonésia, segundo a Agência Nacional de Gestão de Desastres neste sábado (6). Há temor de que a fome agrave o balanço. Tempestades tropicais e chuvas atingiram o Sudeste Asiático na última semana, provocando enchentes súbitas e novos deslizamentos. O total de vítimas chega a cerca de 1.790 em Indonésia, Sri Lanka, Malásia, Tailândia e Vietnã. Em Sumatra, 908 morreram e 410 seguem desaparecidas.

6 dez 2025 - 08h00

O governador da província de Aceh, na Indonésia, Muzakir Manaf, alertou que o número pode aumentar devido à escassez de alimentos em áreas isoladas. "Muitas pessoas precisam de produtos de primeira necessidade. As pessoas não estão morrendo apenas pelas inundações, mas pela fome", declarou. Ele descreveu Aceh como "completamente destruída, do norte ao sul, das estradas ao mar".

Casas danificadas por enchentes são vistas na vila de Kuala Simpang, em Aceh Tamiang, Sumatra do Norte, em 2 de dezembro de 2025. Autoridades na Indonésia e no Sri Lanka lutaram em 3 de dezembro para alcançar sobreviventes das enchentes mortais em regiões remotas e isoladas.
Casas danificadas por enchentes são vistas na vila de Kuala Simpang, em Aceh Tamiang, Sumatra do Norte, em 2 de dezembro de 2025. Autoridades na Indonésia e no Sri Lanka lutaram em 3 de dezembro para alcançar sobreviventes das enchentes mortais em regiões remotas e isoladas.
Foto: AFP - IWAN GUNADI BATUBARA / RFI

A agência meteorológica da Indonésia prevê novas chuvas neste sábado em Aceh e no norte de Sumatra, onde casas foram soterradas por água e lama.

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"Traição" e frustração

Fachrul Rozi, sobrevivente em Aceh, contou que passou a última semana abrigado em um antigo armazém com dezenas de pessoas que fugiram da enchente. "Comíamos o que encontrávamos, dividindo as poucas provisões que cada um tinha levado. Dormíamos amontoados uns sobre os outros", relatou.

Já Munawar Liza Zainal, também morador de Aceh, disse sentir-se "traído" pelo governo indonésio, que até agora não declarou estado de desastre nacional, apesar da pressão. "É uma catástrofe extraordinária que precisa ser enfrentada com medidas extraordinárias", afirmou, ecoando a frustração de muitos sobreviventes.

Segundo especialistas, o governo em Jacarta pode estar relutante em decretar estado de desastre nacional para evitar solicitar ajuda internacional, o que seria visto como incapacidade de lidar sozinho com a crise.

Situação no Sri Lanka

No Sri Lanka, que pediu ajuda internacional nesta semana, o governo confirmou 607 mortos e 214 desaparecidos, considerados presumivelmente mortos. O presidente Anura Kumara Dissanayake classificou o episódio como "a pior catástrofe natural já enfrentada pelo país". Mais de dois milhões de pessoas — cerca de 10% da população — foram afetadas.

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O Ministério das Finanças anunciou que os sobreviventes receberão até 10 milhões de rúpias (cerca de US$ 33 mil) para comprar terrenos em áreas seguras e construir novas casas. Além disso, será pago um milhão de rúpias (aproximadamente 3.300 dólares) em indenização às famílias de cada vítima fatal ou pessoa que tenha ficado com deficiência.

O Centro de Gestão de Desastres informou que mais de 71 mil casas foram danificadas e que novas chuvas são esperadas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) declarou estar analisando o pedido do Sri Lanka para liberar US$ 200 milhões adicionais, além dos US$ 347 milhões já previstos para este mês.

Com AFP

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