Homem humilhado nas redes sociais morre em transmissão ao vivo

Caso ocorreu na França durante vídeo com quase 300 horas no ar

21 ago 2025 - 14h32
(atualizado às 15h57)

Um francês de 46 anos, que ganhou fama virtual por vídeos de abusos e humilhações, morreu na última segunda-feira (18) durante uma transmissão ao vivo que durou 298 horas, em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Raphael Graven em vídeo no canal do Youtube BestOfJeanPormanov
Raphael Graven em vídeo no canal do Youtube BestOfJeanPormanov
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

O caso está sendo investigado pelo Ministério Público de Nice para verificar se Raphaël Graven, mais conhecido como "Jean Pormanove", optou por se submeter a esses abusos ou se foi coagido.

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Graven, um ex-militar com aparência física frágil, acumulava mais de 1 milhão de seguidores nas redes sociais, recebendo atenção especial de usuários na plataforma australiana Kick, que permite a transmissão de vídeos ao vivo.

Nas imagens, ele costumava aparecer ao lado de outros três indivíduos: Owen Cenazandotti, de 26 anos, conhecido como "Naruto"; Safine Hamadi, ou "Safine", de 23; e um homem com deficiência conhecido como "Coudoux".

O jornal Le Monde lembra que nos vídeos, Pormanove (Graven) e Coudoux eram constantemente maltratados e espancados pelos outros dois, que lhes davam tapas na cabeça, agarravam-lhes pelo pescoço, cuspiam neles ou os atingiam com objetos.

A última transmissão, filmada em Contes, perto de Nice, é encerrada com Graven, aparentemente já em óbito, deitado ao lado de outros dois participantes no chão.

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O Ministério Público ordenou a autópsia do corpo, enquanto a polícia francesa apreendeu as câmeras e os equipamentos utilizados durante a transmissão ao vivo, que são de propriedade da LeLokal, empresa de Cenazandotti. Já a Kick anunciou que cooperará com a investigação.

Em um vídeo amplamente divulgado após a morte de Graven, Cenazandotti e Hamadi ordenaram que ele dissesse que, se morresse, seria "por causa de sua saúde debilitada", e não por culpa deles. Em outras imagens, que também viralizaram nos últimos dias, ele reclamou dos abusos sofridos e disse que precisava aceitá-los para ganhar dinheiro.

Em dezembro, a polícia de Nice já havia aberto uma investigação após uma reportagem do Mediapart destacar a existência de vídeos de abusos e maus-tratos contra pessoas vulneráveis, com milhares de visualizações, principalmente no Kick. Os supostos crimes incluíam incitação ao ódio e à violência contra indivíduos ou grupos de pessoas em razão de sua deficiência, além da disseminação de conteúdo relacionado a crimes contra pessoas.

No início de janeiro, como parte da apuração da promotoria, Cenazandotti e Hamadi foram presos e posteriormente liberados, enquanto Graven e "Coudoux" também foram interrogados. Na ocasião, o Ministério Público afirmou que todos os envolvidos negaram ter cometido qualquer crime. 

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