Galáxias em transformação: método liderado por brasileiros revela como buracos negros moldam o universo

Astrônomos brasileiros desvendam como galáxias evoluem e alternam ciclos de atividade em buracos negros supermassivos; entenda a descoberta

8 nov 2025 - 16h03

Em 2025, uma equipe composta por astrônomos brasileiros e internacionais inovou ao propor um método inédito para investigar os processos que orientam a evolução galáctica, especialmente no que tange à interação entre buracos negros supermassivos e seus ambientes. Partindo de dados da galáxia NGC 613, essa nova abordagem permitiu desvendar como os núcleos dessas estruturas alternam entre fases de intensa atividade e períodos de calmaria, um tema de interesse crescente na astrofísica observacional.

Utilizando tecnologia de ponta, como o espectrógrafo Muse no Very Large Telescope, instalado no deserto do Atacama, os cientistas conseguiram estudar a emissão de luz da NGC 613 com riqueza de detalhes. O objeto, considerado um exemplo de galáxia ativa por apresentar um buraco negro central que consome grandes quantidades de matéria, revelou estruturas e processos complexos que envolvem desde a formação estelar até sinais evidentes de atividade nuclear acentuada.

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Como os buracos negros influenciam a evolução das galáxias?

O papel dos buracos negros supermassivos na dinâmica das galáxias há tempos desafia especialistas. Nessas regiões centrais, a absorção de gás, poeira e até estrelas alimenta o núcleo, resultando em episódios de emissão energética expressiva. Esse fenômeno não apenas afeta o espaço ao redor, liberando jatos de partículas, como também pode desencadear ou inibir o nascimento de novas estrelas em áreas adjacentes ao núcleo galáctico.

Segundo os pesquisadores, identificar os mecanismos que ligam ou desligam a atividade desses buracos negros é fundamental para entender o ciclo de vida galáctico. O novo método fornece análises da "assinatura de luz" das galáxias, permitindo distinguir entre fluxos de gás, regiões de formação estelar e estados de atividade nuclear.

Entre os principais resultados, destacou-se como o fluxo de gás proveniente da barra central pode ter dois destinos: alimentar o buraco negro, intensificando sua atividade, ou servir de matéria-prima para a formação de estrelas, indicando um delicado equilíbrio nos processos internos dessas galáxias espirais barradas.

A pesquisa aponta que o fluxo de gás pode tanto alimentar o buraco negro quanto gerar novas estrelas, revelando o delicado equilíbrio que regula o ciclo de vida das galáxias – Wikimedia Commons/Event Horizon Telescope
A pesquisa aponta que o fluxo de gás pode tanto alimentar o buraco negro quanto gerar novas estrelas, revelando o delicado equilíbrio que regula o ciclo de vida das galáxias – Wikimedia Commons/Event Horizon Telescope
Foto: Giro 10

O que diferencia uma galáxia ativa de outras estruturas do universo?

Galáxias consideradas ativas são caracterizadas por apresentar um núcleo galáctico energizado, com emissão de radiação muito superior à média. Esse comportamento resulta justamente da presença de um buraco negro supermassivo em processo intenso de alimentação. A energia gerada durante esse processo se manifesta em diferentes comprimentos de onda, incluindo luz visível, infravermelho e raios-X, facilitando sua identificação pelos equipamentos modernos de observação astronômica.

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A alternância entre estados de calmaria e picos de atividade é um traço marcante dessas galáxias. Durante os momentos de atividade máxima, a ejeção de matéria e energia pode inibir a formação de novas estrelas ao aquecer e dispersar o gás presente nos arredores. Em contrapartida, nos períodos de baixa atividade, o gás pode se acumular novamente e facilitar novas gerações de estrelas. Esse ciclo é apontado pelos astrônomos como um fator essencial para o entendimento da evolução e do envelhecimento do universo.

  • Núcleo ativo: Emissão elevada de energia devido ao buraco negro.
  • Alternância de fases: Momentos de calmaria e de explosão energética.
  • Formação estelar: Interligada à presença e comportamento do buraco negro central.
Fundo de estrela de fantasia, ilustração do espaço profundo com buraco negro – depositphotos.com / cappa
Foto: Giro 10

Quais as perspectivas para os estudos sobre galáxias ativas?

O modelo desenvolvido pelos pesquisadores brasileiros e colaboradores estrangeiros representa um avanço importante, mas sua aplicação ainda se restringe a casos específicos como a NGC 613. No entanto, a expectativa é que essa abordagem possa ser expandida a dezenas de outras galáxias, possibilitando análises mais amplas sobre a diversidade de ciclos evolutivos cósmicos.

Ao fornecer ferramentas para "ler" os componentes internos das galáxias, essa nova metodologia desperta o interesse da comunidade científica, já que pode propiciar um panorama mais detalhado dos fatores que determinam o envelhecimento do universo. Compreender a dinâmica entre buracos negros supermassivos e a formação estelar nas diferentes regiões espaciais amplia o conhecimento sobre os processos de destruição e criação cósmica.

  1. Obtenção de dados espectroscópicos de alta resolução.
  2. Análise da emissão de luz para separar fenômenos locais.
  3. Identificação de padrões cíclicos de atividade nuclear.
  4. Aplicação da metodologia em outras galáxias para validação dos resultados.

O futuro das pesquisas nessa área aponta para uma compreensão cada vez mais detalhada sobre o papel dos buracos negros na regulação do ambiente galáctico, trazendo novas respostas para antigas perguntas sobre a origem e o destino das estruturas do universo.

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