Snowden pode depor no caso de espionagem à Merkel, diz advogado

1 nov 2013 - 09h58
(atualizado às 13h21)
Imagem divulgada pelo Partido Verde mostra Snowden com o parlamentar alemão Hans-Christian Stroebele
Imagem divulgada pelo Partido Verde mostra Snowden com o parlamentar alemão Hans-Christian Stroebele
Foto: AFP

O ex-consultor da NSA americano Edward Snowden poderá depor ante promotores alemães no caso do grampo no celular da chanceler alemã Angela Merkel sem sair da Rússia, declarou nesta sexta-feira seu advogado, Anatoli Kucherena, confirmando a informação adiantada pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung na quinta-feira.

"Dentro dos acordos internacionais, Snowden pode dar testemunho na Rússia, mas são as autoridades alemães que devem decidir", declarou o advogado à rádio Eco de Moscou. Snowden tem estatuto de refugiado na Rússia. "Snowden não irá à Alemanha. É impossível porque não tem direito para cruzar a fronteira. Se o fizer, pode perder seu estatuto de refugiado", acrescentou.

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Snowden se reuniu na quinta-feira em um local secreto com o deputado ecologista alemão Hans-Christian Stroebele, acompanhado por dois jornalistas. "O encontro foi bom", afirmou Kucherena, acrescentando que o deputado indagou se Snowden poderia ser testemunha no caso da suposta espionagem a Merkel. "Snowden está disposto a cooperar com todo o mundo, não há proibição. Ele próprio decide com quem se comunica, e quando", acrescentou Kucherena.

Imagem divulgada ontem mostra um homem que seria Snowden passeando em Moscou
Foto: Reuters TV / Reuters

"Snowden demonstrou que sabe muitas coisas. Está disposto, a princípio, a esclarecer estes casos", afirmou Stroebele ao principal canal de TV alemão, ARD. O deputado acrescentou que Snowden estaria, inclusive, disposto a ir a Alemanha para depor, mas que é preciso que as condições permitam isso. Stroebele também propôs que a audiência seja realizada na Rússia.

Carta de Snowden

A disponibilidade para cooperar foi oferecida por meio de uma carta (abaixo) enviada ao governo alemão, Bundestag (Parlamento aleimão) e Procuradoria Geral.  

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"Quando forem resolvidas as dificuldades sobre minha situação pessoal estarei em condições de cooperar na busca responsável dos fatos" e para esclarecer "a verdade e autenticidade dos documentos" publicados, disse o jovem no texto.

Snowden explicou na carta que "no curso de seus serviços" para a Agência de Segurança Nacional (NSA) e a CIA (agência de inteligência americana) presenciou "violações sistemáticas da lei" por parte do governo americano, o que gerou o "dever moral" de denunciá-las.

"Como resultado de denunciar estas preocupações enfrentei uma intensa e sustentada campanha de perseguição que me obrigou a me afastar da minha família e de meu lar", afirmou Snowden. Embora considere positivo o efeito de suas revelações, Snowden acusa o governo americano de tratar "a dissensão como traição" e de tentar "criminalizar o discurso político como delito".

"No entanto, dizer a verdade não é um crime", disse o ex -técnico da CIA na carta.

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