Romênia atribui incêndio em boate ao descumprimento de regras de segurança

31 out 2015 - 18h15

O presidente da Romênia, Klaus Iohannis, afirmou neste sábado que descumprimento das regras de segurança provocou o incêndio em uma boate de Bucareste que causou a morte de 27 pessoas e deixou 184 feridos.

"Foram ignoradas normas simples de segurança. É incrível, um local totalmente inadequado", apontou Iohannis, se mostrando consternado diante do trágico incidente, em declarações transmitidas pelas emissoras locais sobre a boate, de 425 metros quadrados e bem conhecida na capital romena.

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"É inimaginável que pudesse haver tantas pessoas reunidas para um show em um local similar. E que uma tragédia tenha ocorrido em um espaço tão curto de tempo porque as normas mais simples foram ignoradas", reiterou o presidente.

"Espero que as autoridades terminem rapidamente as investigações e tenhamos as conclusões para poder explicar aos pais, irmãos e filhos das vítimas por que isso ocorreu", completou Iohannis.

Segundo o secretário de Estado responsável pelas gestões de crise, Raed Arafat, não existem documentos que autorizem a atividade que estava sendo realizada na boate no incêndio.

O governo romeno declarou hoje três dias de luto oficial e determinou que o promotor do Estado que se responsabilize pelas investigações sobre o acidente.

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Segundo explicaram à Agência Efe duas testemunhas da tragédia, um pequeno artefato pirotécnico, normalmente usado para celebrações de aniversários nos bares na Romênia, soltou faíscas que atingiram uma coluna feita de esponja, incendiando-a.

Assustado com as chamas, o solista do grupo de rock romeno "Goodbye to Gravity" ficou incomodado e fez um breve comentário: "Isso não estava previsto no programa", disse.

Poucos segundos depois, o fogo passou para o teto da boate, causando pânico entre os 400 presentes no clube e provocando uma correria em direção à única saída aberta.

"Muita gente morreu por inalação (da fumaça) porque não conseguiu fugir para nenhum lado. Só havia uma porta aberta. A outra estava bloqueada", contou uma das testemunhas à Efe, que perdeu dois amigos na tragédia, entre eles o guitarrista do grupo.

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"Atrás de mim, observei como as pessoas estavam se pisoteando, subindo uma em cima das outras para conseguir sair", relatou outra mulher que compareceu ao show em sua conta no Facebook.

Apesar de ela ter sido uma das primeiras a escapar do pesadelo, seu marido e filho estão hospitalizados pela inalação da fumaça.

"Quando estava fora, ouvi uma explosão e senti uma rajada de ar quente nas costas. Meu cabelo começou a pegar fogo. O apaguei com as minhas mãos e me queimei. O ar estava quente, irrespirável, uma fumaça grossa e negra", explicou.

As versões das testemunhas sobre a reação das equipes de resgate diferem da versão oficial divulgada pelo governo romeno.

Enquanto Arafat disse hoje que apenas 11 minutos se passaram desde a primeira ligação até a chegada das primeiras equipes, a jovem criticou e afirmou que eles demoraram mais de 30 minutos.

Além disso, afirmou que não dispunham de equipamentos suficientes para atender os feridos, acusando as autoridades de serem permissivas ao passar por cima das irregularidades nas verificações dos estabelecimentos.

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Muitos dos feridos sofreram queimaduras nas extremidades e em seus rostos, enquanto outros ficaram intoxicados pela fumaça e tiveram contusões, explicaram os médicos que atenderam as vítimas.

O secretário de Estado acredita que o número de mortos aumentará porque há dez pessoas em estado crítico no hospital.

Diante da magnitude do acidente, o primeiro-ministro da Romênia, Victor Ponta, pediu que as boates do país sejam inspecionadas ao máximo pelos órgãos responsáveis.

  
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